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Proposta de criação do Palmeiras saiu em jornal que cobria a várzea em SP

Imigrantes trabalhadores, como os italianos, eram jogados para escanteio pela imprensa e pela elite do futebol paulista

4 jul 2025 - 08h24
(atualizado às 08h30)
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Resumo
O jornal Fanfulla, escrito em italiano, destacou-se no início do século 20 ao cobrir o futebol de várzea em São Paulo. Foi crucial na fundação do Palmeiras e na representação dos imigrantes italianos na imprensa esportiva.
Palestra Italia em seu primeiro jogo, vencendo o Savoia por 2 a 0. Com a vitória, conquistou a Taça Savoia em 1915.
Palestra Italia em seu primeiro jogo, vencendo o Savoia por 2 a 0. Com a vitória, conquistou a Taça Savoia em 1915.
Foto: Reprodução

Um pequeno e ousado jornal publicado em italiano, a Fanfulla, desbancou a grande imprensa paulistana no início do século passado ao cobrir o futebol de várzea. Entre suas contribuições ao Palmeiras está a publicação da proposta de fundação do time e a notícia da primeira partida.

 Ler a Fanfulla, fundado em 1893, representava a afirmação da identidade dos imigrantes, em geral trabalhadores pobres. Foi a conexão afetiva com suas páginas que encorajou Vicente Ragognetti a enviar uma carta propondo que o jornal fosse “portador e propagandista” de um “clube de futebol italiano”.

Essa carta, o pontapé inicial para a criação do Palestra Italia, foi publicada na edição de 13 de agosto de 1914 da Fanfulla. Dias depois, em 26 de agosto, era fundado o time que atualmente é a Sociedade Esportiva Palmeiras, em busca de um título no Mundial de Clubes.

Reprodução de trecho da carta enviada ao jornal Fanfulla propondo a criação de um time de futebol da colônia italiana.
Reprodução de trecho da carta enviada ao jornal Fanfulla propondo a criação de um time de futebol da colônia italiana.
Foto: Reprodução

A notícia do primeiro jogo oficial do Palestra Italia foi publicada no dia seguinte pela Fanfulla, em 14 de agosto de 1916. O time estreou empatando em 1 x 1 com o Mackenzie pelo campeonato promovido pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA).

Um pequeno jornal desbanca a imprensa esportiva

Na virada do século 19 para 20, a elite paulistana se empenhava em divulgar o futebol, que cresceu rapidamente em uma São Paulo com cerca de 250 mil habitantes. A capital foi o berço do esporte como modalidade organizada, com regras e estádios.

Mas os jornais não davam bola para os times do povão. O Estado de S. Paulo, Correio Paulistano, entre outros, resistiam e não divulgavam a prática nas periferias da cidade. Era onde o futebol se alastrava, por campos de terra e terrenos de várzeas.

Reprodução da notícia da primeira partida em campeonato oficial: Palestra Italia venceu o Mackenzie.
Reprodução da notícia da primeira partida em campeonato oficial: Palestra Italia venceu o Mackenzie.
Foto: Reprodução

Mesmo quando os populares iam aos estádios, não eram notados pelos jornalistas, que preferiam ressaltar as qualidades dos torcedores da elite e de seus times. Ao tentar evitar a popularização do futebol, os organizadores de campeonatos passaram a cobrar ingressos.

Eles não queriam que “os aficcionados da periferia” invadissem os campos, escreve o jornalista André Ribeiro no livro Os Donos do Espetáculo: Histórias da Imprensa Esportiva do Brasil.

Fanfulla entra em campo com fúria

O cenário começou a mudar a partir de 1903, com a Fanfulla, escrito em língua italiana, pequeno em relação à imprensa dominante. O jornal passou a cobrir os jogos e a divulgar os resultados dos clubes varzeanos.

Momento do jogo entre SPAC e Paulistano, no campo do Velódromo, em 1902. Início do futebol em São Paulo.
Momento do jogo entre SPAC e Paulistano, no campo do Velódromo, em 1902. Início do futebol em São Paulo.
Foto: Reprodução

De acordo com a professora Teresa Malatian, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no início do século havia “em movimento crescente, um público urbano letrado, resultado da migração de ex-colonos das fazendas para as cidades, atraídos pela industrialização”.

Em 1910, a tiragem diária da Fanfulla era de 15 mil exemplares. Em 1934, chegou a 40 mil. Jornais tradicionais como O Estado de S. Paulo podiam atingir a média de 20 mil exemplares nos anos 1920, conforme a professora Teresa.

A Fanfulla, assim como o futebol, cresceria muito ao longo dos anos a ponto de Ribeiro destacar que o periódico “entrou para a história como o jornal de maior circulação na década de 1920”.

Fonte: Visão do Corre
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