Na mesa "Além Fronteiras: Como a Vacinação Transforma Sociedades", durante a Rio Innovation Week, nesta sexta-feira, 15, cientistas, médicos e empresária foram unânimes em ressaltar a importância da vacinação. "Não adianta ter a vacina e ela não chegar ao braço das pessoas", disse a médica e cientista Sue Ann Costa Clemens, referência internacional em vacinas e atuante na Universidade de Siena e na Fundação Gates. "O Brasil tem condições (técnicas) de liderar a produção de vacinas (para determinadas doenças), mas sem adesão (da população) não adianta nada", ressaltou.
A empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, também participou da mesa, representando também o grupo Mulheres do Brasil, que foi criado em 2013 e reúne quase 200 mil mulheres no País. O grupo atua em defesa de causas públicas, como educação, redução da pobreza e acesso da população a tratamentos de saúde - nessa seara, difunde a importância da vacinação. Atualmente o grupo está mobilizado para disseminar a importância da vacinação contra o HPV. "Precisamos acabar com o câncer de útero no País", destacou Luiza. O HPV é responsável pela imensa maioria dos casos de câncer de útero.
Luiza defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS): "É o melhor sistema de saúde do mundo. Só temos que fazer ele funcionar exatamente como foi criado, como está previsto na lei", afirmou.
A empresária relembrou uma premiação internacional que recebeu, como representante do grupo Mulheres do Brasil, pelo empenho na vacinação durante a pandemia de Covid-19: "Tinha um ganhador de prêmio Nobel ao meu lado, eu me senti pequenininha", contou.
A cientista Sue Ann interveio para ressaltar a importância da mobilização, trabalho que resultou no prêmio concedido ao grupo: "Não adianta ter a vacina e ela não chegar ao braço das pessoas", ressaltou.
Responsável por importantes pesquisas relacionadas à vacinação, tanto de Covid-19 como de diversas outras doenças, Sue Ann relembrou o que despertou sua curiosidade por essa área: "Eu observava os caramujos e descobri a esquistossomose (doença cujo transmissor se hospeda em espécies de caramujo), aí me perguntava: 'por que não tem tratamento para essa doença?'"
A cientista destacou um paradoxo: "A imunização é inimiga da vacinação", afirmou, explicando que, quando as pessoas estão imunizadas e a doença desaparece, as pessoas acham que não é preciso mais se vacinar, e é por isso que a doença acaba ressurgindo.
O diretor geral do Instituto Internacional de Vacinas, Jerome Kim, também participou do debate, que foi mediado por Isabela Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. "A vacina tem que ser acessível a todos, ricos ou pobres", ressaltou Kim.