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Flamengo Vila Maria, 82 anos de várzea: “No Rio, nem sabem que existimos”

Clube fundado em 1942 une futebol, carnaval e tradição na zona norte de São Paulo. Campo fica na Marginal Tietê

16 jun 2025 - 21h50
(atualizado em 17/6/2025 às 09h05)
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Resumo
O Flamengo Vila Maria é um símbolo da várzea paulistana. Fundado por jovens na praça Santo Eduardo, mantém sede própria, revela talentos, organiza bloco de carnaval e desafia gigantes em campeonatos disputados. Dirigentes opinam sobre Flamengo do Rio de Janeiro no Mundial de Clubes.
Garotos entre 12 e 15 anos do Flamengo da Vila Maria tem ganhado vários campeonatos. Time joga junto desde os oito anos de idade.
Garotos entre 12 e 15 anos do Flamengo da Vila Maria tem ganhado vários campeonatos. Time joga junto desde os oito anos de idade.
Foto: Divulgação

O campo de grama sintética recém-inaugurado, ao lado da Marginal Tietê, na capital paulista, é o chão sagrado de um dos clubes mais emblemáticos do futebol amador paulistano: o Flamengo Vila Maria. Fundado em 1942, chegará aos 83 anos no próximo 12 de setembro como símbolo da resistência varzeana — com estrutura, história rica e uma conexão forte com a zona norte.

“Contra nós, nunca é jogo fácil”, garante Gilson da Silva, 61, diretor de Esportes. Ex-jogador de várzea, presidiu o São Sebastião, da Vila Guilherme, por uma década. Adversário do Flamengo por anos, virou aliado. “O presidente me chamou para ajudar. Em 2017, montei o time e sigo até hoje.”

O presidente é Osvaldo Augusto, o Vadão, 62, corintiano e cria da Vila Maria. “Meu pai era do time desde criança. Não foi fundador, mas é das antigas. Fundador mesmo, acho que nenhum está vivo”, diz Vadão.

Osvaldo Augusto, presidente do Flamengo da Vila Maria, segundo da direita para esquerda, com torcedores do time.
Osvaldo Augusto, presidente do Flamengo da Vila Maria, segundo da direita para esquerda, com torcedores do time.
Foto: Divulgação

A origem do clube remonta a uma tarde na praça Santo Eduardo. “Um grupo de jovens jogava bola com camiseta vermelha. Decidiram ali que o time se chamaria Flamengo. Não tem nada a ver com o do Rio, só a camisa e o nome”, explica o presidente. “Nunca tivemos apoio, grana, nem sequer uma visita.”

Campo de grama sintética, um sonho de décadas

A conexão mais forte entre os dois times foi pontual. “Mandamos uma camisa pro Zico uns anos atrás. Ele tirou uma foto. Mas creio que no Rio de Janeiro nem saibam que a gente existe”, diz o presidente.

A sede própria do clube fica na Vila Maria. O campo, ao lado da Fundação Casa, tem vestiário, alambrado, bar e, desde fevereiro de 2025, grama sintética, inaugurada com amistoso contra o Corinthians Master. Gilson, corintiano, jogou um pouco ao lado de ídolos como Vladimir e Zenon. “Foi emocionante.”

Tiquinho, torcedor-símbolo do Flamengo da Vila Maria, falecido recentemente, carregava no peito duas paixões.
Tiquinho, torcedor-símbolo do Flamengo da Vila Maria, falecido recentemente, carregava no peito duas paixões.
Foto: Divulgação

Aos domingos, a cena é de festa e bola rolando para todas as idades no campo da Marginal Tietê: rachão dos coroas, time principal, categorias de base a partir dos 14 anos.O pessoal raiz do Flamengo” joga aos sábados, explica o diretor.

O clube vai iniciar a 1ª Copa Flamengo de Categorias de Base e mantém tradição na formação de atletas. “Nossa base vem ganhando quase tudo dos 12 aos 15 anos. São meninos da quebrada, jogando juntos desde os oito anos”, diz o presidente.

Troféus não caberiam na sede do Flamengo Vila Maria

O Flamengo disputa dois campeonatos por ano. “É o que conseguimos bancar. Chega a custar de oito a dez mil por jogo. Tem time que gasta vinte. Nós temos que fazer trabalho de garimpo”, explica Gilson. “A várzea para jogador está ótima, mas para dirigente, tá cada vez mais difícil”, completa Vadão.

Símbolo do Flamengo Vila Maria é o personagem Popeye, símbolo de força. Não há jogo fácil contra o time da zona norte.
Símbolo do Flamengo Vila Maria é o personagem Popeye, símbolo de força. Não há jogo fácil contra o time da zona norte.
Foto: Divulgação

Mesmo assim, segundo o presidente, a marca do time da Vila Maria é competir de igual pra igual. “O que nós temos é isso: a gente joga com qualquer um. Pode perder ou ganhar. O ruim é não jogar em igualdade. Mas sempre batemos de frente.”

No primeiro semestre, jogaram a Copa 9 de Julho, caindo nas quartas contra um time com 18 ex-profissionais. Agora vão à Copa Martins Neto, uma das maiores da cidade, com 128 times. Em 2024, foram vice-campeões da zona norte.

As prateleiras do clube não comportariam todos os troféus. “A gente costuma dar pro melhor em campo, porque não tem mais onde guardar”, diz Vadão. Entre os maiores feitos, estão o bicampeonato varzeano nos anos 60, a Copa Estrela da Vila Nive (2015) e a Copa Lauzane (2019).

Leci Brandão é a madrinha do Bloco Carnavalesco Flamengo da Vila Maria. Respeito pela história do time vai de anônimos a famosos.
Leci Brandão é a madrinha do Bloco Carnavalesco Flamengo da Vila Maria. Respeito pela história do time vai de anônimos a famosos.
Foto: Divulgacao/Afropira

“Acho muito difícil pro Flamengo no Mundial”, diz diretor

Entre os que passaram pelo Flamengo Vila Maria, estão Ataliba, que jogou no Corinthians. Denner, falecido precocemente nos anos 90, frequentava o samba da sede. “Ele jogava no Camisa Verde e Branco, aparecia todo sábado. Já era um absurdo de bola”, lembra Vadão.

Por falar em Camisa Verde e Branco, nome de uma das escolas de samba mais tradicionais de São Paulo, a equipe da zona norte mantém o bloco carnavalesco Flamengo da Vila Maria. Foi reativado pelo presidente há cerca de 15 anos. Hoje é sucesso: reúne milhares no carnaval paulistano. A madrinha bloco é Leci Brandão.

Antes de concluir a entrevista, inevitável perguntar ao presidente e ao diretor o que pensam do primo rico, o Flamengo do Rio de Janeiro, no Mundial de Clubes. “Eu acho que do Brasil, é o único com chance. Mas vai ser difícil”, avalia Vadão. Gilson é mais cético: “Os times de fora estão anos-luz à frente. Acho muito difícil pro Flamengo.”

Fonte: Visão do Corre
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