'Como se o Pelé tivesse parado no auge para me treinar': Lucas Fink exalta Lucas Chumbo e Carlos Burle

Em conversa exclusiva com o Terra, surfistas falam das ondas gigantes e trocam elogios

29 jun 2025 - 04h59
(atualizado em 8/7/2025 às 19h38)
Resumo
Lucas Fink exaltou o legado de Carlos Burle, pioneiro do surfe de ondas gigantes no Brasil, destacando sua influência no esporte e valores como disciplina e superação.
'É como se o Pelé tivesse parado no auge para me treinar': Lucas Fink exalta legado de Carlos Burle
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Bicampeão mundial de ondas gigantes, Carlos Burle, de 57 anos, é pioneiro da modalidade no Brasil. O surfista iniciou a carreira em 1987 e desde então conseguiu feitos históricos no esporte, além de ter contribuído para a profissionalização e criação de novas práticas no universo dos big riders.

O brasileiro é responsável, por exemplo, pela implementação do tow-in --técnica em que o surfista é rebocado por um jetski até a onda. Por esses e outros marcos, Burle é uma inspiração para surfistas de outras gerações e já trabalhou com Pedro Scooby, Maya Gabeira e Lucas Chumbo. Agora, ele é o mentor de Lucas Fink, considerado o novo prodígio das ondas grandes.

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Carlos Burle durante onda gigante em Nazaré, Portugal, em 2020
Carlos Burle durante onda gigante em Nazaré, Portugal, em 2020
Foto: Andrés Sánchez/WSL

Presente em Saquarema para acompanhar a etapa do Vivo Rio Pro, Burle conversou de maneira exclusiva com a reportagem do Terra e falou sobre a importância de estar mentalmente saudável para a prática de um esporte com tantos riscos e um nível altíssimo de adrenalina. Experiente, ele também revelou como lidou com o medo ao longo de sua carreira. 

"A relação com o medo é super importante para a gente ficar atento aos desafios e aos riscos. Sempre tive essa percepção de abraçar o medo e trabalhar da melhor forma possível, como motivação e estímulo para que eu pudesse me preparar para as situações. Alguns surfistas falavam: 'Eu não tenho medo'. Então, eu pensava: 'Se você não tem medo, você não vai ficar vivo'. Sempre achei muito importante trabalhar as emoções para tirar o melhor proveito", contou. 

A novidade mais recente na vida profissional de Burle foi a estreia do podcast Bravamente, na última quarta-feira, 25. Com a nova atração, o surfista irá receber personagens para contar histórias de bastidores e revelações de quem vive o dia a dia do esporte de alto nível, abordando temas como disciplina, superação e conexão com o corpo e a mente. "A mente é o que controla o corpo. Qualquer ser humano precisa ter uma mente equilibrada, não só um atleta de ponta", diz. 

Com 12 episódios quinzenais e duração entre 15 e 40 minutos, o programa poderá ser assistido no YouTube e também no Spotify. "Vamos sempre ter histórias de pessoas bem-sucedidas, com uma postura digna, íntegra, e que tenham relação com saúde, esporte, surfe e qualidade de vida. São pessoas que vão deixar um legado". 

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Lucas Chumbo, Carlos Burle (no meio) e Lucas Fink em Nazaré (Portugal)
Foto: Reprodução/Instagram

Os valores ensinados por Burle são prestigiados fielmente por Lucas Fink. O carioca de 26 anos é tetracampeão mundial de skimboard --modalidade do surf que tem a particularidade de se iniciar na areia com a prancha na mão, tendo o surfista que correr em direção ao mar e deslizar sobre as ondas na sequência. 

O esporte reúne características do surfe, skate e snowboard. Entretanto, em 2022, Fink se apaixonou também pelas ondas gigantes de Nazaré, em Portugal, e foi o primeiro surfista a descer os paredões de água gelada com as pranchas de skim, que são sem quilhas e menores. "O risco é muito mais elevado. No surfe de ondas grandes o que está em jogo é a maior onda da sua vida ou o maior caldo. É muita responsabilidade", contou ele também em bate-papo exclusivo com a reportagem.

Fink destaca que o trabalho em equipe é muito bem executado para que haja uma alta taxa de acerto nas tomadas de decisão sobre quais ondas pegar e que até mesmo o sentimento de medo acaba sendo um aliado. "Se os seus sonhos não te dão medo é porque você não está sonhando grande demais. Então isso faz parte do processo porque mostra que você está puxando os seus limites, mas com a cabeça no lugar, de forma consciente. O medo acaba sendo o nosso parceiro no final das contas."

Lucas Fink surfa onda na Praia do Norte, em Nazaré, Portugal, em janeiro de 2025
Foto: Christina Pahnke - sampics/Corbis / Getty Images

Com muitos desafios pela frente, o carioca demonstra muita gratidão aos que trilharam o caminho nas ondas grandes ao longo da história. Fink faz questão de reconhecer a importância e o auxílio de nomes mais experientes em sua transição do skimboard para as big waves. Para isso, fez até uma analogia citando Pelé, o rei do futebol.

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"Cresci assistindo ao Burle, li o livro dele e depois me tornei parceiro de equipe. Ele mora no meu coração, hoje não só como ídolo, mas como amigo. E o Chumbo é a mesma coisa. Um irmão que eu tenho. Ele acreditou em mim quando muita gente duvidava. Ele simplesmente parou a carreira dele para se dedicar à minha formação como piloto e surfista de ondas gigantes. É como se o Neymar e o Pelé tivessem parado no auge para formar uma nova promessa. Carrego uma gratidão imensa", declarou. 

Fonte: Redação Terra
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