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Copa Tática: Sérvia, por Milinkovic-Savic, uma mudança arriscada

Afastamento de uma das estrelas foi o motivo da troca de comando na seleção, que tem ex-zagueiro como treinador. Equipe acumula problemas desde a Copa do Mundo de 2010

10 jun 2018 - 07h23

Após uma série de campanhas frustradas, a Sérvia finalmente volta a disputar uma grande competição. Desde a Copa de 2010, quando caiu na fase de grupos, o país acumulou problemas internos e esteve distante do nível condizente com o bom elenco que possui. A principal curiosidade é que, justamente após confirmar a classificação para a Rússia, veio a mudança de comando. Sai Slavoljub Muslin e entra Mladen Krstajic. O ex-zagueiro de Werder Bremen e Schalke não tinha qualquer experiência como treinador, mas fazia parte da comissão do experiente Muslin. Um dos motivos para a demissão foi o afastamento de Sergej Milinkovic-Savic, uma das principais estrelas do momento.

Sérvia, a última adversária do Brasil no Grupo E
Sérvia, a última adversária do Brasil no Grupo E
Foto: ANDREJ ISAKOVIC / AFP / Lance!

Apesar do ar de continuidade ao efetivar o ex-auxiliar, as mudanças são radicais. A começar pelo sistema de jogo. Com Muslin, a Sérvia jogou as eliminatórias em um 3-4-2-1. O esquema parecia acomodar peças importantes, como Ivanovic, Matic, Kolarov e Tadic. Logo na estreia, Krstajic mudou para uma linha de quatro na defesa, mas há muito o que resolver em relação ao meio.

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Como foram apenas quatro amistosos antes da lista para a Copa do Mundo, Krstajic variou muito a composição do meio. Chegou a testar quatro meias ofensivos em um 4-1-4-1 que tinha apenas Matic, mas é provável que utilize Milivojevic como outro volante, aumentando a proteção e dando maior equilíbrio. O curioso é que foram apenas dois testes com Milinkovic-Savic na equipe. Com isso, a base para a Copa do Mundo vira uma grande incógnita. Ljajic, Kostic e Zivkovic são alternativas importantes para completar o trio ou quarteto de meias com Tadic e Milinkovic-Savic.

Apesar de uma temporada extremamente decepcionante do Southampton, Dusan Tadic não deixou de assumir o protagonismo quando esteve com a seleção. Participou diretamente de 11 dos primeiros 12 gols nas eliminatórias, com 4 gols e 7 assistências. Já Milinkovic-Savic se consolidou como uma das estrelas do futebol italiano. Com muita imposição física e qualidade técnica, vira um meio-campista completo, capaz de ajudar defensivamente e chegar ao terço final para finalizar, cabecear ou dar o passe final. É, indiscutivelmente, o jogador de maior potencial do elenco sérvio. Atenção especial para a capacidade de ganhar duelos pelo alto e manter a posse da bola, virando um constante alvo para passes longos. Na Lazio, fez inúmeros jogos em que se destacou assim, garantindo a progressão do time ao ataque com sua facilidade para proteger e controlar qualquer chutão que venha da defesa.

Com Matic, a seleção conta com muita experiência na ocupação de espaços e distribuição na base da saída de bola. São pilares que reforçam a ideia de um time muito forte fisicamente, mas que também possui qualidade técnica. A maior dúvida talvez esteja no complemento dos meias. Adem Ljajic seria mais uma peça de criatividade, com drible e passe final, mas sem tanta velocidade de recomposição se for utilizado pelo lado.

A questão que isso levanta é a preocupação com a transição defensiva. Com Tadic e Ljajic, meias que saem dos lados e buscam o centro, a Sérvia pode ter problemas com o tempo que a dupla leva para retomar o posicionamento sem bola. Até por isso o 3-4-2-1 das eliminatórias acomodava muitas peças, pois dava o corredor para o vigor físico de Kolarov e Rukavina. Pensando mais nas necessidades coletivas do que na qualidade individual, Kostic pode ser a escolha. Menos talentoso, mas com mais fôlego e agressividade pelo lado, pode preencher a vaga de um dos meias abertos. O prejuízo de ter uma defesa mais exposta é a lembrança sobre a média de idade. Rukavina, Ivanovic, Tosic e Kolarov podem formar uma linha de quase 34 anos de média.

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Com meias centralizando, os laterais ganham papel importante no ataque. Kolarov faz isso com mais naturalidade. Já na direita, a surpresa foi a não convocação de Basta, que teria maior facilidade no apoio do que Rukavina. Outra ausência notável é a de Nastasic. O zagueiro do Schalke fez parte da pré-lista, mas não se recuperou de lesão e é um desfalque importante, especialmente pela inexperiência das outras opções de banco para a zaga. Milenkovic, Rodic, Spajic e Veljkovic não são exatamente novos de idade, mas somam menos de 15 partidas pela seleção principal. Entre eles, é Veljkovic quem apresenta potencial, tendo feito parte do título mundial sub-20 de 2015, assim como outros quatro jogadores do elenco (Milinkovic-Savic, Rajkovic, Zivkovic e Grujic).

Zivkovic é outro nome para prestar atenção. Estrela na seleção de base e promessa na principal, a temporada pelo Benfica marcou uma transformação na maneira de atuar. Era um atacante de lado de campo, mas se adaptou a uma faixa mais central, como um meio-campista que tem facilidade para driblar e visão para bons lançamentos. Caso Muslin opte por um 4-1-4-1, o meia pode atuar por dentro, ao lado de Milinkovic-Savic, combinando sua mobilidade com a explosão física do companheiro. Como foram poucos testes e o técnico ainda não teve muitas oportunidades de mostrar seu perfil, a tendência é que comece com uma escalação mais conservadora, com Milivojevic aumentando a proteção. Caso isso se confirme, Zivkovic passa a ser uma interessante arma para o segundo tempo.

Tudo deve variar de acordo com os adversários. O que não deve mudar é a presença de Mitrovic no ataque. O empréstimo ao Fulham fez muito bem ao jogador, que voltou a ser goleador, ainda que na segunda divisão inglesa. O atacante surgiu como estrela no título do Europeu Sub-19 de 2013, fez sucesso ainda jovem no Anderlecht, mas não conseguiu se afirmar no Newcastle. Os seis meses no Fulham devolveram a confiança e reforçaram suas características: tem muita força para receber passes de costas para a defesa, proteger como pivô e acionar os meias que vêm de trás. O obstáculo muitas vezes é o limite da busca pelo contato, já que os exageros renderam cartões e confusões que prejudicaram sua passagem pelo Newcastle. No banco, as opções são Prijovic, artilheiro do Campeonato Grego, e o jovem Luka Jovic, que cresceu na segunda metade da temporada pelo Eintracht Frankfurt.

A Sérvia tem bons jogadores e passa por um momento de mescla entre gerações. É a reta final da leva de bons defensores (Ivanovic e Kolarov são remanescentes de uma linha que chegou a ter Vidic e Subotic na Copa de 2010, por exemplo) e o começo para muitos jovens que se destacaram em torneios recentes de base, com os títulos do Europeu sub-19 de 2013 e do Mundial sub-20 de 2015. Há bastante potencial no grupo dos 23. A desconfiança é, mais uma vez, sobre o nível coletivo que a equipe pode alcançar, principalmente pela dúvida gerada pela troca no comando quando as coisas pareciam se ajustar.

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Jogos no Grupo E

17/6 - 9h - Costa Rica x Sérvia

22/6 - 15h - Sérvia x Suíça

27/6 - 15h - Sérvia x Brasil

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