Para liderar mercado de hidrogênio verde, Brasil tem de acelerar marco regulatório

Programa de desenvolvimento do combustível está em tramitação nas comissões da Câmara dos Deputados

25 mai 2024 - 03h10

Não que seja o único caminho. Mas o papel que o hidrogênio verde tem na transição energética global, e principalmente na brasileira, fica cada vez mais nítido a cada tragédia climática que ocorre no mundo. A questão é entender se o País vai realmente embarcar nesse voo para o futuro ou, mais uma vez, perder o bonde da história.

"Muitos consideram o hidrogênio verde uma commodity. Mas é muito mais do que isso. É uma molécula que resulta em um produto sofisticado. A dimensão dos processos envolvidos nesses processamentos equivale quase ao de uma refinaria. São projetos que precisam de muito investimento, mas também apresentam potencial para gerar emprego e renda", afirma a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado.

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Desafio é criar ambiente menos hostil para a produção brasileira
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  • Apenas o marco regulatório e políticas públicas como o Nova Indústria Brasil ou o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) não serão suficientes para fazer deslanchar os bilhões de dólares que estão engatilhados em projetos de produção de hidrogênio verde no Brasil, segundo especialistas que acompanham o setor. Muita articulação política para que as intenções dos principais programas se alinhem com as fontes de recursos necessárias e disponíveis é considerado um ponto-chave para não haver desperdício de oportunidades.

    O potencial do Brasil

    Segundo o fundador e presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis (ABHIC), Sérgio Augusto Costa, os números atrelados ao potencial que o Brasil tem dão vazão ao gigantismo do segmento. O País, conforme o executivo, pode vir a se tornar um dos maiores produtores de hidrogênio do mundo. E com totais condições de atender tanto os mercados interno quanto o externo. "Se falarmos de investimentos, por exemplo, o potencial brasileiro é de US$ 200 bilhões de investimentos nos próximos 20 anos, de acordo com projeção da consultoria McKinsey & Company", afirma Costa.

    Mas o executivo da ABHIC aponta um ponto nevrálgico, a questão do custo de produção, que ainda está bastante elevado. "Essa é uma questão relevante, não só no Brasil, mas no mundo todo." Se hoje o custo da produção do combustível está entre US$ 5 (R$ 25,75) e US$ 6 (R$ 30,9) por quilo, em termos competitivos ele precisaria cair para de US$ 1,5 (R$ 7,72) a US$ 2 (R$ 10,3), que é o custo de produção do chamado hidrogênio cinza, extraído do gás natural, a partir do metano.

    "Ou seja, ainda há muito a fazer para diminuir o custo de produção, bem como melhorar o desempenho dos eletrolisadores na produção de hidrogênio verde para cada dólar investido."

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    As classificações do hidrogênio por 'cor'

    • Cinza: forma produzida a partir da combustão incompleta de combustíveis fósseis. É uma mistura de gases que consiste em monóxido de carbono, dióxido de enxofre, hidrocarbonetos, partículas sólidas e outros contaminantes. É poluente e piora as mudanças climáticas
    • Azul: forma líquida, produzida a partir do gás natural e do óleo. Pode ter uso doméstico e industrial. Contribui para a poluição ambiental
    • Verde: fabricado por fontes renováveis, seja o sol, o vento ou a biomassa. Durante a produção, não há emissões diretas de gases de efeito estufa
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