É de conhecimento geral que Warhammer é uma franquia que se arrisca em diferentes gêneros. Já teve RTS, tiro em primeira pessoa e até hack and slash. Speed Freeks entra nessa linha como mais uma aposta fora da curva, colocando os Orks em veículos armados em corridas de arena com partidas exclusivamente online.
A proposta é barulhenta, caótica e até divertida em certos momentos, mas rapidamente esbarra em um problema comum nesse tipo de lançamento. Falta variedade e profundidade para sustentar o ritmo além das primeiras horas.
Corrida maluca com Orks
Por ser um título totalmente online, não há muito o que falar sobre a história. O essencial é saber que você controla diferentes tipos de Orks que competem em uma série de corridas. A variedade de modos disponíveis atualmente é bem pequena, o que é pouco para um jogo focado em multiplayer. No momento, há apenas dois modos principais.
Um deles é o Rali da Morte, jogado em equipes. O objetivo é coletar pontos que vão surgindo pelo mapa. Quando todos os pontos são capturados, uma linha de chegada aparece e é preciso alcançá-la para encerrar a partida.
O outro modo é o Komboio Mortífero, que é o grande destaque do jogo. Também em equipes, os jogadores devem escoltar um robô gigante até o ponto final. Durante a partida, bombas aparecem no mapa e precisam ser coletadas para atrasar o robô inimigo. A dinâmica lembra uma brincadeira de batata quente. Se você estiver com a bomba e for explodido, o inimigo assume o controle dela e tenta usá-la contra o seu robô. Esse modo funciona muito bem, pois exige trabalho em equipe. É essencial ter alguém te escoltando e oferecendo cobertura para garantir o avanço ou atrasar o adversário.
Como há apenas esses dois modos, o jogo se torna repetitivo rapidamente. A escassez de salas disponíveis piora esse problema. O que é uma pena, já que o jogo conta com uma boa variedade de mapas e o carisma dos Orks ajuda a segurar as corridas.
É possível customizar os veículos, que são nove no total. Dá para mudar pinturas, calotas, pneus e os troçoz, que são adesivos usados para decorar o carro. Para desbloquear novas opções, cada veículo possui uma aba própria de desafios, o que incentiva quem gosta de personalização a buscar um visual único. Também é possível customizar os Orks, mas isso precisa ser desbloqueado durante o progresso no jogo.
A jogabilidade é o ponto forte e segura o título por várias horas. Cada carro tem habilidades únicas, que funcionam tanto como ataque quanto suporte. É possível, por exemplo, controlar um foguete até acertar o alvo, curar aliados ou lançar uma cortina de fumaça para escapar. Todos os veículos têm sua personalidade, e fica sempre aquela vontade de testar cada um em diferentes partidas.
O jogo conta com legendas em português, e a localização é bem-humorada. Como o foco está nos Orks, as legendas simulam o jeito engraçado deles falarem. Um dos veículos, por exemplo, recebeu o nome de Bonde Explodeaí. Algumas descrições ainda usam os gritos clássicos como WAAAGH para completar frases.
Testei o jogo no Steam Deck e ele está bem otimizado. Dá até para usar o FSR para ajustar as configurações gráficas sem perder desempenho. Como de costume, deixei o jogo travado em 40 fps para poupar bateria, e ele rodou tranquilamente nesse limite, sem quedas de frame, mesmo durante explosões ou com muitos efeitos visuais na tela.
Considerações
Warhammer 40K: Speed Freeks tem personalidade e entende bem o universo que representa. O humor dos Orks, a boa adaptação para português e a variedade nos veículos ajudam a segurar o interesse por algumas horas. A jogabilidade também entrega bem, com habilidades diferentes para cada classe e mapas visualmente interessantes.
Dito isso, o jogo sofre com uma oferta limitada de conteúdo. A repetição chega cedo, a falta de modos pesa e a baixa disponibilidade de salas impacta diretamente na experiência. É um título que começa com energia, mas sem um plano de sustentação claro. Pode divertir no curto prazo, mas precisa de muito mais para se manter relevante.
Warhammer 40K: Speed Freeks está disponível para PC.
Esta análise foi feita no Steam Deck, com uma cópia gentilmente cedida pela Wired Productions.