Split payment: você sabe o que é e quando ele vai valer pra sua empresa?

Sua empresa terá caixa para o split payment ou ficará refém de empréstimos e juros?

19 jun 2025 - 06h26
Resumo
O split payment, previsto para 2027 como parte da reforma tributária, exigirá preparo estratégico e tecnológico das empresas devido ao impacto direto no fluxo de caixa, reduzindo capital de giro e aumentando a dependência de crédito.
Lucas Ribeiro
Lucas Ribeiro
Foto: Agência Senado

O instrumento do split payment (pagamento fracionado) previsto para 2027, para combater sonegação e garantir arrecadação mais eficiente, é um dos pilares da reforma tributária, regulamentada neste ano. Esse mecanismo vai impactar diretamente o fluxo de caixa das empresas, o que exige, desde já, preparação para lidar com a nova realidade.

De forma simplificada, o split payment é um sistema em que os tributos são segregados no momento do pagamento, indo diretamente para os cofres públicos sem passar pela conta da empresa. Significa o fim de atrasos no recolhimento e da complexidade das guias de impostos. 

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"É um sonho para o governo e um pesadelo logístico para quem gerencia o fluxo de caixa", afirma o tributarista Lucas Ribeiro, fundador e CEO da ROIT, empresa líder em soluções para a Reforma Tributária.

Na avaliação de Ribeiro, o split payment coloca o Fisco "na posição de coproprietário do caixa das empresas". Ele compara a mudança representada pelo novo instrumento com a provocada quando do surgimento do Sped (Sistema Público de Escrituração Digital). "É uma mudança tão drástica quanto aquela. A diferença é que agora o impacto é direto e diário."

Os impactos no fluxo de caixa

De acordo com Ribeiro, as empresas que já enfrentam desafios para equilibrar entradas e saídas o split payment pode acender um sinal de alerta. A segregação automática dos impostos reduz o valor líquido que fica disponível na conta da empresa. E isso não é apenas uma mudança técnica - é uma mudança estratégica.

"Imagine que, antes, o imposto ficava 'estacionado' no caixa por algumas semanas até o vencimento da guia. Agora, ele será deduzido instantaneamente. Resultado? Menos capital de giro e maior dependência de crédito", detalha Ribeiro.

Uma pergunta crucial: como sobreviver?

Empresas que já trabalham com margens apertadas precisam repensar estratégias agora, recomenda o tributarista. Renegociação de prazos com fornecedores, aumento da eficiência operacional e otimização de custos serão indispensáveis para enfrentar essa nova realidade. Além disso, o uso de tecnologias avançadas para gestão financeira e tributária se tornará obrigatório.

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"Se a empresa não dominar os dados da sua operação, o 'split payment' pode se transformar em um fardo insustentável. Ferramentas de Invoice-To-Pay e simuladores de fluxo de caixa integrados com o split são soluções que ajudarão as empresas a enxergar o futuro antes que ele vire problema", orienta Lucas Ribeiro.

Se o split payment é inevitável, a preparação será o grande divisor de águas. As empresas que dominarem os números, ajustarem seus processos e investirem em tecnologia avançada sairão na frente, ressalta o CEO da ROIT. "Na guerra de gestão que está por vir, quem tiver os dados nas mãos ditará as regras do jogo. O split payment não é o fim, mas o começo de uma nova era na gestão empresarial."

Ribeiro acrescenta: "Então, a pergunta final permanece: sua empresa terá caixa para o split payment ou ficará refém de empréstimos e juros? A hora de agir é agora. Quem espera pela tempestade não se prepara para navegar."

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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