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Galinhos reúne belas praias, caipiroscas e esquibunda no RN

Desvendamos um dos maiores segredos da costa do RN, onde o mar brinca com as dunas e forma um dos mais bucólicos cenários do Nordeste

7 out 2013 - 07h32
(atualizado às 07h32)
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É longe, difícil de chegar, mas vale muito a pena. O povoado de Galinhos, a cerca de 200 km de Natal, já perto da divisa com o Ceará, é um dos mais isolados do litoral potiguar: fica na ponta de uma península, entre o oceano e um extenso mar de areia, conhecido como Dunas do Capim. Por conta da distância, pouca gente vai até lá, e Galinhos continua sendo o que sempre foi. É apenas mais um tranquilo e esquecido vilarejo de praia de nome curioso, tal como já foram, no passado, as badaladas vilas cearenses Jericoacoara e Canoa Quebrada. Talvez isso mude em alguns anos e Galinhos siga destino similar ao dessas delícias nordestinas que o mundo todo já descobriu. Afinal, Galinhos tem praias e dunas tão belas quanto as das duas, só não tem, ainda, a mesma fama.

Até alguns anos atrás, Galinhos não tinha nada de estrutura turística. Mesmo hoje, continua tendo pouca coisa além de sua tranquilíssima vila de pescadores e da bucólica paisagem. No vilarejo, onde vivem cerca de duas mil pessoas, o único movimento nas poucas ruas, metade delas ainda de areia, é das carroças, que servem de táxi para os parcos turistas que chegam, e dos bugues que fazem passeios.

Não há carros em Galinhos simplesmente porque não há estrada até lá. As únicas formas de chegar são em veículo 4x4, vindo pela praia a partir da vizinha Caiçara do Norte, e de barco, atravessando o braço de mar que isola o vilarejo do continente. Quem encara a distância e o tempo da viagem, porém, é recompensado com dunas, praias completamente desertas e uma vila de pescadores que ainda preserva muito de seu astral original.

Ali, não há muito o que fazer a não ser curtir aquele sossego e o sol generoso da região, onde quase nunca chove. Os nativos até dizem que é impossível o visitante topar com um dia nublado porque o sol impera todos os dias em Galinhos.

A chuva nos primeiros meses do ano serve apenas para aliviar o calor forte. Lá é tão quente que, de dia, é difícil encontrar alguém circulando pelas ruas. Só no fim da tarde é que o pessoal começa a sair de casa e a colocar cadeiras na porta para prosear com os amigos, hábito comum nas pequenas vilas do Nordeste. Assim como o fato de que todo mundo é parente ou se conhece pelo nome. O pessoal é amigável, e o visitante logo se sente em casa. Você pode sair cumprimentando todo mundo e certamente será respondido.

O nome do povoado deve-se à quantidade de peixes-galo – espécie conhecida pelo formato único de seu corpo, bastante achatado, lembrando uma folha de papel – naquelas águas, uma das mais salgadas do mundo. Tanto que a região, que inclui Macau, Areia Branca e Porto dos Mangues, é a maior produtora de sal marinho do Brasil.

Nos fins de semana, ainda rola algum agito na praia, fruto do turismo regional e dos passeios bate e volta feitos por quem está em Natal. Mas, para curtir Galinhos como se deve, o melhor é passar ao menos dois ou três dias por lá. É o tempo necessário para desacelerar e aproveitar o ócio sem culpa.

<p>O passeio de barco leva até uma das salinas de Macau, cujas montanhas de sal parecem grandes dunas</p>
O passeio de barco leva até uma das salinas de Macau, cujas montanhas de sal parecem grandes dunas
Foto: Tales Azzi / Editora Europa

Caipiroscas e passeios

À beira-mar, o melhor ponto de apoio é o restaurante da Pousada Brèsil Aventure, que serve deliciosas caipiroscas. Quem passa um tempo ali não tem mais vontade de ir embora. Entre um copo e outro, vale caminhar na praia, que se estende por dezenas de quilômetros sem que se veja viva alma, com exceção de um ou outro pescador.

Para conhecer melhor as redondezas, a opção é seguir numa das carroças puxadas por jegue, que levam até a ponta da península, onde fica o Farol de Galinhos, fincado na areia da praia. No fim da tarde, o pôr do sol visto dali é um dos mais lindos que você poderá admirar na vida: por volta das 17h30, o astro-rei se transforma numa imensa bola vermelha e inicia seu mergulho no horizonte.

Para o outro lado do povoado, a 7 km de distância, fica um belíssimo conjunto de dunas. Dá para ir até lá tanto de bugue como de barco. Nesse último caso, os pescadores usam traineiras ou lanchas rápidas, caso de Junior Tubarão, que tem uma lancha voadeira.

A vantagem de fazer o passeio com o Tubarão é ter o almoço incluso. O jovem pescador tem certa vocação para chef de cozinha e capricha num cardápio até que bem elaborado. Pode ter ceviche, lagosta grelhada, robalo assado ou risoto ao vôngole. Isso se ele não conseguir fisgar, no arpão, o peixe com o qual irá preparar a moqueca, ali na hora, enquanto seus passageiros brincam de esquibunda nas dunas.

O tour segue pelo braço de mar; passa ao lado de um mangue zal habitado pelos rosados pássaros guarás; leva a uma salina de Macau – onde o sal retirado do mar é disposto de forma que fica parecendo dunas de areia – e termina estrategicamente ao lado do farol, quase sempre ao pôr do sol.

Esse trecho foi retirado da revista Viaje Mais, seção Brasil, edição 145.

Editora Europa Editora Europa
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