Correios: primeira fase de plano prevê recuperar caixa da estatal até março de 2026

Empréstimo de R$ 12 bi vai permitir 'adimplência, recuperar qualidade da operação e retomar confiança', segundo presidente da empresa

29 dez 2025 - 11h54
(atualizado às 12h47)

BRASÍLIA - O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou que a primeira fase do plano de reestruturação da estatal é recuperar o caixa até março de 2026. "Por isso a gente vem falando nas últimas semanas da captação de recursos", declarou. De acordo com Rondon, sem intervenção, o resultado seria de R$ 23 bilhões de prejuízo em 2026. "A correção de rota precisa ser feita de forma rápida", destacou.

Rondon afirmou que o plano tem revisão da governança, metas para funcionários e reconhecimento por desempenho. Já o empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco bancos (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), assinado no domingo, 28, "vai permitir adimplência, recuperar qualidade da operação e retomar confiança", segundo o presidente da empresa.

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Rondon disse que, em 2026 e 2027, será colocada em prática a fase de reorganização. O plano terá revisão de pessoal, parcerias, redesenho de operações e gestão de ativos. Segundo o presidente da estatal, a expectativa é que essa fase tenha impacto positivo de R$ 7,4 bilhões.

Correios enfrentam déficit estrutural de mais de R$ 4 bilhões anuais por conta do cumprimento da universalização do serviço postal em locais remotos
Correios enfrentam déficit estrutural de mais de R$ 4 bilhões anuais por conta do cumprimento da universalização do serviço postal em locais remotos
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

O pronunciamento foi feito em entrevista à imprensa nesta segunda-feira, 29, para detalhar o plano de reestruturação da estatal, que acumulava prejuízo superior a R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro de 2025 e déficits recorrentes desde 2022, que já ultrapassam R$ 10 bilhões.

Universalização

Rondon afirmou que a empresa enfrenta déficit estrutural de mais de R$ 4 bilhões anuais por conta do cumprimento da universalização do serviço postal em locais remotos. De acordo com ele, 90% das despesas da estatal tem perfil fixo, e a folha de pagamento dos funcionários corresponde a 62% do total.

Ele disse ainda que houve um ponto de inflexão no modelo tradicional de correios em 2016, quando as encomendas passaram a ter uma relevância maior como fonte de receita do que as cartas. "O modelo tradicional de correios sofreu essa inflexão que isso é uma coisa que aconteceu também no resto do mundo, não é só aqui no Brasil", afirmou.

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"Essa mudança do ambiente fez com que o modelo de financiamento da companhia ficasse inviável, então o monopólio de cartas em centros urbanos ou em locais que geravam rentabilidade passou a não ser suficiente para financiar as comunicações físicas que estão ligadas à universalização do serviço postal em locais remotos ou locais que são originalmente deficitários", disse o presidente da estatal.

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