Enquanto fundos multimercados "agonizam", uma classe vai (muito) bem; saiba mais

17 mai 2024 - 09h51

Os fundos de investimentos registraram captação líquida positiva de R$ 40,1 bilhões em abril, acumulando no ano um volume de R$ 150,8 bilhões, de acordo com dados da Anbima. Entre os ativos, a classe de fundos multimercados perdeu em termos líquidos R$ 12,3 bilhões de recursos, registrando uma perda no ano de R$ 41,3 bilhões. Em contrapartida, o FIDC recebeu novos aportes de R$ 33,8 bilhões, enquanto a classe de renda fixa deu "show" com R$ 17 bilhões de entradas no mês, com um acumulado de R$ 151,3 bilhões em 2024.

Os fundos multimercados estão recebendo resgates por diversos motivos. De acordo com Marcelo Earp, gestor de Macro da Clave Capital, a taxa de juros nos Estados Unidos continua sendo a principal variável que tem ditado a dinâmica nos ativos de risco do mundo todo. Com isso, a volatilidade dos mercados aumenta e, consequentemente, muitos investidores vendem as cotas dos seus ativos que estão no "prejuízo".

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O "sobe e desce" do mercado está ligado com a frustração da expectativa de queda da inflação nos EUA. Os dados divulgados pelo Fed, o Banco Central norte-americano, foram acima das expectativas e fizeram com que o mercado adiasse suas projeções para uma queda dos juros no país, inicialmente prevista para junho. A tendência é que o Fomc, equivalente dos EUA ao Copom, mantenha a política monetária restritiva por mais tempo, com juros no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano.

No Brasil, a situação política afetou diretamente na abertura das taxas de juros. De acordo com a Fator Asset, esse cenário mais adverso foi potencializado pela atuação do governo em relação à redução da expectativa de equilíbrio fiscal para os anos de 2025 e 2026, fazendo com que taxas de longo prazo sofressem um forte ajuste em função da potencial piora do quadro fiscal.

Mudanças nas carteiras de fundos

Earp, da Clave Capital, conclui que a junção desses fatores fez com os movimentos na curva de juros ficassem mais voláteis, com uma abertura de taxa bastante forte.

Para se adaptar a esse momento, a Fator Asset, em recente relatório, mostrou as modificações em sua abordagem de investimentos dos fundos multimercados, impulsionadas pelo atual ambiente de juros elevados.

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Diante disso, a gestora decidiu encerrar suas posições em juros e zerar suas posições no índice IMA-B5. Para compensar essa mudança e otimizar o desempenho, a gestora aumentou de forma estratégica sua exposição ao crédito privado.

Fundos de crédito privado em alta

Em relação aos fundos de crédito, a AZ Quest ressalta que houve uma aceleração no ritmo de captação da indústria de crédito privado, favorecendo a dinâmica de valorização desses ativos.

Além disso, os fundos continuam com desempenho acima do CDI. Para a AZ Quest, esses resultados vêm a partir das carteiras de FIDC e títulos bancários. Já as debêntures sofreram com a abertura das taxas de juros.

Na visão da RB Asset, os fundos de debêntures foram impactados negativamente pela leve abertura do spread de crédito em algumas posições da carteira e pelo descasamento do hedge.

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Mesmo com o movimento de fechamento dos spreads de crédito ocorrido nos últimos meses, a estratégia de gestão ativa tem possibilitado que o RB Capital Vitoria FIC Incentivados Infra RF mantenha um carrego acima da média do mercado, potencializando a rentabilidade da carteira, comenta a gestora.

Porém, no mês de maio, os fundos de debêntures estão com um desempenho satisfatório. De acordo com levantamento da XP, os fundos incentivados indexados ao IPCA estão com retorno médio acima de 0,80%.

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