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RJ: prisões em operações policiais crescem 300% na Baixada

Aumento aconteceu nos últimos três anos, liderado pela Polícia Militar. Pesquisador propõe “desinvestimento” em polícia

5 mar 2024 - 05h00
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Resumo
O número de operações realizadas pelas polícias Militar e Civil na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, aumentou 300% nos últimos três anos. Duque de Caxias lidera o ranking. A quantidade de pessoas presas nessas ações também cresceu. PM realizou nove entre dez ações.
Polícia Militar faz operação em comunidades da Baixada Fluminense. “Ações são pautadas por critérios técnicos”, diz PM
Polícia Militar faz operação em comunidades da Baixada Fluminense. “Ações são pautadas por critérios técnicos”, diz PM
Foto: Tânia Rego/AB

Nos últimos três anos, a quantidade de prisões em operações policiais na Baixada Fluminense cresceu 300%. Somente no ano passado, aumentou 53%, mesmo com diminuição de 18% das ações, especialmente da Polícia Militar. Esses e outros dados foram compilados pela Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial, em relatório anual recém-lançado.

No ano passado, a média de presos e de operações das polícias Civil e Militar ficou praticamente igual: pouco mais de três por dia. Das 1.234 ações na Baixada Fluminense, em somente cinco foi apreendido mais de 1 quilo de droga. 22 pessoas morreram e 1.180 foram presas.

O relatório do IDMJ Racial compila dados sobre operações policiais desde 2020. Duque de Caxias lidera o ranking. Há pelo menos dois motivos para a realização do levantamento.

O Instituto de Segurança Pública (ISP), que produz estatísticas, não informa as operações policiais no Rio de Janeiro. Essas ações sofreram restrições desde a pandemia, como usar helicópteros para plataforma de tiros, conforme ação no Supremo Tribunal Federal (ADPF 635).

Procurada pelo Visão do Corre, a Polícia Militar, que realiza 91% das operações policiais na Baixada Fluminense, informou que “as ações da corporação são pautadas por critérios técnicos, planejamento prévio e dentro do previsto na legislação vigente, sempre com a preocupação central de preservar vidas”.

O coordenador-executivo do IDMJ Racial, Fransérgio Goulart, detalha o relatório em seis respostas.

Qual a fonte das informações do levantamento?

São dados retirados do monitoramento das redes sociais oficiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro e da Polícia Civil, como Twitter, Instagram. A quantidade de ações policiais não é uma categoria do Instituto de Segurança Pública (ISP). Dele usamos as estatísticas drogas, armas e desaparecidos.

Houve pequena diminuição no número de ações policiais no ano passado, por quê?

Uma hipótese é que a diminuição representa um aumento dos desaparecimentos forçados, porque quando não há corpos, não vira dado. Isso é muito importante dizer. No caso da Baixada Fluminense, o projeto de milicialização como política de segurança pública domina quase 93% do território.

O que é milicialização?

As milícias presentes nas casas legislativas, diretamente ou indiretamente, e no Executivo.

O que explica a liderança no número de ações policiais do 15º, 20º e 21º batalhões?

São áreas em que a milícia ainda disputa alguns territórios com o Comando Vermelho. E também, recentemente, por um acirramento dos conflitos entre milícias.

Da perspectiva das operações policiais, que diminuíram, o encarceramento aumentou. Isso demonstra eficiência?

Isso levanta uma hipótese e se relaciona com a seguinte discussão: na perspectiva de privatização do sistema prisional, corpos pretos presos são lucrativos.

Vocês propõem o desinvestimento em polícias, poderia explicar?

Pensar em tirar dinheiro da polícia para colocar em políticas sociais, de educação e assistência, é fundamental. Temos dialogado com organizações pretas dos Estados Unidos, que vem produzindo esse projeto de desinvestimento das polícias. Que não é novo, é um legado dos Panteras Negras: fortalecer o trabalho comunitário tirando dinheiro da polícia.

Fonte: Visão do Corre
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