Evento de Carrington: tempestade solar foi maior do que parecia

Novas análises de dados magnéticos mostram que o Evento de Carrington, a maior tempestade solar da história, foi ainda mais intensa do que se pensava

22 mar 2024 - 12h36
(atualizado às 12h57)
O Evento de Carrington foi causado por uma forte ejeção de massa coronal (Imagem: Reprodução/NASA)
O Evento de Carrington foi causado por uma forte ejeção de massa coronal (Imagem: Reprodução/NASA)
Foto: Canaltech

Parece que a maior tempestade solar da história foi ainda mais forte do que considerávamos até então. Em um estudo liderado por Ciaran Beggan, do Serviço Geológico Britânico (BGS), pesquisadores analisaram registros do campo magnético da Terra feitos durante o Evento de Carrington, em 1859, e descobriram que a intensidade e velocidade de mudanças no campo indicam que o evento foi duas vezes mais intenso.

Muito do que se sabe sobre o Evento de Carrington vem de descrições de astrônomos contemporâneos ou de registros magnéticos. O problema destes dados, no entanto, é que eles não têm os números que detalham a intensidade da tempestade magnética, o que impede que os pesquisadores determinem o quão forte foi.

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É aqui que entra o novo estudo. Beggan e seus colegas trabalharam com registros do Evento feitos por dois observatórios em Londres, e concluíram que a intensidade e velocidade de mudança do campo magnético da Terra indicam que o Evento de Carrington teve intensidade observada uma vez a cada 100 anos, ou até uma vez a cada mil anos.

Os resultados deixam a tempestade solar mais próxima das estimativas descritas em um artigo científico publicado em 1861; contudo, os dados da publicação foram revisados por físicos e a intensidade deles foi diminuída, porque cientistas consideraram que os registros não eram precisos. "Observando a taxa de alteração [da intensidade do campo magnético] calculada a partir dos magnetogramas, são pelo menos 500 nanotesla por minuto, o que corrobora o que os documentos originais de 1861 sugeriam", explicou Beggan. 

Isso significa que o Evento de Carrington foi quase duas vezes maior (em intensidade) do que o esperado para um evento observado uma vez a cada século, de 250 nanoteslas. Os autores também identificaram algumas leituras de uma aparente tempestade geomagnética, que teria ocorrido alguns dias antes da de Carrington e contribuído para sua força. 

O artigo que descreve as descobertas foi publicado na revista Space Weather.

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Evento de Carrington, a maior tempestade solar 

E, afinal, o que foi o Evento de Carrington? O nome descreve uma grande tempestade solar ocorrida no começo de setembro de 1859, quando faltavam poucos meses para o máximo solar (etapa em que o Sol fica mais ativo em seu ciclo de 11 anos). Em agosto, Richard Carrington, astrônomo amador, percebeu que a quantidade de manchas solares estava aumentando, e as desenhou em seu caderno.

Foto: NASA/SDO / Canaltech

Enquanto desenhava, ele viu um flash de luz repentino que durou cerca de cinco minutos. Hoje, sabemos que a luz veio de uma ejeção de massa coronal (CME), uma explosão de plasma magnetizado da atmosfera superior do Sol. Normalmente, as CMEs levam alguns dias para chegar à Terra, mas aquela nos alcançou em menos de 18 horas.

No dia seguinte após a observação do evento, a Terra sofreu uma tempestade geomagnética sem precedentes: a comunicação via telégrafo falhou em todo o mundo, operadores dos aparelhos sentiram choques elétricos, e auroras boreais, que costumam acontecer só em latitudes polares, foram visíveis nos trópicos. 

Se uma tempestade solar da escala do Evento de Carrington acontecesse hoje, os problemas seriam ainda maiores: tal fenômeno certamente afetaria a internet, suspendendo temporariamente operações e diferentes serviços essenciais para nossa vida.

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Fonte: Space Weather; Via: NewScientist

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