Ao longo dos anos, Killing Floor construiu uma base fiel de jogadores que encontraram na franquia um espaço para combates cooperativos intensos e repletos de ação. Desde o primeiro título, a série manteve um ritmo acelerado, exigindo coordenação entre os participantes e domínio das armas disponíveis para sobreviver a desafios cada vez mais exigentes.
Com a chegada de Killing Floor 3, a Tripwire Interactive busca atualizar essa fórmula de sucesso, aproveitando avanços técnicos e novas ideias de design para oferecer um jogo mais polido e com maior profundidade. A expectativa é de que essa nova etapa não apenas agrade os veteranos, mas também apresente a experiência a um público mais amplo, reforçando o papel da franquia no cenário dos jogos cooperativos.
Retorno dos Zeds
A trama vista em Killing Floor 3 é sobre a última linha de defesa contra o exército de monstros e criaturas já conhecidos da franquia, os Zeds. Nossa equipe se chama Nightfall, uma unidade criada justamente para deter esses inimigos. Um detalhe importante na história é que, diferente dos títulos anteriores onde era difícil saber em qual período se passavam os eventos, agora está claro que tudo ocorre em 2091.
Com isso em mente, nosso objetivo no jogo é simples e direto: deter a qualquer custo os Zeds, que são criados pela corporação Horzine, os verdadeiros vilões do jogo além das próprias criaturas. No geral, a narrativa não é o foco aqui. Mal há diálogos entre os personagens durante as missões, e as cenas são restritas ao momento em que algum chefe aparece, sendo tão breves que dá para contar nos dedos o tempo de tela que têm.
Também não existe exatamente uma linha do tempo definida com ordem específica para cumprir as missões. Mesmo que estejam organizadas em sequência no menu, podemos ignorar essa ordem sem nenhum prejuízo. Apesar desses pontos fracos na narrativa, o título ainda é divertido justamente por não se levar a sério e pela liberdade de escolher qualquer fase que pareça mais interessante, com cada uma sendo extremamente caótica.
Killing Floor 3 conta com legendas em português não apenas nos menus, descrições de fases e diálogos, mas também em elementos presentes nos cenários. Na base, por exemplo, o computador principal exibe uma interface totalmente em português, um detalhe que mostra cuidado com a localização e que merece destaque.
Sangue para todo lado
Antes de iniciar uma operação, é preciso escolher os equipamentos, que vão desde armas e armaduras até itens especiais como bolsas de munição, muito úteis para quem joga em equipe. Já para quem joga sozinho, a bolsa de seringas é uma excelente opção. No entanto, não há total liberdade para escolher tudo o que quiser, pois existe um limite de orçamento para realizar essas compras. Foi divertido administrar o dinheiro para garantir bons equipamentos e evitar sufoco em certas missões. Além disso, durante as fases existem pontos de compra para aprimorar armas e equipamentos.
A variedade e a dificuldade das missões em Killing Floor 3 estão bem equilibradas no momento. Cada missão tem objetivos específicos, como coletar amostras ou chegar até um determinado ponto, mas, no geral, todas se resumem a sobreviver contra hordas numeradas de Zeds que se tornam mais perigosos com o passar das rodadas. Entre os inimigos mais desafiadores, as Sereias se destacam como verdadeiras pedras no sapato, especialmente quando surgem em meio a grandes grupos, destruindo rapidamente o colete que estava usando.
Apesar desses objetivos diferentes, na prática o jogo ainda gira em torno de sobreviver a levas e mais levas de inimigos até chegar à fase final e retornar para a fortaleza. Em poucas partidas já é possível ter uma boa noção do que o título oferece. Para quem joga com amigos, a experiência pode ser bastante divertida, mas quem pretende aproveitar apenas o modo solo pode acabar se decepcionando.
Se existe um ponto em que o jogo não decepciona, é na jogabilidade. O personagem é ágil, podendo deslizar e desviar em momentos críticos. As habilidades especiais também fazem diferença — usei bastante a que invoca um drone equipado com torreta, que dispara nos inimigos conforme a direção que eu olhava, e a que ativa câmera lenta, que salvou a situação diversas vezes. Outro grande acerto é a trilha sonora, que embala os tiroteios intensos com diferentes estilos de rock, variando conforme a fase e deixando esses momentos ainda mais memoráveis.
O arsenal também merece destaque. A variedade é extensa, com escopetas que causam dano de fogo, fuzis de assalto, pistolas, arcos e até katanas. Ver os Zeds explodindo e sendo desmembrados, pintando paredes e pisos de sangue, especialmente nas levas mais altas, é algo que impressiona. No entanto, encontrei alguns problemas, principalmente com as granadas. Mesmo aprimoradas para causar mais dano, houve momentos em que, mesmo jogando-as aos pés de um inimigo, não atingiam ninguém, nem ativando o marcador de acerto. Além disso, em confrontos contra chefes, como na luta contra o Empalador, o desempenho caiu visivelmente, especialmente quando ele soltava fumaça no mapa, o que atrapalhou bastante a batalha.
Considerações
Killing Floor 3 cumpre o papel de oferecer uma experiência intensa para quem busca ação cooperativa sem pausas. O arsenal variado, a diversidade de inimigos e a ambientação futurista reforçam a atmosfera, enquanto o sistema de progressão mantém os jogadores motivados a continuar evoluindo.
Embora a repetição das missões possa pesar em sessões mais longas, a sensação de superar ondas cada vez mais desafiadoras continua sendo o ponto alto. É um retorno que, mesmo sem reinventar a fórmula, preserva o que a franquia tem de mais divertido e entrega combates que recompensam o trabalho em equipe.
Killing Floor 3 está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no Xbox Series S, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela ID@Xbox.