Interpretando o elegante e perigosíssimo Feretti em Três Graças, Murilo Benício vive mais uma fase intensa na carreira. O ator revisita a parceria com Aguinaldo Silva, relembra seus primeiros passos em Fera Ferida e reflete sobre o peso de dar vida a mais um vilão marcante. Entre bastidores divertidos, desafios com o sotaque paulista e a criação de um personagem "sofisticadamente cruel", ele abre o jogo para a Contigo! e revela o que move seu processo artístico.
Como você construiu esse personagem? O que te inspirou?
"Essas pessoas têm o dom de ser invisíveis. Elas estão ao nosso lado. Essas pessoas têm suas famílias. Não tem como você não cruzar com uma pessoa assim ao longo da vida. A vilania está escrita, são as ações, o que ele faz, o esquema que ele tem. Eu precisava agregar esse outro lado. Fomos devagarinho. É impossível defendê-lo, mas me resta entender quais são os pontos fracos desse cara."
Qual a diferença desse personagem para os outros que você já fez?
"Ele tem uma sofisticação. Ele é mais perigoso por isso. Ele é rico, poderoso, inteligente. Isso o torna muito mais perigoso do que só um estelionatário. Eu acho que ele é uma pessoa daquelas em quem você acredita, pelas aparências."
Quais lembranças tem de Fera Ferida, sua primeira novela e parceria com Aguinaldo Silva?
"Faz muito tempo. Não existia nada disso aqui. Eu vi tudo isso ser construído. Não tinham tantas cidades cenográficas. Os estúdios ainda eram no Jardim Botânico. Estacionava meu carro onde hoje fica a casa do BBB. A novela foi um mundo de novidades para mim. Era uma delícia gravar, eu tinha só 20 e poucos anos."
Como está o clima nos bastidores?
"Está uma diversão. Trabalhamos rindo. Essa novela proporciona que a gente descubra outras coisas além do texto. Acho que a Arminda, personagem da Grazi, vai fazer muito sucesso, é a cara do brasileiro gostar. Ela é solar, engraçada. Acho que é meu 14º vilão seguido. Eu nunca penso nisso de vilão e mocinho. Penso em seres humanos e suas motivações. Eu nem sei se existe algo parecido no mundo com a novela. É uma maratona, um ano fazendo um personagem."
Como está sendo fazer o sotaque paulista?
"Eu tento fazer um sotaque paulista. Fomos almoçar e a Grazi comemorou que ia poder fazer o próprio sotaque. Quando voltamos do almoço, o Luiz me pediu para fazer esse sotaque paulistano, meio italiano. Eu sou péssimo em fazer sotaques! É uma propriedade de um universo, é um universo próprio, um pouco deslocado da realidade. Quando você começa a falar diferente, parece que já nasce uma pessoa diferente".
