BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda aumentou mais uma vez sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano, de 2,3% para 2,4%. A estimativa para 2026 foi mantida em 2,5%. A equipe econômica também aumentou a sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 para 5,0% - acima do teto da meta, de 4,5%
As informações constam da grade de parâmetros publicada pela Secretaria de Política Econômica (SPE) nesta segunda-feira, 19.
Apesar dos ajustes, as projeções da pasta estão sensivelmente acima das medianas do relatório Focus, que indicam alta de 2,02% para o PIB em 2025 e de 1,70% em 2026, conforme atualização feita hoje pelo Banco Central.
"A revisão está relacionada à maior expectativa de crescimento no primeiro trimestre e ao aumento esperado para a produção agropecuária no ano", disse a SPE sobre sua previsão para o PIB deste ano. "Após aceleração da atividade no primeiro trimestre na margem, o PIB tende a desacelerar, ficando próximo da estabilidade no segundo semestre", continuou.
A Fazenda espera crescimento de 1,6% para o PIB no primeiro trimestre, na margem, após previsão de 1,5% apresentada no boletim de março. "Os resultados observados estão um pouco melhores que o esperado para a indústria e serviços e levaram a um aumento marginal nessa projeção", justificou a SPE.
A aceleração para o ano deve ser puxada pelo PIB agropecuário, com crescimento de 6,3%. Mais cedo, o Banco Central divulgou que o IBC-BR, tido como uma "prévia" do PIB, subiu 0,8% de fevereiro para março na série com ajuste sazonal e 3,49% na sem ajuste. No primeiro trimestre do ano, cresceu 1,30% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e 3,68% ante o mesmo período de 2024.
A Pasta prevê aceleração também dos serviços (2,0%) e de 2,2% da indústria em 2025. "Para os anos seguintes, projeta-se crescimento próximo a 2,6%", adiantou a SPE.
Apesar da expectativa de crescimento na margem no primeiro trimestre, a SPE espera que o PIB arrefeça na comparação interanual - com crescimento de 3,1% para o PIB no primeiro trimestre de 2025, ante alta de 3,6% no trimestre anterior. Essa desaceleração repercute principalmente a menor alta projetada para o PIB de serviços (2,4% no primeiro trimestre de 2025, ante alta de 3,4% no trimestre anterior).
Já o agro deve crescer cerca de 11,0%, ante queda de 1,5% no quarto trimestre de 2024. No caso da indústria, a expansão projetada é de 2,7%, uma aceleração frente à alta de 2,5% no trimestre anterior.
Inflação
A projeção de inflação em 2025 passou para 5%. A previsão era de 4,9% no boletim anterior, de março, e de 4,8% no documento "2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025", publicado em fevereiro.
"A mudança refletiu pequenas surpresas nas variações para o índice em março, além de alterações marginais nas expectativas para os próximos meses", pontuou a SPE no boletim. Conforme a Secretaria, no cenário considerado, a redução na inflação passa a ser observada de maneira mais regular apenas "a partir de setembro". Para 2026, a projeção de IPCA se manteve relativamente constante, avançando de 3,5% para 3,6%, dentro do intervalo da meta de inflação. "De 2027 em diante, espera-se convergência da inflação ao centro da meta", considerou.
Para o INPC de 2025, a projeção da SPE subiu de 4,8% para 4,9%, enquanto a para o IGP-DI caiu de 5,8% para 5,6%. A Fazenda atualizou a projeção de IPCA de 2026 de 3,5% para 3,6%.
A SPE destacou que a inflação de alimentos passou de 7,1% em fevereiro para 7,9% em abril. Nesse período, conforme o boletim, merecem atenção a redução na deflação da batata e a maior inflação do café. Os maiores preços do tomate e de leite e derivados também contribuíram para a alta na inflação de alimentos de fevereiro até abril.
"Esses aumentos foram parcialmente compensados pela menor inflação de frutas, principalmente devido à queda nos preços do mamão, e pela deflação do arroz", mencionou.
Apesar do aumento na inflação de alimentos no acumulado em doze meses, alguns produtos típicos do prato do brasileiro registram deflação desde o início do ano até abril, conforme compilou a Secretaria. Destaque para a queda nos preços do arroz, feijão e óleo de soja, repercutindo a safra recorde de grãos; e do azeite, relacionada à retirada temporária de tarifas de importação. "No acumulado de janeiro a abril, os preços de carnes bovinas e suínas também registraram quedas, embora de menor magnitude", mencionou.
A SPE atualizou as projeções para o INPC de 2025 para 4,9%, ante 4,8% no último boletim macrofiscal. A previsão para 2026 passou de 3,4% para 3,5%. A projeção para o IGP-DI caiu de 5,8% para 5,6% este ano, e atingiu 4,9% em 2026, ante 4,4% no documento anterior.
Tarifaço de Trump
O boletim avaliou que o acirramento das tensões comerciais e o aumento da incerteza global podem impactar o ritmo de crescimento no Brasil. Para a equipe técnica da Fazenda, o aumento das tarifas comerciais pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tendem a afetar os fluxos de comércio internacional, reduzindo a demanda por commodities e postergando decisões de investimento e consumo.
"Esse cenário pode impactar negativamente a expansão da atividade no mundo e no Brasil", ponderou.
Em contrapartida, a SPE considera que novas oportunidades de negócios podem emergir com a mudança na dinâmica das correntes de comércio mundial. "O Brasil pode se beneficiar com a substituição de importações americanas em países mais afetados pelas tarifas, onde também poderão ser adotadas medidas de retaliação."