Em 2020, os cientistas por trás da missão OSIRIS-REx, da NASA, descobriram que o asteroide Bennu costuma ejetar materiais para o espaço com frequência. Agora, um novo estudo encontrou assinaturas em meteoritos caídos na Terra que podem ajudar a revelar o mecanismo por trás desse fenômeno.
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O estudante de pós-graduação Xin Yang e o autor sênior Philipp Heck, ambos do Field Museum's Robert A. Pritzker Center, em Chicago, conduziram um estudo que começou meio por acaso. Eles estudavam um meteorito chamado Aguas Zarcas, doado ao museu. Eles estavam separando os componentes da rocha quando algo inesperado aconteceu.
Ao tentar isolar minerais pequenos do meteorito, congelando-o com nitrogênio líquido e descongelando-o com água morna, a equipe foi surpreendida. "Isso funciona para a maioria dos meteoritos, mas este foi meio estranho — encontramos alguns fragmentos compactos que não se desfaziam", disse Yang.
Quando algo assim acontece, os cientistas geralmente apenas esmagam os componentes. Yang, entretanto, preferiu não transformar o material em areia, então a equipe decidiu tentar descobrir o que eram essas pedrinhas e por que elas eram tão resistentes à quebra. "Fizemos tomografias computadorizadas para ver como os seixos se comparam às outras rochas que compõem o meteorito", contou Heck.
Então, perceberam que esses seixos resistentes tinham formatos "esmagados" e a mesma orientação. Isso significa que todos eles foram deformados na mesma direção, por um processo único. "Algo tinha acontecido com os seixos que não aconteceu com o resto da rocha ao redor deles", disse Heck.
Ao se lembrar do asteroide Bennu "cuspindo" pedras no espaço, a equipe montou uma hipótese que pode explicar o pequeno meteorito e o fenômeno descoberto pela OSIRIS-REx.
De acordo com o artigo, o asteroide-pai do Aguas Zarcas sofreu uma colisão em alta velocidade e a área de impacto ficou deformada. As variações extremas de temperatura na superfície à medida que o asteroide gira o tornam quebradiço. Assim, ela se desfaz em vários cascalhos.
Então, os seixos esmagados pelo impacto e arrancados pelas temperaturas extremas são ejetados da superfície do asteroide, talvez por impactos menores — não precisa de muita perturbação para pequenos objetos serem ejetados de um asteroide com velocidade de escape baixa. O próprio Bennu tem pouca massa e, portanto, baixa atração gravitacional.
Os seixos ficam em uma órbita lenta ao redor do asteroide e caem de volta na superfície, em um local que não sofreu deformação com a colisão anterior. Contudo, outro impacto transforma os seixos em uma rocha sólida e coesa, misturando os diferentes tipos de seixos formados antes. O mesmo impacto, ou alguma outra colisão posterior, pode desalojar a nova rocha, enviando-a para o espaço em direção à Terra.
Essa teoria foi testada em simulações e pode, de fato, explicar bem a presença de seixos de diferentes tipos encontrados no meteorito Aguas Zarcas, assim como poderia explicar os arremessos de fragmentos no Bennu. Entretanto, será necessário encontrar outros meteoritos como este para saber se o mecanismo descrito acima vale para todos os casos de seixos resistentes.
O artigo foi publicado na Nature Astronomy.
Fonte: Nature Astronomy, Field Museum
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