Haddad diz que 'dólar está perdendo força ante o real' e vai ajudar a reduzir preço de alimentos

Ele destacou que a eleição de Donald Trump, nos EUA, provocou a valorização da moeda no mundo inteiro; também disse que governo está tomando providências para reduzir o custo de vida da população

7 fev 2025 - 09h37
(atualizado às 11h08)
Haddad se reuniu com o presidente Lula nesta terça-feira, 4
Haddad se reuniu com o presidente Lula nesta terça-feira, 4
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar nesta sexta-feira, 7, que o dólar está perdendo força ante o real e que isso vai ajudar a reduzir o preço dos alimentos no médio prazo. Em entrevista à rádio Cidade, de Caruaru (PE), o ministro foi questionado sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ontem pediu que a população não comprasse itens que estão caros. Em resposta, Haddad repetiu que Lula retomou a política de valorização do salário mínimo e aprovou a reforma tributária que irá isentar a cesta básica.

"Agora, no final do ano passado, tivemos uma ocorrência, que foi a eleição do Trump nos Estados Unidos. E isso fez com que o dólar se valorizasse no mundo inteiro. As moedas perderam valor. Agora, se você acompanhar o que está acontecendo, o dólar está perdendo força", disse Haddad, relembrando também o Plano Safra e a expectativa de colheita recorde neste ano.

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"Vamos colher como nunca colhemos alimentos e também grãos e tudo mais. Tem o ciclo do boi também no final. Isso tudo vai ajudar a normalizar essa situação", afirmou Haddad, voltando a relembrar e criticar a gestão Bolsonaro.

"E todos os preços hoje - mesmo tendo sido elevados no último período em função desses fatores, seca, inundação no Rio Grande do Sul, dólar, eleição do Trump e tudo mais - ainda estão abaixo do que o presidente Lula herdou do governo Bolsonaro", disse o ministro. "Então, vamos continuar tomando as medidas de aumentar o salário mínimo, corrigir a tabela do Imposto de Renda, melhorar o poder de compra do salário, baixar o dólar e melhorar a safra para combater os preços altos", disse Haddad, acrescentando que ele e o PT reconhecem que há "muito" o que recuperar no Brasil.

Haddad disse que o governo Lula está tomando providências para reduzir o custo de vida da população. Ao ser questionado sobre o preço dos alimentos e o valor do salário mínimo, Haddad comparou as ações da gestão atual com a dos ex-presidentes Jair Bolsonaro e Michel Temer, quando, segundo o ministro, o "salário mínimo ficou congelado durante sete anos".

Durante o governo dos ex-presidentes Temer e Bolsonaro, o salário mínimo aumentou, mas o crescimento não superou a inflação - ou seja, não houve crescimento real.

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Haddad também mencionou durante a entrevista concedida hoje a promessa de Lula de ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

"Desde que Lula assumiu, em apenas dois anos, o salário que estava em R$ 1.100 foi a R$ 1.508. Obviamente que não consegue corrigir sete anos de má administração em dois, mas o Lula já começou a política de valorização do salário mínimo, sob protesto do pessoal da direita. O pessoal que ataca o presidente Lula não queria o reajuste acima da inflação, mas Lula bancou essa proposta, e corrigiu a tabela do Imposto de Renda, há sete anos congelada", disse Haddad.

Tributação dos mais ricos

Ele afirmou que o governo vem corrigindo uma série de distorções nas contas públicas, inclusive tributando mais as camadas mais ricas da população. Haddad afirmou que os ricos foram muito favorecidos com isenção de impostos e esse quadro está sendo alterado.

"Havia muito benefício fiscal para empresário rico. Os ricos foram muito favorecidos com isenção de impostos e a gente está corrigindo isso, porque um fundo em paraíso fiscal não pagava imposto no Brasil e o governo anterior não teve a coragem de cobrar imposto de quem tinha fundo em paraíso fiscal. O presidente Lula corrigiu isso", disse Haddad.

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"Ao mesmo tempo que aumentava a faixa de isenção do Imposto de Renda, ele cobrava para compensar de quem não pagava, milionários, bilionários que não pagavam e que estavam com dinheiro inclusive fora do Brasil." Apesar de as propostas terem sido anunciadas, elas ainda não foram apresentadas.

Déficit público

O ministro ainda disse que, ao longo de 2024, o governo corrigiu as distorções do déficit público. "O déficit acumulado nos dois governos anteriores foi de quase R$ 2 trilhões. A dívida pública subiu muito, desde que o presidente Lula deixou a presidência da República. Estamos hoje corrigindo essa questão do déficit público", disse o ministro.

Em 2024, o governo cumpriu a meta de resultado primário. Apesar de mirar um resultado neutro, o déficit de 0,09% do PIB no ano passado (que exclui os gastos extraordinários com o Rio Grande do Sul) está dentro do intervalo de tolerância da meta, que é de 0,25 ponto porcentual para mais ou para menos. Já a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 76,1% em dezembro.

Cesta básica

O ministro também citou a reforma tributária ao lembrar da isenção da cesta básica que passará a valer no novo sistema. "A partir de 2027 os governadores não poderão mais cobrar ICMS da cesta básica, governadores sobretudo no Sudeste cobram imposto sobre a cesta básica, e aprovamos reforma inclusive para acabar com ICMS da carne", respondeu o ministro, para quem o reajuste do salário acima da inflação, a correção da tabela do imposto de renda e a reforma tributária irão melhorar a vida da população, "sobretudo no Nordeste".

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O chefe da equipe econômica ainda destacou números positivos dos últimos dois anos, como a geração de três milhões de postos de trabalho. "O que acabo de dizer é que o presidente Lula não só isentou a cesta básica como vai impedir cobrança de impostos pelos Estados. A primeira providência de Lula foi zerar os impostos da cesta básica", disse Haddad, se referindo à reforma que ainda não está em vigor e começa a ter seus primeiros efeitos em 2027.

Combustível

Haddad repetiu suas críticas ao governo Bolsonaro ao ser questionado sobre o preço dos combustíveis, dessa vez citando a privatização de refinarias feita durante a gestão passada. "Quando você privatiza uma refinaria, ela vai gerar lucro para quem comprou [...] Você lembra que os postos de gasolina da BR eram da Petrobras, hoje não são mais da Petrobras, o Bolsonaro vendeu. Então, a gente tem de ter clareza de que você não conserta um país destruído em dois anos", afirmou Haddad.

O ministro também argumentou que os preços do diesel e da gasolina acabaram influenciados pela alta do dólar, atribuída por Haddad à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. "E você sabe que a gente importa gasolina e diesel, então isso tem reflexo no preço. Agora, de novo, compara com o preço de dois anos atrás, o preço hoje da gasolina e do diesel no posto está mais baixo do que de dois anos atrás", respondeu.

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