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Taxas futuras de juros no Brasil têm queda firme com busca por proteção nos Treasuries e discurso brando do Fed

10 out 2023 - 16h53

As taxas dos contratos futuros de juros emplacaram a terceira sessão consecutiva de baixas no Brasil nesta terça-feira, em sintonia com o exterior, com investidores buscando a proteção dos títulos norte-americanos em meio ao conflito entre Israel e Hamas e reagindo a falas mais brandas de dirigentes do Federal Reserve sobre a inflação.

Na segunda-feira, o feriado do Dia de Colombo manteve o mercado de títulos dos EUA fechado, o que deixou os DIs (Depósitos Interfinanceiros) sem sua principal referência externa.

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Nesta terça-feira, parte dos investidores globais aproveitou a reabertura nos EUA para comprar Treasuries em busca de proteção contra possíveis efeitos do conflito no Oriente Médio sobre os mercados, o que colocou os rendimentos em baixa.

Ao mesmo tempo, havia uma pressão de queda para os rendimentos dos Treasuries em função de comentários dovish (brandos com a inflação) feitos por autoridades do Fed.

Na segunda-feira, o vice-chair do Fed, Philip Jefferson, afirmou que os EUA passam por um "período delicado de gestão de risco, em que temos de equilibrar o risco de não termos apertado (a política monetária) o suficiente com o risco de a política ser muito restritiva".

Também na véspera, a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, disse que os retornos mais altos exigidos pelos investidores para manter a dívida de longo prazo do governo dos EUA poderiam compensar a necessidade de novos aumentos na taxa de juros pelo Fed.

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Nesta terça, foi a vez do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, dizer que o banco central dos EUA não precisa aumentar ainda mais a taxas de juros e que não vê nenhuma recessão à frente.

Esses dois fatores -- a busca pela segurança dos Treasuries e uma visão mais branda do Fed -- definiram a queda dos rendimentos dos títulos norte-americanos nesta terça-feira, o que também provocou o fechamento da curva a termo brasileira.

"Temos hoje (terça-feira) dois movimentos. O primeiro deles é que, por mais que o conflito do fim de semana seja limitado a uma região, ainda há compra de Treasuries para proteção. Segundo, os investidores observaram os movimentos do Fed, que sinalizam possível fim da alta de juros nos EUA", resumiu Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Spiess lembra ainda que agosto e setembro foram meses marcados pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries, o que também impulsionou as taxas futuras em mercados emergentes, como o Brasil.

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"Mas os investidores, mais cedo ou mais tarde, se tornam compradores (de títulos) em determinado nível. E agora temos sinalização de proteção (contra o conflito) e do Fed (sobre juros)", pontuou, ao avaliar o recente movimento de baixa nas taxas dos títulos. "A gente também vê isso no Brasil."

O noticiário doméstico chamou pouca atenção dos investidores. Durante evento sobre economias emergentes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender uma ação coordenada entre os países -- inclusive os desenvolvidos -- para o enfrentamento da questão fiscal.

"Os governos precisam começar a abordar a questão fiscal. Acho que estamos muito coordenados na política monetária. Não estamos muito coordenados na política fiscal. Acho que isso está começando a afetar até mesmo as economias desenvolvidas", pontuou.

No fim da tarde desta terça-feira a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,21%, ante 12,22% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,745%, ante 10,839% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,555%, ante 10,664%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,77%, ante 10,9%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,065%, ante 11,19%.

Com o movimento, perto do fechamento a curva a termo precificava em 93% as chances de o corte da Selic em novembro ser de 0,50 ponto percentual. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual -- uma possibilidade surgida após o rali mais recente -- eram precificadas em 7%.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em queda.

Às 16:36 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 12,90 pontos-base, a 4,653%.

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