Após mínima histórica, trabalho infantil tem leve crescimento no Brasil em 2024

Apesar do aumento, houve redução no número dos que estão na chamada Lista TIP, que trata das piores formas de trabalho infantil

19 set 2025 - 09h59
(atualizado às 10h49)
Resumo
A taxa de trabalho infantil no Brasil cresceu 0,1 ponto percentual em 2024, alcançando 4,3%, embora o número de crianças nas piores formas de trabalho infantil tenha caído ao menor nível da série histórica.
Indicador de trabalho infantil voltou a subir no Brasil
Indicador de trabalho infantil voltou a subir no Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Após atingir o menor percentual da série histórica em 2023, a taxa de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil cresceu 0,1 ponto percentual no ano passado, atingindo 4,3% da população de 5 a 17 anos de idade. O leve aumento ainda não é suficiente para demonstrar uma tendência de crescimento no trabalho infantil no Brasil, segundo afirma o IBGE. O dado foi divulgado nesta sexta-feira, 19, em mais um recorte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). 

Vale ressaltar que nem toda atividade laboral feita por crianças e adolescentes é considerada trabalho infantil. O IBGE leva em consideração a classificação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que diz que o trabalho infantil é "aquele que é perigoso e prejudicial para a saúde e o desenvolvimento mental, físico, social ou moral das crianças e que interfere na sua escolarização".

Publicidade

No Brasil, nenhuma criança até os 13 anos de idade pode trabalhar. Dos 14 aos 15, o trabalho está liberado na condição de aprendiz. E com 16 e 17 anos, o adolescente só pode trabalhar se for com carteira assinada, sendo vedadas atividades insalubres, perigosas e em horário noturno.

Ao todo, existem 37.930.000 crianças e adolescentes no Brasil, na faixa etária de 5 a 17 anos. Destas, 1.957.000 realizam alguma atividade econômica ou de autoconsumo; e 1.650.000 estão em situação de trabalho infantil. 

As casas em que moram crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil registraram um rendimento médio mensal de R$ 1241 por pessoa, menor do que as que também tem moradores nessa faixa etária, mas que não estão em situação de trabalho infantil, em que o valor é de R$ 1435. 

Histórico e situação atual

O indicador começou a ser medido em 2016, quando 5,2% das crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil. Até 2018, a taxa se manteve em 4,9%, vindo a registrar a primeira queda significativa em 2019, quando marcou 4,5% da população. 

Publicidade

Em 2022, porém, primeiro levantamento após a pandemia de covid-19, a taxa voltou a marcar 4,9%. Já em 2023, mais uma queda significativa, ficando em 4,2%. E, no ano passado, voltou a registrar um aumento, estando agora em 4,3%. 

Para o analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto, ainda é cedo para afirmar se há uma reversão da tendência de queda no trabalho infantil. “Essa oscilação positiva de 0,1 ponto percentual, em relação a 2023, pode indicar até uma certa estabilidade. Para entendermos se há uma reversão da tendência de queda ou uma estabilização do indicador, será importante termos o resultado do próximo ano. Ressalta-se, no entanto, que no acumulado do período 2016-2024, foi estimada uma queda importante do contingente de crianças e adolescentes em trabalho infantil”.

Cabe destacar que a única faixa que registrou aumento significativo no trabalho infantil em 2024 foi a dos adolescentes com 16 e 17 anos. No ano anterior, 14,7% deles estavam nessa situação, e o número subiu para 15,3%. 

Apesar do leve aumento na taxa de trabalho infantil, houve redução no número de crianças e adolescentes que estão na chamada Lista TIP, que trata das piores formas de trabalho infantil, aqueles que possuem maiores riscos ocupacionais e prováveis repercussões à saúde. Em 2024, o contingente de trabalhores nessa lista renovou o menor valor da série histórica. Cerca de 560 mil crianças — ou 37,2% das que trabalham —  estão na Lista TIP. 

Publicidade

As crianças na Lista TIP, além de desenvolverem trabalhos com maiores riscos, também recebem menos que as outras. 

  • Pessoas de 5 a 17 anos que trabalham, mas não em situação de trabalho infantil, recebem em média R$ 1.083 por mês; 
  • Pessoas de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil recebem em média R$ 845;
  • Pessoas de 5 a 17 anos na Lista TIP recebem em média R$ 789.

No recorte do trabalho infantil, alguns desenhos sociais também se repetem: homens ganham em média mais que mulheres (R$ 924 e R$ 693, respectivamente) e brancos ganham mais que pretos e pardos (R$ 943 e R$ 789, respectivamente). 

Da mesma forma, o percentual de brancos em situação de trabalho infantil é menor do que o de pretos e pardos: 3,6% das crianças e adolescentes brancas contra 4,8% da população parda nessa mesma faixa etária. 

Fonte: Portal Terra
TAGS
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações