A atriz Valéria Barcellos, conhecida por ter interpretado a personagem Luana na novela Terra e Paixão, contou que sofreu um abuso sexual no metrô de São Paulo nesta quinta-feira, 17. A artista relatou que o ocorrido aconteceu na estação da Sé, na região central da capital paulista, enquanto ela estava a caminho do ensaio para o musical Ópera do Malandro.
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"O metrô estava lotado aqui na estação da Sé, estava indo para o meu ensaio de manhã como eu sempre faço, e um rapaz veio atrás de mim, como todo mundo. Naquela confusão, todo mundo vai se prensando e a gente vai indo meio como instinto. Comecei a sentir um toque estranho atrás de mim, mas pensei que era impressão porque estava muito lotado", contou Valéria em um vídeo publicado nas redes sociais.
"Depois de um tempo, percebi que ele mudou de lugar, conseguiu ficar na minha frente e começou a roçar o p*** na minha mão, mas de uma maneira muito enfática, a ponto de eu sentir que estava até meio molhado", continuou ela.
Valéria contou que só foi compreender a violência que tinha sofrido quando chegou ao ensaio e comentou com uma colega de elenco sobre o que havia ocorrido. "O mais maluco é que eu não tinha entendido direito que aquilo era um abuso. Quando cheguei no ensaio, comentei com uma amiga o que tinha acontecido. Ela disse: 'Isso foi um abuso'. Não tinha entendido até então que era. Sabia que tinha alguma coisa estranha e que eu tinha que ter reagido."
A atriz disse que em nenhum momento sorriu ou esboçou qualquer reação para o abusador de que ela estivesse gostando da situação. Ela também comentou que está sendo difícil não se culpar pelo que passou.
"Estou tentando fazer esse exercício de pensar que a culpa não é minha, a culpa não é da gente. Fiquei um pouco mexida porque estou com um shorts de ginástica, que não é curto, mas é justo, porque a gente ia ter coreografia hoje e é mais cômodo. Cheguei a pensar por um momento que talvez a roupa tivesse chamado a atenção e, consecutivamente, outros pensamentos vieram. É impossível não ficar pensando que talvez a culpa fosse minha, estou tentando me convencer com todas as forças de que não, por eu ser trans e estar ali."
Por fim, ela incentivou que outras pessoas que passem por situações de abuso reajam e denunciem. "O que me choca muito é porque não reagi. Como isso pode ser tão paralisante ao ponto da gente não reagir? Mas volto a falar: reajam. Esse meu depoimento é para que vocês se sintam minimamente fortes para reagir. É preciso denunciar e reagir sempre", concluiu Valéria.
Procurado pelo Terra, o metro de São Paulo lamentou o ocorrido com Valéria Barcellos e reforçou "a importância de que qualquer caso seja comunicado aos funcionários da empresa para o acionamento de uma rede de apoio, com o acolhimento da vítima e detenção do suspeito."
"A denúncia pode ser feita a colaboradores da empresa até mesmo por testemunhas, ou também pelo SMS Segurança 9 7333-2252, ou pelo aplicativo Metrô Conecta. A Companhia se solidariza com a vítima, não compactua com qualquer tipo de importunação e violência e trabalha com campanhas e preparação dos funcionários para o acolhimento das vítimas e detenção dos autores. A empresa também mantém a Operação Empoderamento, privilegiando o atendimento por seguranças mulheres e disponibiliza dois postos avançados de atendimento que funcionam diariamente das 8h às 17h nas estações Santa Cecília e Luz para mulheres vítimas de violência fora do transporte", conclui o comunicado do metrô.
Em caso de violência contra a mulher, denuncie
Violência contra a mulher é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180). Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada.