A GAC chegou ao Brasil com uma oferta agressiva de preços e uma linha composta por cinco carros. Quatro deles são elétricos, mas o que chama mais atenção em perspectiva de mercado é híbrido: o GAC GS4. Oferecido por R$ 189.990, o SUV é o híbrido mais barato do mercado brasileiro. Assim, o chinês mira compradores do Toyota Corolla Cross, com tabela inicial de R$ 219.990.
O preço da versão Premium é chamativo, mas aumenta para R$ 199.990 na opção Elite. Ambas contam com a combinação do motor 2.0 aspirado de 140 cv e 18,3 kgfm com um elétrico de 182 cv e 30,6 kgfm. Sem ser uma soma exata, a potência combinada é de 235 cv.
Trata-se de um híbrido paralelo, esquema também adotado pelo Toyota Corolla Cross. Ou seja, não é recarregável na tomada. Os motores podem trabalhar em dupla e, de quebra, é possível rodar trechos apenas com a eletricidade. O consumo de gasolina é 14,1 km/l na cidade e 11,8 km/l. Não chega a chamar muita atenção nesse ponto, oferecendo apenas 590 km de autonomia na rodovia, embora sejam bons números combinados. Beber um pouco mais é algo comum entre os híbridos mais potentes. É uma troca que parece justificada.
O pacote de itens de série é volumoso nas duas configurações. O GAC GS4 Premim traz ar-condicionado automático de duas zonas com saídas traseiras, banco do motorista com ajustes elétricos, painel de instrumentos de sete polegadas, central multimídia de 10,1", câmera de ré, rodas de liga leve aro 18, seis airbags, alerta de colisão frontal, controle de cruzeiro adaptativo com Stop & Go (acompanha o tráfego após parar), assistente de mudança de faixa, frenagem autônoma de emergência que reconhece pedestres e alerta de permanência de faixa.
Por sua vez, o GS4 Elite adiciona espelhos retrovisores retráteis eletricamente, painel digital de 10,25", tampa do porta-malas com acionamento elétrico, sensor de qualidade do ar, regulagens elétricas do banco do carona, bancos e volante com revestimento premium, luzes ambientes de LEDs, rodas aro 19, teto solar panorâmico, seis alto-falantes, head-up display, carregador de celular por indução, alertas de abertura de porta, colisão traseira e tráfego cruzado, assistente de mudança de faixa e monitoramento de ponto cego. A garantia é de 5 anos (ou 150 mil km), sendo que a bateria de lítio tem oito anos de cobertura.
Os 2,75 metros de entre-eixos permitem levar quatro adultos de 1,80 metro sem forçar a intimidade ou invadir o espaço pessoal de cada um deles. O formato do banco traseiro não privilegia um ocupante central, porém, é possível levar mais alguém sem problemas. Segundo a GAC, o porta-malas comporta 638 litros, mais do que suficiente para a família inteira.
Em termos de estilo, o GS4 investe em linhas ousadas para se destacar na seara de SUVs híbridos. A dianteira apresenta recortes geométricos tridimensionais e faróis de LED de bloquinhos no formato da letra L deitada. As laterais ganham volume com seus vincos e, para completar, têm maçanetas embutidas. Por seu turno, a traseira exibe lanternas verticais angulosas e spoiler integrado. É chamativo e bem resolvido.
Como foi dirigir o GS4
Foi apenas uma voltinha de experimentação, quase que um canapé de entrada, mas foi um primeiro contato da imprensa com a linha de carros da marca chinesa. Ao entrar na cabine, chama atenção alguns toques presentes em outros carros chineses, exemplo da maçaneta da porta com acionamento para cima. Nada que atrapalhe.
A maior parte das funções pode ser acessada pela tela, porém, comandos práticos como os dos retrovisores são físicos e ficam à esquerda do volante - poderiam, contudo, serem posicionados na porta do motorista.
O console central é elevado e guarda espaço para saídas USB abaixo dele. Há um nicho para a recarga wireless que deveria ser um tico mais profundo. Quem passar por um drive-through terá porta-copos para todos. A pequena alavanca eletrônica do câmbio ajudou na hora de aproveitar todo o espaço.
O acabamento é muito bom para a classe, exibindo partes macias ao toque e revestimentos de qualidade. É um tipo de carinho que tem sido comum entre os automóveis chineses, algo que está se tornando exemplo até para os fabricantes ocidentais. Sim, o rabo está balançando o cachorro. Se antes eram malvistos, os carros do país se mostraram exemplares em uma Era em que parte das marcas ocidentais empobreceram seus materiais.
A posição de dirigir é elevada e logo encontra-se um ajuste confortável, no que auxilia a regulagem elétrica do banco - há também para o carona. As poltronas são ventiladas e têm apoios laterais razoavelmente pronunciados. A versão Elite tem quadro de instrumentos de 10,25 polegadas, nada daquela telinha difícil de visualizar que há em alguns modelos do país oriental. Não foi possível mexer muito na central multimídia de 10,1".
Em uma voltinha curta partindo de um atalho nos boxes, o SUV demonstrou bom fôlego na maior parte dos trechos, com retomadas fortes, no entanto, a GAC não divulga os números de desempenho do utilitário. Somente a subida da reta principal exigiu mais aceleração, algo natural até em automóveis mais potentes. Não há aquele jeito pacato de alguns híbridos paralelos, algo que é explicado também pelos 30,6 kgfm do propulsor elétrico, que entra em ação com maior presença do que a média dos carros da categoria.
A despeito da força, o eixo dianteiro não destraciona. O ajuste das suspensões McPherson e multilink mostrou-se adequado para as curvinhas do circuito paulista. Olha que o SUV pesa 1.673 kg. Os pneus 235/55 R19 também demonstraram ter boa aderência, algo importante em uma pista que ainda tinha um ou outro ponto molhado.
Claro que a inclinação da carroceria nas trajetórias é maior, afinal estamos falando de um SUV médio. A direção elétrica mostrou-se precisa e em nenhum momento o GS4 pediu para reduzir bruscamente a velocidade.
Embora os freios a disco ventilados à frente e sólidos atrás sejam regenerativos, a sensação do pedal é boa e suficiente para reduzir equilibradamente em pontos em que a frenagem é exigida, exemplos da Reta Oposta e da própria reta. Nada de receio de enfrentar o S do Senna.
No final, a impressão que ficou é que o GS4 tem mais do que o preço como fator de convencimento. Claro que resta testar o SUV nas ruas para termos uma ideia melhor dele no dia a dia.
Ficha técnica
GAC GS4 Elite
Preço sugerido: R$ 199.990
- Motor: 2.0, 4 cilindros, 16V, aspirado, gasolina
- Potência: 140 cv a 6.000 rpm
- Torque: 18,3 kgfm a 4.500 rpm
- Motor elétrico: 182 cv e 30,6 kgfm
- Potência total combinada: 235 cv
- Câmbio: Automático do tipo CVT
- Comprimento: 4,68 metros
- Largura: 1,90 m
- Altura: 1,66 m
- Entre-eixos: 2,75 m
- Porta-malas: 638 litros
- Tanque: 50 litros
Prós e contras
Prós
Custo-benefício
Embora os preços do GS4 possam ser promocionais, o fato é que poucos híbridos seriam capazes de entregar tanto por R$ 200 mil. O pacote de equipamentos é farto.
Contras
Consumo mediano
Por mais que sejam bons números, o consumo poderia ser um pouco menor. É a troca entre desempenho e números de economia na faixa dos 20 km/l na cidade.