Enquanto a SpaceX analisa os dados do terceiro teste de voo do foguete Starship, o primeiro lançamento continua surpreendendo. Pesquisadores da Universidade da Flórida Central analisaram a primeira missão do protótipo do veículo, e descobriram que sua explosão poderia ser comparada à de uma erupção vulcânica.
O primeiro teste de voo do Starship aconteceu em abril de 2023, e acabou com a explosão do foguete cerca de cinco minutos depois de deixar a plataforma. A explosão foi forte o suficiente para destruir a plataforma e lançar grandes pedaços de concreto pelo céu.
Para entender a dimensão do ocorrido, Philip Metzger e seus colegas analisaram vídeos da missão e amostras do material ejetado pela explosão. Eles notaram que o ocorrido não poderia ser explicado simplesmente pela exaustão e força dos motores do foguete; deveria haver algum outro fator intensificando-a.
Metzger recorda que a explosão do Starship lançou grandes pedaços de concreto a 20 metros de altura a 90 m/s, que caíram no oceano. "Se fossem só as forças do gás da exaustão do foguete, não teria acelerado estes grandes pedaços a esta velocidade", observou ele.
No fim, a equipe concluiu que aconteceu algo parecido com a erupção de um vulcão: as erupções acontecem devido à pressão, que se acumula sob uma espécie de tampa até que explode. No caso do vulcão, tal estrutura seria rochosa, mas no lançamento do Starship era sua plataforma.
A pressão foi causada pelo gás quente dos motores e pela água sob a plataforma. Com o calor, a água virou vapor, que se expandiu e explodiu a estrutura.
Após a explosão, pequenas partículas foram encontradas em áreas a até 10 km de onde houve o lançamento. Ao analisar amostras, os pesquisadores descobriram que o material era, principalmente, areia do solo sob a plataforma.
O artigo com as descobertas foi publicado no repositório arXiv.
Foguete Starship
O Starship é um foguete formado pelo propulsor Super Heavy e pelo Starship, a espaçonave propriamente dita. O resultado do primeiro teste do sistema não é totalmente inesperado: antes do lançamento, Elon Musk, CEO da empresa, havia declarado que "a carga útil para essa missão é a informação: a informação que vai nos permitir melhorar o design dos futuros Starship".
No entanto, os efeitos da explosão foram diferentes daqueles já vistos em incidentes do tipo com outros foguetes. Quase todas as plataformas de lançamento têm estruturas de mitigação de danos, como sistemas de supressão de chamas; apesar de estes recursos serem padrões na indústria, a SpaceX optou por não usá-los.
"Eles sabiam que isso poderia ser um risco, mas o objetivo era testar o foguete e a plataforma de lançamento era secundária", disse Paul van Susante, da Universidade Tecnológica de Michigan. "Agora, eles instalaram uma grande placa de aço e um sistema de inundação, de modo que não é provável que essa falha ocorra novamente". E de fato: no segundo e terceiro lançamentos, a plataforma não foi danificada.
De qualquer forma, investigar a explosão e seus efeitos é essencial para a criação de infraestrutura adequada para lançamentos de foguetes a destinos distantes. "Se você for à Lua e danificar os motores do foguete como fizeram aqui, não poderá voltar [para a Terra]", alertou Metzger.
Fonte: arXiv; Via: NewScientist
Trending no Canaltech:
- X-Men '97 | A abertura clássica é um plágio de uma música brasileira?
- 10 filmes mais assistidos da semana (23/03/2024)
- Polícia do Piauí recupera 5 mil celulares roubados com novo programa
- NVIDIA apresenta nova demo da tecnologia de IA para dar vida a NPCs
- As 50 piadas mais engraçadas do Google Assistente
- Brasil pode proibir circulação de carros a gasolina em 2040