URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

História da espiã que foi amante de Fidel vira filme

Marita Lorenz, chamada de "Mata Hari do Caribe' se envolveu com presidentes em Cuba e na Venezuela

16 fev 2016 - 12h18
(atualizado às 12h34)
Marita Lorenz diz que seu único arrependimento é não ter ficado em Cuba
Marita Lorenz diz que seu único arrependimento é não ter ficado em Cuba
Foto: BBC Brasil

Ela teve uma vida de filme que agora, finalmente, deverá chegar às telas. A atriz Jennifer Lawrence irá interpretar Marita Lorenz, protagonista e testemunha de alguns dos principais acontecimentos do século 20.

Alemã-americana de 75 anos, Lorenz viveu dois anos em um campo de concentração nazista quando era criança, e depois foi estuprada por um oficial americano.

Publicidade

Ainda jovem, apaixonou-se por Fidel Castro, e foi recrutada pela CIA (agência de inteligência dos EUA) para matá-lo.

Ela teve um filho com o líder cubano e uma filha com Marcos Pérez Jiménez, que presidiu a Venezuela de 1952 a 1958.

Também foi investigada por possíveis informações sobre o assassinato, em 1963, do presidente americano John Kennedy, pois declarou ter conhecido Lee Harvey Oswald, considerado o responsável pela morte.

Após duas biografias e uma tentativa do diretor Oliver Stone de fazer um filme, a vida de Lorenz finalmente será exibida nos cinemas.

Publicidade

Mark, filho de Lorenz, disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que a mãe não dará entrevista neste momento "pela natureza sensível do projeto cinematográfico em curso".

O filme deverá se chamar "Marita", e tem estreia prevista para o final de 2017.

Segundo o site especializado The Hollywood Reporter, o roteiro deverá abordar a história de como Lorenz e Castro se conheceram em 1959, quando ela tinha 19 anos, e o romance dos dois.

O produtor do filme, Scott Mednick, disse que o projeto "está nas primeiras etapas". "Não comentaremos nada por um tempo", afirmou.

Missão: matar Fidel

Após viver um período com Castro, Lorenz deixou Cuba e se uniu à luta contra o comunismo nos EUA. Acabou recrutada pela CIA com uma missão: matar o líder de uma revolução vista com temor pelo país.

Lorenz, evidentemente, não cumpriu a missão.

Publicidade

"Não podia matar ninguém, não havia motivo para machucá-lo. Poderia ter feito, porque me deram todas as ferramentas e o treinamento, mas não havia como fazer algo assim", disse Lorenz em junho de 2015 à Rádio W da Colômbia.

"É absurdo. Além do mais eu o amava, ele era uma pessoa fascinante, meu primeiro amor", disse a mulher, que hoje vive em Baltimore (EUA).

Segundo o próprio relato de Lorenz, Fidel a desafiou a matá-lo quando descobriu a missão secreta.

"Ninguém pode me matar", disse o líder cubano, segundo Lorenz, que se correspondeu por anos com ele. Fidel, hoje com 89 anos, cedeu o poder ao irmão Raúl em 2006.

Da relação entre os dois nasceu um filho, Andrés Vázquez, que ficou em Cuba com o pai. Mãe e filho se reencontraram em 1981.

"Eu o amava, ele era uma pessoa fascinante", diz a ex-espiã sobre Fidel Castro.
Foto: Getty Images

Único arrependimento

A ex-espiã, que já foi chamada de "Mata Hari do Caribe", referência à famosa espiã holandesa, lamenta não ter ficado em Cuba. Ao voltar aos EUA, a CIA não gostou de saber que Fidel continuava vivo.

Publicidade

"Odiavam-me e me culpavam", disse Lorenz. O episódio, contudo, não encerrou sua relação com a inteligência americana.

Em uma missão para arrecadar recursos para a causa anticomunista, ela acabou na Venezuela. Lá conheceu o general Marcos Pérez Jiménez, com quem iniciou outro romance e teve uma filha.

Ela e a filha foram abandonadas pelos militares na selva, quando o presidente já estava preso, antes de ser extraditado para os EUA.

"Acredito que eu seja bem durona", disse Lorenz sobre as arriscadas experiências das quais saiu ilesa.

A "Mata Hari" diz ainda ter sido testemunha da suposta conspiração que envolve a morte de John Kennedy em novembro de 1963.

Os anticastristas que ela conhecia em Miami podem ter tido relação com a morte. Esse grupo estava indignado com Kennedy pela falta de apoio do presidente à frustrada tentativa de invasão de Cuba por forças anticastristas em 1961.

Publicidade

Lorenz disse ter conhecido Lee Harvey Oswald em um acampamento da CIA na Flórida.

Ela sabe que o roteiro de seus 75 anos é digno de uma saga de Hollywood.

"É verdade, tenho todos os documentos da CIA e do FBI (polícia federal americana) para provar. Não quero glorificar minha vida, mas há evidências suficientes para não ter que exagerar", diz Lorenz, prova viva de que a realidade muitas vezes supera a ficção.

A atriz americana Jennifer Lawrence deverá interpretar Marita Lorenz no cinema
Foto: Getty Images
BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se