A Nanica, especializada em torta banoffee, começou com uma pequena loja e cresceu para 47 unidades em três anos, faturando R$ 55 milhões em 2025, com expansão baseada em franquias e novos produtos no cardápio.
O que Tiago Abravanel tem a ver com a sua vontade repentina de comer uma banoffee após o almoço? Não é preciso nenhuma pesquisa para saber que a sobremesa até pouco tempo quase desconhecida passou a ser mencionada nas mesas e consumida por muitos brasileiros. E isso pode ter relação com uma fatia de banoffee que o ator, cantor e neto de Silvio Santos comeu há alguns anos.
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A cidade era Curitiba. Tiago estava no local para um evento e uma das pessoas que o recepcionaram foi Leonardo Macedo, que o presenteou com uma banoffee. Mesmo já tendo rodado por boa parte do Brasil e do mundo, Tiago confessou que não conhecia a torta de banana com doce de leite e massa de biscoito.
“Foi muito impactante a primeira vez que eu comi a torta. E eu falei: ‘Isso é uma das coisas mais gostosas que eu já comi na minha vida’. Eu nunca tinha ouvido falar, porque em São Paulo realmente não era conhecido”, relembra Tiago.
Passado mais ou menos um ano do episódio, em uma segunda ida à Curitiba, Abravanel não conseguia parar de pensar na tal banoffee. Precisava comê-la de novo e, para isso, foi direto à fonte. Ligou para Leonardo, que o atendeu emocionado. “Não é possível que você está me ligando para querer comer minha torta de novo”, disse.
Neste novo encontro, Tiago deu um conselho ao amigo: “Eu acho que você deveria arriscar e montar um negócio desse em São Paulo. Eu acho que você tinha que abrir um negócio para essa torta”. Meses depois, o ator foi convidado a conhecer a primeira unidade da Nanica --pequeníssima mesmo, de 5 metros quadrados, na Rua Augusta, na capital paulista.
O negócio nasceu fundado pelos amigos Leonardo Macedo e Tito Barcellos. Cerca de um ano e meio depois, a Nanica já tinha angariado um público fiel em São Paulo, com quatro cozinhas voltadas apenas para o delivery, além daquela primeira loja física. Foi então que os dois entenderam que era o momento de expandir e convidaram Tiago Abravanel para ser sócio.
A ideia era abrir mais duas lojas físicas, em Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista, e uma outra em Curitiba, berço dos fundadores. No meio dessa expansão, veio a pandemia. Mas, ao contrário do que esperavam, o isolamento foi um impulsionador das vendas.
“As pessoas estavam em casa e queriam um acalento no coração e começaram a pedir Nanica enlouquecidamente. O nosso negócio quadruplicou em pouquíssimo tempo”, afirma Abravanel.
Com a experiência da Tjama, marca de peças confortáveis que podem ser usadas como pijamas, antes da empretitada com a Nanica, o artista quer passar a mesma identificação que sente com os seus negócios para o público. “Acho que a minha alma de artista faz com que eu acredite que todos os meus negócios tenham que partir dessa paixão, desse envolvimento afetivo e emocional.”
Expansão da expansão
Depois que Abravanel entrou como sócio veio a segunda expansão: a Nanica se transformou em franquia. Para isso, o grupo buscou a parceria do grupo SMZTO, especializado em investir em franquias. Nesta nova fase, Thais Costa assumiu a posição de CEO da Nanica.
“Eu fui a primeira funcionária, digamos assim, da franqueadora. Vendemos todas as lojas próprias e a gente começou a olhar, de fato, para o Brasil. A olhar para essa particularidade de como que a gente vai crescer tendo outros representantes com um produto extremamente sensível, feito todos os dias”, conta Thais.
A solução encontrada foi investir em treinamentos para que as tortas pudessem ser produzidas diariamente nas próprias lojas franqueadas, com a mesma qualidade em cada uma delas. Não existe uma fábrica da Nanica, e os franqueados precisam assumir um compromisso de estarem envolvidos desde a produção à venda.
Ainda nesse movimento de expansão, veio a inserção de novos produtos ao cardápio, que faz com que a marca possa ser lida como uma cafeteria completa. Ainda assim, é a banoffee o centro de tudo. E, para manter um público tão ávido por uma sobremesa é preciso criatividade. Desde o ano passado, no Natal, a Nanica põe à venda o chamado Panetoffee, um panetone de banoffee.
“No ano passado, a gente lançou, e dia 20 de dezembro já tinha esgotado na rede inteira. Então, a gente ficou muito feliz com o sucesso, mas ao mesmo tempo frustrado, porque na semana do Natal, que é quando as pessoas estão mais comprando, já não tinha mais nada”, conta Thais.
De três anos e meio para cá, que foi quando adotou o modelo de franquias, a Nanica chegou a 47 lojas pelo Brasil e expectativa de faturamento de R$ 55 milhões este ano. Por loja, a marca fatura em média R$ 95 mil por mês e requer do franqueado um investimento inicial de R$ 250 mil a R$ 350 mil.
Mesmo com o crescimento notável dos últimos anos, a ideia para os próximos é crescer ainda mais. “Nosso objetivo nos próximos três anos é chegar a uns 100 pontos de venda”, afirma Thais, incluindo pontos apenas de delivery e lojas físicas. Expandir para fora do País também já está no radar.