O INSS descobriu uma nova fraude relacionada ao ressarcimento de descontos indevidos, chamada "fraude da fraude", envolvendo documentos falsos, assinaturas forjadas e áudios manipulados; as investigações seguem para punir os responsáveis e evitar novos golpes.
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, revelou em entrevista à rádio CBN que algumas entidades envolveram-se em novas tentativas de fraude relacionadas ao ressarcimento dos descontos indevidos aplicados a beneficiários do instituto, fenômeno que ele denominou de “fraude da fraude”.
Após a descoberta do esquema inicial, que identificou descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas — envolvendo cerca de 4,1 milhões de pessoas e prejuízo estimado em até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024 —, algumas dessas entidades tentaram burlar o acordo de ressarcimento exigido pelo INSS apresentando documentos falsificados para justificar os descontos realizados.
Segundo Waller Júnior, pelo menos seis dessas entidades adquiriram softwares específicos para a falsificação de assinaturas, criando padrões quase idênticos, com abreviaturas do nome do meio e assinaturas muito retas, sem as margens naturais que indicam autenticidade. Além disso, para tentarem comprovar autorizações em processos de contestação, foram apresentadas gravações de voz manipuladas, embora o INSS nunca tenha autorizado o uso dessas gravações como método válido para justificar descontos.
As entidades envolvidas anexaram ao aplicativo Meu INSS documentos fraudulentos, incluindo assinaturas forjadas e áudios editados, numa segunda camada de fraude que dificulta a comprovação da veracidade dos pedidos de ressarcimento ou contestação dos descontos.
A Controladoria-Geral da União (CGU) vem investigando minuciosamente essas entidades, qualificando essa situação como “fraude da fraude” ou “fraude dentro da fraude”, pois ocorreu após a descoberta do esquema inicial e tentou reintroduzir irregularidades para manter ou justificar a cobrança indevida. O INSS, em conjunto com a CGU, a Dataprev e outros órgãos de controle, realiza auditorias para identificar e coibir essas novas tentativas fraudulentas, além de reforçar medidas de segurança, como reconhecimento facial e cruzamento de dados, para evitar uma repetição desses golpes.
O presidente do INSS ressaltou que o ressarcimento aos beneficiários lesados será feito automaticamente via benefícios, por depósitos diretamente nas contas dos aposentados e pensionistas, eliminando a possibilidade de saques ou transferências que possam ser alvo de golpes.
Essa situação critica ganhou ainda maior visibilidade após o governo iniciar a devolução dos valores a partir de julho de 2025, com o primeiro lote beneficiando cerca de 400 mil pessoas, e a previsão de envolver milhões de beneficiários. Waller Junior também alertou os beneficiários a não assinarem documentos ou compartilharem informações pessoais que possam ser usadas para novas fraudes, reforçando a necessidade de se buscar apenas os canais oficiais do INSS, como o telefone 135 e o aplicativo Meu INSS, para contestar descontos ou obter informações sobre ressarcimento.
A “fraude da fraude” denunciada pelo presidente do INSS consiste no uso de documentos falsos, assinaturas forjadas e gravações manipuladas pelas próprias entidades responsáveis pelos descontos indevidos, numa tentativa de perpetuar irregularidades mesmo após a descoberta e o esforço de ressarcimento pelo governo. O episódio revela a complexidade e o desafio de combater fraudes em massa em sistemas sociais públicos, exigindo ações coordenadas entre órgãos de controle, transparência para os beneficiários e adoção de tecnologias avançadas para a segurança dos processos. Até o momento, as investigações continuam, e as medidas para identificar responsáveis e punir autores das fraudes são prioridade para o INSS.
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