Com superataque, Argentina tenta retomar equilíbrio da Copa

16 jun 2015 - 12h14
(atualizado às 12h22)

Messi, Agüero, Di María, Tevez, Higuaín, Pastore, Lavezzi... são tantos jogadores ofensivos de alto nível que atuam em grandes times do futebol europeu que é impossível escalar todos em um time só. Mas a tentação de juntar o maior número possível deles na equipe titular têm causado, nos últimos tempos, mais prejuízo que benefício à Argentina. E o técnico Tata Martino pode ter que tomar uma decisão drástica na sequência desta Copa América.

Para o jogo desta terça-feira, a partir das 20h30 (de Brasília), contra o Uruguai, o quarteto ofensivo da primeira partida será mantido: Pastore como homem mais avançado do meio-campo, com Messi à direita, Agüero centralizado e Di María à esquerda. O potencial de criação é inegável, e a equipe teve inúmeras oportunidades de gol na estreia contra o Paraguai. O problema, como se viu no segundo tempo, é atrás.

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Argentina teve 45 minutos de brilho contra o Paraguai, mas falhas defensivas ficaram evidentes depois
Argentina teve 45 minutos de brilho contra o Paraguai, mas falhas defensivas ficaram evidentes depois
Foto: Cris Bouroncle / AFP

Com esse sistema, quando a Argentina não consegue adiantar todo o seu time para jogar em bloco no campo do adversário, o resultado é um grande rombo defensivo. Os atacantes quase nunca voltam para recompor a marcação – por isso, se a defesa não joga adiantada, o adversário tem espaço de sobra no meio, sobrecarregando os volantes, que nesta terça serão Mascherano e Biglia.

Na Copa do Mundo do ano passado, a Argentina foi vice-campeã jogando não um futebol espetacular e cheio de atacantes, mas sim um sistema rígido, aplicado e que deixava apenas Messi e Higuaín soltos na frente. A lesão de Agüero no decorrer do Mundial fez o técnico Alejandro Sabella montar um 4-4-1-1, em que Di María e Enzo Pérez tinham firmes obrigações defensivas pelos lados do campo, e a equipe marcava a partir da intermediária defensiva.

Di María tinha firmes obrigações defensivas com Sabella... nem tanto com Martino
Foto: Patrik Stollarz / AFP

Esse não é o estilo de Tata Martino. O ex-técnico de Newell's e Barcelona gosta de 4-3-3, pressão na frente e movimentação fluida. Mas esse mesmo sistema já custou caro defensivamente em outras competições: a goleada por 4 a 0 diante da Alemanha na Copa do Mundo de 2010 e a pífia campanha na Copa América de 2011, com dois empates na primeira fase e eliminação nas quartas de final, foram com essa ideia de jogo. Os técnicos, porém, tinham bem menos gabarito: Sergio Batista e Diego Maradona.

É claro que isso não quer dizer que a Argentina de Martino está fadada ao fracasso – pelo contrário, é uma das favoritas a vencer a Copa América. Mas precisará manter o nível de concentração e empenho durante os 90 minutos, não apenas os primeiros 45, como foi diante do Paraguai. Para tudo funcionar, a defesa precisa se arriscar e jogar bem adiantada, compactando a equipe. E inevitavelmente o time ficará vulnerável a contra-ataques.

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Martino manterá sua ideia de jogo ou fará uma troca no decorrer da competição?
Foto: Marcos Brindicci / Reuters

Martino sabe disso: ele já afirmou que não mudará o estilo de jogo, e que a tendência da Argentina nas partidas "será sempre o risco". Para escalar o maior número possível de talentos ofensivos sem obrigá-los a marcar, há um preço a ser pago. E em nome de sua ideia de futebol e, por que não?, do espetáculo, o treinador da Argentina está disposto a ser protagonista de seus jogos.

Como ele mesmo disse antes do torneio: o que importará mais na Copa América será o rendimento do time, não o resultado final. Para uma seleção que não ganha um título há 22 anos, o único problema será alinhar esse pensamento com o de federação, torcida e imprensa no caso de um insucesso...

Fonte: Terra
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