Na noite desta quinta-feira (29) acontecerá o debate com candidatos à Presidência da República na Globo.
A última oportunidade de o eleitor vê-los juntos discutindo propostas e trocando acusações antes do 1° turno.
A maioria dos comentaristas de política da TV faz a mesma análise. O programa será decisivo para Jair Bolsonaro e Lula.
O desempenho dos dois vai determinar se a eleição acaba no domingo (2) ou haverá 2° turno em 30 de outubro.
Com 83% dos eleitores decididos, segundo o Ipec, a decisão está nas mãos dos indecisos e daqueles que cogitam o voto útil.
O ex e o atual presidentes também dependem do número de abstenções. Incentivam o eleitorado a sair de casa para votar.
Impulsionado pela boa audiência da reta final da novela ‘Pantanal’, o debate na Globo deve superar a média de 22 pontos registrada no evento de 4 de outubro de 2018.
Estima-se que alcance 5 milhões de pessoas somente na Grande São Paulo, epicentro do maior colégio eleitoral do País e foco da campanha dos principais candidatos nos últimos dias.
A Globo de hoje está bem diferente da Globo de 4 anos atrás.
Com Lula preso na PF de Curitiba e Fernando Haddad como cabeça de chapa, a emissora era vista como antipetista.
A impressão se deu pela cobertura ostensiva da Operação Lava Jato e do julgamento do líder petista por Sergio Moro.
A rixa de Bolsonaro com a emissora já existia, mas ele não tinha do que reclamar da cobertura da eleição. Não recebeu críticas contundentes do canal do clã Marinho.
O cenário atual está invertido.
Colou na Globo a imagem de antibolsonarista. Possui o jornalismo mais rigoroso com as ações e declarações do ocupante do Palácio do Planalto.
O auge das matérias negativas a Bolsonaro aconteceu ao longo de 2020, quando o presidente e seu governo eram contestados diariamente pelo gerenciamento da pandemia de covid-19.
A relação chegou a um grau tão elevado de tensão que a Globo passou a ser chamada de esquerdista, principalmente por jornalistas de TVs alinhadas ao bolsonarismo e aos conservadores em geral.
Basta um conhecimento básico de história para saber que a emissora carioca sempre se manteve à direita no espectro político.
Apoiou o regime militar, treinou Collor nos debates contra Lula em 1989 e não contestou as frágeis acusações que resultaram no impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
O aspecto progressista do momento é mais uma resposta a Bolsonaro do que uma mudança de posição ideológica à esquerda.
Inevitável concordar que Lula está feliz com a Globo. Os recorrentes ataques responsabilizando a emissora por sua derrocada foram substituídos por elogios a William Bonner, seu ex-arqui-inimigo.
A surpreende frase “o senhor não deve nada à Justiça” dita pelo âncora ao petista durante sabatina na bancada do ‘JN’ virou slogan da campanha do ex-presidente.
Ninguém se engane. Com Bolsonaro ou Lula, a vida da Globo não será fácil. Nada que não possa ser suportado. Presidentes vêm e vão, a emissora permanece. Às vezes cambaleia, mas resiste.