4,8 mil CNPJs em falência: alavancagem pode ser o motivo

Mesmo com a Selic alta, é possível acessar crédito estruturado sem comprometer a saúde financeira

17 ago 2025 - 05h59
Resumo
No Brasil, 4,8 mil empresas declararam falência no primeiro semestre de 2025, com a má gestão de alavancagem financeira sendo apontada como principal causa, apesar da disponibilidade de alternativas de crédito estruturado no mercado.
Volnei Eyng
Volnei Eyng
Foto: Divulgação

Mesmo com crédito disponível no mercado, muitas empresas brasileiras continuam enfrentando dificuldades severas para manter liquidez e competitividade. O problema não está na ausência de capital, mas na forma como ele é contratado, com prazos curtos, taxas elevadas e pouca aderência à estratégia de longo prazo do negócio. 

“Não é a falta de crédito que leva empresas à falência, mas o excesso de alavancagem mal-feita. Quando uma empresa se endivida, com custo alto e no momento errado, ela compromete a própria sobrevivência”, afirma Volnei Eyng, economista e CEO da Multiplike. 

Publicidade

Somente no primeiro semestre de 2025, o número de empresas em processos de falência ou recuperação judicial chegou a 4.881, número que cresceu 6,9% desde dezembro de 2024. Já o número de negócios inadimplentes chega a 7,2 milhões, que representa aproximadamente 31% das empresas ativas no país. Para Eyng, o que falta ao mercado é informação e visão de futuro. 

“O crédito estruturado permite alongar prazos, ajustar custos e construir uma alavancagem estratégica. Mas muitas companhias ainda desconhecem essas alternativas e insistem em recorrer apenas ao sistema bancário tradicional, que hoje está mais caro e restritivo”, afirmou.

Com a Selic em 15% ao ano, o custo do crédito bancário permanece elevado, dificultando o acesso a linhas de financiamento convencionais. Nesse contexto, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) surgem como uma alternativa mais inteligente, com taxas mais competitivas e estrutura adaptada ao ciclo operacional de cada empresa. A Multiplike, por exemplo, atua com recursos próprios e modelos multicedente/multissacado, que permitem maior flexibilidade nas garantias e agilidade na liberação dos recursos. 

“Parar de tomar crédito neste momento pode ser um erro. Mas tomar o crédito errado é ainda mais grave. O caminho está em estruturar operações de longo prazo, que protejam o caixa e garantam capacidade de crescimento. Mesmo com a Selic alta, é possível acessar crédito estruturado com taxas mais competitivas e prazos adequados à realidade das empresas, sem comprometer a saúde financeira”, reforça o executivo.

Para 2025, a Multiplike projeta originar R$ 17,5 bilhões em crédito estruturado, atendendo empresas de médio e grande porte nos setores de indústria, agro e construção civil. A operação é lastreada por recebíveis e desenhada para dar previsibilidade financeira às empresas, sem as amarras típicas do sistema bancário. 

Publicidade

“Em momentos de instabilidade, quem para de investir perde espaço. Nosso papel é garantir que o crédito seja uma ponte para o próximo ciclo de crescimento, e não um peso que arraste as empresas para trás”, conclui Eyng.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

Homework
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações