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O pó que faz a fumaça: produção de cocaína destrói florestas e ignora a COP30

Tema não está destacado na programação, mas deveria: do plantio ao refino, cocaína deixa um rastro de crimes ambientais

10 nov 2025 - 08h28
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Resumo
A bacia Amazônica é hoje a maior produtora de cocaína do mundo, com posição estratégica na cadeia de produção e abastecimento dos principais mercados consumidores. A degradação ambiental é um dos legados mais perversos da droga.
A derrubada de árvores para plantio da coca abre espaço para pastagem e mineração ilegal, financiada pelo tráfico
A derrubada de árvores para plantio da coca abre espaço para pastagem e mineração ilegal, financiada pelo tráfico
Foto: Polícia Federal do Amazonas e Polícia Nacional do Peru

Plantada onde antes havia floresta, refinada poluindo rios e impulsionando o crime organizado em periferias de cidades como Manaus e Belém, a cocaína deixa, além de violência e vício, um rastro de crimes ambientais na região amazônica — hoje a principal produtora do mundo. O tema, porém, não é destaque na COP30.

“A produção de cocaína não é vista como causa de degradação ambiental, mas destrói florestas para plantio e gera financiamento, por exemplo, para mineração, que está acabando com a Bacia Amazônica”, diz David Restrepo, pesquisador colombiano e um dos autores do relatório Floresta em Pó, lançado na COP30.

A perda florestal ligada ao cultivo da folha de coca dobrou na última década, com taxas anuais que ultrapassaram 20 mil hectares em alguns anos. Isso equivale a 28 mil campos de futebol, 127 parques do Ibirapuera, em São Paulo, ou 40 bairros de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Na última década, desmatamento para plantio da coca chegou a atingir área equivalente a 40 bairros de Copacabana
Na última década, desmatamento para plantio da coca chegou a atingir área equivalente a 40 bairros de Copacabana
Foto: Polícia Federal do Amazonas e Polícia Nacional do Peru

Cocaína degrada o meio ambiente do plantio ao refino

Colômbia, Peru e Bolívia lideram o plantio e a produção de coca, concentrada sobretudo em áreas de floresta, regiões de cordilheira e zonas de fronteira com baixa presença do Estado. Esse cenário favorece a atuação de organizações criminosas transnacionais à frente de uma “cultura de fronteira”.

Isso significa que, ao derrubarem a floresta para plantar o arbusto do qual se extraem as folhas de coca, os cultivadores abrem espaço para a expansão do pasto destinado ao gado e para atividades ilegais, como o garimpo na região de Roraima.

O processamento da cocaína lança substâncias altamente tóxicas no meio ambiente. Segundo o relatório Floresta em Pó, a produção de um quilo de “pasta-base” de cocaína consome cerca de mil litros de amônia e 320 litros de gasolina.

Quando alguém cheira cocaína ou fuma uma pedra de crack, vários crimes ambientais foram cometidos antes.
Quando alguém cheira cocaína ou fuma uma pedra de crack, vários crimes ambientais foram cometidos antes.
Foto: Paulo Pinto/AB

Pistas clandestinas do tráfico invadem áreas indígenas

O relatório Floresta em Pó cita um levantamento do MapBiomas, divulgado no ano passado, sobre pistas de pouso e decolagem clandestinas abertas pelo narcotráfico. Quase um terço delas está em terras indígenas — 75 apenas no território Yanomami —, “onde há evidências claras da confluência entre narcotráfico e garimpo ilegal”, aponta o estudo.

No Pará, das 882 pistas clandestinas identificadas, 687 estavam em áreas próximas ou dentro de terras indígenas e unidades de conservação. Essas regiões também vêm sendo invadidas para a instalação de laboratórios clandestinos de refino de cocaína.

“Infelizmente, embora haja bastante debate na programação da COP30 sobre crime organizado e da violência, especialmente na Amazônia Legal, a pauta de drogas está bastante ausente, justamente por isso a gente lançou essa publicação, explica Rebeca Lerer, coordenadora latino-americana da Coalizão Internacional pela Reforma da Política de Drogas e Justiça Ambiental.

Fonte: Visão do Corre
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