O dólar iniciou a quinta-feira estável ante o real, após o comunicado do Banco Central na véspera não passar indicações claras sobre quando o corte de juros começará no Brasil, enquanto no exterior a moeda norte-americana tem sinais mistos ante as demais divisas.
Às 9h28 o dólar à vista mostrava estabilidade, a R$5,4676 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro para janeiro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,11%, a R$5,4905.
Na noite de quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciou a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, sem sinalizar exatamente quando o ciclo de cortes poderá começar -- em janeiro ou em março.
"O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", apontou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC no comunicado, adotando a palavra "adequada" no lugar de "suficiente", usada em novembro.
Parte do mercado esperava por indicações mais claras sobre a possibilidade de corte da Selic já em janeiro, o que não se confirmou, ainda que o BC não tenha fechado a porta para esta possibilidade.
No comunicado, o BC avaliou que a estratégia "em curso" de manutenção dos juros por "período bastante prolongado" é "adequada para assegurar a convergência da inflação à meta". No comunicado anterior, de novembro, não havia o termo "em curso".
"Essa adição está em linha com o discurso recente de (presidente do BC, Gabriel) Galípolo, que esclareceu que o 'bastante' não reinicia a cada reunião, ou seja, esse período já vem ocorrendo há meses", avaliou o consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, em comentário enviado a clientes. "A retirada do caráter de guidance abre espaço para corte já em janeiro sem ruptura na comunicação."
No início do mês, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, havia dito que a contagem de tempo da Selic restritiva por prazo "bastante prolongado" não zera a cada reunião.
Para o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, o BC manteve no comunicado seu diagnóstico e sua sinalização.
"Entendemos que isso deve esvaziar as apostas do mercado pelo início do ciclo de cortes de juros em janeiro. Nossa opinião, há algum tempo, é de que as condições para esse início não estarão dadas antes de março", pontuou em comentário após a decisão.
Enquanto os agentes no Brasil seguem debatendo quando o ciclo de cortes da Selic começa, no exterior as apostas majoritárias são de que o Federal Reserve manterá sua taxa de juros na faixa de 3,50% a 3,75% em janeiro. Na tarde de quarta-feira, o Fed promoveu um corte de 25 pontos-base, como esperado.
O diferencial de juros entre Brasil e EUA tem sido apontado como o principal motivo para que o dólar se mantenha em patamares mais baixos ante o real -- ainda que desde sexta-feira o câmbio no Brasil esteja pressionado pelo anúncio da candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026.
Às 9h25, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,11%, a 98,473.
Às 11h30 o Banco Central realiza leilão de 50.000 contratos de swap cambial para rolagem do vencimento de 2 de janeiro.