Nos anos 1950, surgia a nova mulher, senhora de sua beleza e dona do seu desejo. Esse nascimento se deu em E Deus Criou a Mulher (1956), filme que levava ao público a figura de uma deusa chamada Brigitte Bardot. Ela interpretava o papel de uma jovem livre, que fazia o que desejava com seu corpo, sem ligar para compromissos ou inibições. Amava sem noção de pecado. O diretor era Roger Vadim, na época seu marido, um felizardo invejado por homens de todo o mundo. Brigitte contracenava com outro jovem e promissor ator, ninguém menos que Jean-Louis Trintignant com quem teve um caso durante as filmagens. O cenário era uma pequena cidade costeira na Riviera Francesa. BB brilhava. Mas, como a liberdade feminina não era lá muito bem vista, o filme foi proibido em vários países.
Dedicou-se a campanhas pela proteção dos animais. Lançou livros em que falava do amor pelos animais e do desprezo pelos homens.
A libertária dos anos rebeldes tornou-se presa de ideias conservadoras, para usar uma palavra tímida. Escreveu contra "invasores muçulmanos" e "desempregados profissionais", vivendo à custa do Estado francês.
Apoiou o falecido capo da direita francesa, Jean-Marie Le Pen. Para decepção dos seus fãs, a musa libertária dos anos 60 tornou-se reacionária com o passar dos anos. A beleza extrema não a imunizou da contradição humana.
Brigitte Bardot morreu neste domingo, 28, aos 91 anos, após uma internação em novembro deste ano.