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'Nova York, Eu Te Amo' reflete o estado apaixonado da cidade

25 out 2009 - 13h24
(atualizado em 26/10/2009 às 11h22)

As câmeras sempre tiveram uma relação apaixonada com Nova York. Amantes de longa data, a cidade e as lentes se flertam, se beijam e, volta e meia, discutem relação apenas para começar todo o processo de conquista, na excitação de tatear tudo de novo, como se fosse a primeira vez. Nova York, Eu Te Amo, coleção de curtas-metragens que segue o mesmo modelo de Paris, Eu Te Amo (2006) (e que irá guiar o projeto de Rio, Eu Te Amo, em 2010), chega à 33ª da Mostra Internacional de São Paulo revendo esse olhar da câmera sobre Nova York em diferentes perspectivas do verbo que está no título do filme.

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O novo trabalho é assinado por diretores que parecem ter sido escolhidos justamente por representarem o elemento de liga entre todos aqueles que circulam pelas ruas de Manhattan: o reconfortante sentimento de pertencimento orgânico ao lugar, à revelia de sobrenomes, religiões, nações e sotaques. Cineastas de origem árabe, judia, chinesa, indiana e japonesa (sim, o filme carece de um pulso hispânico) se unem para criar um mosaico do que a cidade representa.

Nova York agrega, mistura, remixa e essa identidade singularmente múltipla da cidade se reflete numa edição que, entre um curta e outro, cria pequenos interlúdios de passagem, como se todas aquelas histórias, tais como as pessoas em Nova York, fossem inevitavelmente esbarrar umas nas outras em alguma esquina. Diferentemente de Paris, Eu Te Amo, na versão nova-iorquina do projeto, o limite entre um filme e outro não é assim tão evidente. A montagem feita pelo diretor Randall Balsmeyer merece crédito extra.

Naturalmente, ainda que alguns personagens funcionem como um pêndulo que vem e vai no filme, existem histórias muito bem fechadas em si mesmas, que revelam propostas bem distintas dos diretores. Um certo elemento fantástico na trama juvenil de Brett Ratner, um tom de comédia senil de Joshua Marston e a aura pálida de um tempo e espaço deslocado do real de Shekhar Kapur não trocam narrativas, mas certamente, assim como todos os curtas deste filme, projetam sobre a tela uma só unidade para a cidade: o amor, seja ele de décadas de casamento ou apenas de um isqueiro compartilhado na rua. Nova York é a cidade onde se apaixonar é imperativo e os curtas reunidos neste filme trabalham com a esta única ideia.

Sem fazer uso de diretores conhecidos por desnudar a cidade como quem desabotoa camisas, tais como Woody Allen e Martin Scorsese, o filme coleciona algumas boas histórias, outras medianas. O elenco de nomes da moda, como Shia LaBeouf, Bradley Cooper, Rachel Bilson e Blake Lively (em uma aparição de poucos segundos), se misturam à escalação de atores que são velhos conhecidos do público como Natalie Portman, que também dirige um dos curtas, e Ethan Hawke, aqui dando uma certa sensação de déjà vu de seu personagem Jesse (Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol). A se mencionar, e reverenciar, a presença de atores veteranos como Julie Christie e Cloris Leachman.

Nova York, Eu Te Amo é um filme, portanto, de sentimentos distintos que não tem intenção maior de ser apenas aquilo que se é: curtas histórias de amor em uma cidade que, ela própria, se relaciona apaixonadamente com a câmera que a enquadra.

Cena do filme
Cena do filme
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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