Volume de exportações de aço do Brasil para EUA deve cair 20% em 2018 com sistema de quotas

2 mai 2018 - 17h45
(atualizado às 18h36)

As condições impostas pelos Estados Unidos para as exportações brasileiras de aço ao país devem fazer o volume vendido ao mercado norte-americano cair 20 por cento neste ano, segundo números divulgados nesta quarta-feira pela associação que representa as siderúrgicas do Brasil, IABr.

Barras de aço em galpão de armazenamento
30/03/2018
 REUTERS/Jose Luis Gonzalez
Barras de aço em galpão de armazenamento 30/03/2018 REUTERS/Jose Luis Gonzalez
Foto: Reuters

O setor decidiu aceitar a alternativa de "hard quota" apresentada pelos EUA para que suas exportações não sofram incidência de uma sobretaxa de 25 por cento.

Publicidade

O sistema, que segundo o IABr não é previsto no conjunto de regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), define um limite de volume de vendas de aço pelo Brasil aos EUA, com base em uma média de exportações de anos anteriores. Acima deste limite, não é possível mais exportar, nem pagando tarifa.

"Em linhas gerais estamos falando em (quota de aços) semiacabados de 3,5 milhões de toneladas e para acabados... 496 mil toneladas", disse o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, em teleconferência com jornalistas. Ele se referiu à projeção de exportações do Brasil para os EUA em 2018, considerando as quotas e o volume que já está bloqueado por medidas antidumping norte-americanas tomadas anos atrás. O setor afirma que em 2017 as exportações de aço para os EUA somaram cerca de 5 milhões de toneladas.

Mais cedo, os ministérios da Indústria e Comércio Exterior e Serviços e de Relações Exteriores denunciaram em nota conjunta que os EUA interromperam na quinta-feira as negociações sobre tarifas impostas pelo governo de Donald Trump e que "medidas restritivas não seriam necessárias e não se justificariam sob nenhuma ótica".

Lopes afirmou que o período de 2015 a 2017 foi definido pelos EUA para a balizar a criação das cotas e que os norte-americanos deverão criar um sistema de monitoramento para avaliar eventuais mudanças nos limites de exportação caso seja necessário.

Publicidade

A posição do setor siderúrgico brasileiro difere da tomada por produtores de alumínio do Brasil, que preferem ser sobretaxados em 10 por cento a terem de reduzir as exportações neste ano em cerca de 10 mil toneladas. Na avaliação do presidente-executivo da Abal, que representa as usinas de alumínio do Brasil, Milton Rego, os norte-americanos implementaram "uma negociação ao estilo Al Capone. Você consegue resultados melhores com um revólver apontado na cabeça".

Lopes, do IABr, que classificou as condições de negociação com os EUA como sendo de "pegar ou largar", disse que de modo geral, a opção de quotas para produtos semiacabados de aço "não é de todo ruim", uma vez que com base na média de exportações de 2015 a 2017 haverá redução de 7,4 por cento no volume de 2018 sobre o ano passado. Cerca de 80 por cento das 5 milhões de toneladas de aço vendidas aos EUA no ano passado foram de semiacabados. No caso de acabados, deve haver uma queda de 20 a 60 por cento no volume este ano dependendo do produto.

Segundo ele, quando os detalhes do sistema de quotas forem combinados, os volumes passarão a contar desde o começo de 2018. Lopes não comentou o tamanho das exportações para os EUA até agora no ano e afirmou que o setor deve iniciar nesta semana discussões sobre como ficará a distribuição das quotas de exportação entre os fabricantes do país.

Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se