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Chefs se perdem tentando reproduzir clássicos na versão vegana

MasterChef colocou um desafio para os competidores profissionais: reproduzir pratos clássicos sem nada de origem animal.

29 set 2023 - 16h17
(atualizado às 17h54)
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Foto: Reprodução/Instagram MasterChef

O programa de televisão MasterChef Brasil, exibido na última terça-feira (26), teve uma dinâmica diferente, que contou com um desafio que assustou os competidores (grandes chefs de cozinha).

A prova era o famoso “leilão de tempo” do programa: os jurados abriram o cloche e os participantes se depararam com um prato clássico: feijoada, strogonoff, picadinho, moqueca, entre outros. De modo geral, são pratos fáceis de serem reproduzidos por chefs profissionais.

No entanto, quando todos estavam com os seus pratos, e com seus tempos conquistados em leilão, o jurado Érick Jacquin perguntou para os competidores: ''todo mundo tá feliz?" e todo mundo respondeu ''sim, chef!''

Então Jacquin olha para o Fogaça e diz: ''Fogaça, você estava falando o que agora?'' Fogaça diz que tá muito fácil essa prova e o Jacquin concordando, diz: ''vou mudar a regra, vou mudar tudo, eu quero a versão vegana!''.

E a chef e jurada Helena Rizzo disse: ''ou seja, nenhum ingrediente de origem animal!''.

Essa mudança assustou demais os competidores, que de cara deu para perceber que eles não faziam ideia do que fariam ou como fariam.

Durante a prova, deu para ver o desespero estampado no rosto e nas atitudes de cada chef. Não é para menos, pois estavam tentando reproduzir um prato clássico na versão vegana. Deu para ver que a maioria não tinha habilidades com alimentos de origem vegetal.

O chef competidor Franklin disse antes da prova: ''vários ingredientes veganos, vegetais muito bonitos e frescos, tem tudo para ser bonita essa prova''. Porém, oque se mostrou na sequência é que a prova foi um desastre!

Teve strogonoff apenas com cogumelos, tartar com cogumelo cru, feijoada sem tempero, sem nenhum produto ou alimento defumado (e tinha tofu defumado disponível no mercado).

Chefs profissionais, com passagem em grandes restaurantes e escolas de gastronomia renomadas, não souberam explorar os alimentos vegetais, não produziram nada, não criaram, ficaram completamente desnorteados. Escancarando a cultura especista e dependente de pedaços e derivados de animais, na qual vivemos e estamos inseridos de forma tão profunda.

Até porque, tirar produtos de origem animal como base de qualquer preparo em um país onde o consumo de origem animal impera, e é visto como único e insubstituível, é como tirar tudo o que a maioria das pessoas conhece como possibilidade.

A prova demonstrou o quanto estamos acomodados com um formato alimentar totalmente monótono e sem diversidade. Além disso, essa prova expressou a cultura da alta gastronomia no Brasil. Mas não só isso, pois no cotidiano é comum a população depender muito de preparos animais.

A prova até passa uma imagem de que o programa estava preocupado com a pauta, em relação à alimentação sem nada de origem animal.

É óbvio que os chefs teriam dificuldades extremas, na nossa sociedade ninguém é educado para cozinhar comidas elaboradas com vegetais, muito menos em escolas de gastronomia, onde exaltam quem produz e reproduz os melhores pratos de origem animal.

De modo geral, foi um desserviço ao veganismo, porque a prova, quando aplicada como um desafio complicado para os profissionais, alimenta ainda mais o estereótipo de que comida vegana é difícil e sem sabor.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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