Crítica Atlas | Será que a Jennifer Lopez jogou Titanfall?

Ficção científica da Netflix tem a atriz interagindo com inteligência artificial e robôs que se parecem demais com um jogo da Electronic Arts

24 mai 2024 - 08h00
(atualizado às 20h18)

Atlas é mais uma produção original da Netflix em parceria com Jennifer Lopez e sua produtora, a Nuyorican Productions — a mesma que, no ano passado, nos trouxe A Mãe. Dessa vez, o longa gira em torno de uma analista que odeia inteligência artificial, mas precisa trabalhar com uma para caçar um robô que pode acabar com a humanidade.

Foto: Netflix / Canaltech

Parece a sinopse mais genérica possível, digna de um filme B que você encontraria em um bandejão de DVDs por 10 reais. Tirando algumas cenas com bons efeitos especiais, a trama não vai muito além dessas produções, mas tem um elemento que acaba chamando muito a atenção de um público nichado, o de fãs de Titanfall.

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Jennifer Lopez e seu robô em Atlas (Imagem: Divulgação/Netflix)
Foto: Canaltech

Lançado pela Electronic Arts e desenvolvido pela Respawn Entertainment, o jogo chegou a ganhar uma sequência, mas foi esquecido pela empresa. Só que alguém da produtora da Jennifer Lopez e da Netflix lembram dele. Às vezes até demais.

Um futuro cheio de IA e genocídios

Atlas começa com notícias sobre robôs que rompem o seu protocolo de não ferir humanos, matando milhões ao redor do mundo a mando de Harlan, um androide que conseguiu reprogramar o seu código e criar um genocídio, antes de fugir da Terra.

Jennifer Lopez é Atlas Sheppard em Atlas (Imagem: Divulgação/Netflix)
Foto: Canaltech

25 anos depois, o planeta está mudado, mas a caçada por Harlan continua. É nesse cenário que somos apresentados a Atlas Sheppard, a personagem de Jennifer Lopez. Uma analista de dados, o filme não perde tempo para mostrar o quão inteligente e genial Atlas é, apesar de não ter jeito de lidar com pessoas.

Quando ela recebe a notícia sobre a possibilidade de encontrar o paradeiro de Harlan, logo vai ao trabalho, já que dedicou toda a sua vida para encontrar o vilão. Harlan tem uma conexão direta com Atlas e sua mãe, que criou o androide, fazendo com que a analista sinta que encontrá-lo é a missão de sua vida.

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A analista precisa confiar na IA para salvar a humanidade (Imagem: Divulgação/Netflix)
Foto: Canaltech

Notem que estou descrevendo os primeiros minutos do filme porque nada em boa parte do primeiro ato do filme é interessante. Seja pelo roteiro, pelas atuações ou pelos efeitos especiais, tudo parece artificial demais. A impressão é de realmente estar assistindo a uma produção barata de ficção científica, mas com um pouco mais de dinheiro mal utilizado.

Sério, como a EA não mandou um processinho?

As coisas ficam mais interessantes quando a missão que levará soldados para outro planeta para caçar Harlan envolve grandes robôs com sua própria inteligência artificial. A sacada é que esses robôs podem se conectar aos pilotos, sendo mais que máquina ou humano, mas criando algo novo.

Não tem outro jeito de falar que Atlas copia boa parte dos designs dos Titans, nome dado aos robôs de Titanfall. É impressionante como quase tudo lembra os jogos da Electronic Arts, o que acaba se tornando um charme do filme.

Parte do filme é quase uma cutscene de videogame (Imagem: Divulgação/Netflix)
Foto: Canaltech

Isso porque, devido ao desenvolvimento da trama, Atlas e a IA do seu robô, que se chama Smith, precisam trabalhar juntos em um planeta inóspito. Como a humana não pode sair andando livremente pelo lugar, boa parte do filme é Jennifer Lopez falando sozinha dentro de um cockpit, enquanto toda a ação parece uma imensa cutscene de videogame.

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Nesse momento, Atlas acaba se tornando um filme divertido, ainda que não seja particularmente inovador ou sequer surpreendente. É possível adivinhar o que vai acontecer na história com umas duas ou três cenas de antecipação, mas o relacionamento entre a personagem e a inteligência artificial funciona mesmo assim.

Para um fã de Titanfall, é quase como se alguém tivesse feito algum filme do jogo. Uma adaptação que não é particularmente espetacular, mas que só de ver esses robôs, ou pelo menos alguns bem parecidos a eles, já faz valer a pena.

Desperdiçando elenco, mas não completamente o seu tempo

Um grande problema de Atlas é como ele não aproveita algumas figuras de seu elenco. Jennifer Lopez não é uma atriz ruim, ainda que consiga se destacar apenas quando o material é realmente bom, o que não é o caso por aqui.

Outros nomes como Sterling K. Brown (This is Us) e Mark Strong (Kingsman: O Serviço Secreto) estão apagados em participações pequenas ao longo do filme. Simu Liu, o astro de Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis já demonstrou várias vezes ser bastante carismático, seja como o herói da Marvel ou em sua participação em Barbie, mas está completamente apagado como o vilão Harlan.

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Simu Liu como o vilão Harlan (Imagem: Divulgação/Netflix)
Foto: Canaltech

Mesmo assim, ao chegar no final do longa, não me senti ofendido ou como se tivesse perdido meu tempo assistindo a ele. 

Existem produções melhores de ficção científica no próprio catálogo da Netflix, algumas até sendo produções originais do streaming, mas Atlas é o tipo de filme para um sábado chuvoso, em que você não faz ideia do que assistir e esbarra em uma sugestão no seu perfil.

Atlas estreia na Netflix no dia 24 de maio.

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