Líderes de audiência, Globo e GloboNews apresentaram uma cobertura equilibrada do julgamento de Jair Bolsonaro e demais réus por tentativa de golpe de Estado.
Não se repetiram os erros vistos no decorrer do julgamento do então ex-presidente Lula em 2017, com louvação ao juiz Sérgio Moro e demonização do condenado.
Alguns profissionais se destacam.
William Bonner - Alvo da verborragia ofensiva de Bolsonaro na campanha de 2018 e nos quatro anos dele na Presidência (foi xingado de “canalha” e “sem-vergonha”), o âncora e editor-chefe do ‘Jornal Nacional’ comandou uma cobertura isenta. Não se notou tom vingativo.
Ironicamente, foi ele quem surgiu no ‘Plantão da Globo’ para anunciar a formação de maioria na 1ª Turma do STF para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Esta foi a última grande maratona jornalística com a participação de Bonner. Ele deixará a bancada do ‘JN’ em 3 de novembro. No ano que vem, surgirá no ‘Globo Repórter’.
Fernando Gabeira - Histórico militante da esquerda, participante da luta armada na ditadura e exilado político por 10 anos, o comentarista da GloboNews surpreendeu os colegas e o público ao defender a anistia aos réus ou uma redução das penas.
Argumentou que a posição destoante de todos os outros jornalistas do canal visava o desejo de pacificação do país.
Ainda que possa ser visto como contraditório, Gabeira ofereceu um contraponto relevante, inserindo alguma pluralidade entre os colegas de TV defensores da condenação geral.
Merval Pereira - O analista político mais reverenciado na GloboNews desconstruiu a imagem associada ao pensamento de direita. Diante das câmeras, defendeu previamente a condenação de Jair Bolsonaro e, na cobertura ao vivo do julgamento, criticou as alegações do ministro Luiz Fux para a total absolvição do ex-presidente.
Daniela Lima - A jornalista viveu dois momentos opostos. Foi abruptamente demitida da GloboNews quando estava mergulhada nos preparativos para a cobertura do julgamento. Ela estaria em Brasília para acompanhar de perto. Tornou-se vítima do boato de que sua proximidade com fontes do STF teria sido reprovada pela direção do canal.
Após 44 dias em silêncio, Daniela foi anunciada como contratada do UOL na véspera do início do julgamento. Liderou várias horas de análises no portal nos quatro dias de leitura de votos na 1ª Turma do STF.