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Uso de cannabis medicinal na odontologia aumenta 300%

Aplicações vão desde harmonização orofacial ao combate de placa bacteriana

28 abr 2023 - 06h20
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Foto: Adobe Stock

A busca por cannabis medicinal na área odontológica aumentou em 300% de março de 2022 até abril de 2023, segundo levantamento da Cannect, ecossistema de cannabis medicinal da América Latina. 

A alta procura se deu após a liberação da RDC 660, resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do início de 2022, que incluiu o campo de número de registro do profissional de odontologia nos pedidos de importação de medicamentos. 

Apesar de o uso por cirurgiões dentistas ter avançado, só há liberação para venda em farmácias no Brasil para o princípio ativo por administração via oral (absorção sistêmica), quando a necessidade dos pacientes com problemas bucais costuma estar atrelada ao uso de medicamentos tópicos (aplicação local), como pomadas, cremes dentais, enxaguantes bucais e balms, que ainda precisam de importação sob demanda. 

O risco das vendas ilegais

De acordo com Rafael Pessoa, diretor médico da Cannect, apesar de entender a preocupação da Anvisa com o risco de os medicamentos de uso tópico serem vendidos ilegalmente e sem receituário, diminuir a burocratização do processo beneficiaria pacientes que convivem por anos com efeitos colaterais de medicamentos tradicionais, pessoas com câncer ou em cuidados paliativos por exemplo. 

“Sem termos a liberação para estoque dos produtos no Brasil, cria-se uma barreira de acesso a esses pacientes. Produtos de uso tópico não têm absorção sistêmica, apenas local, então o risco de dosagem errada e interações medicamentosas é muito baixo”, explica ele. 

Para Guilherme Martins, cirurgião dentista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Odontologia Canabinoide (SBOCAN), o aumento da procura por tratamentos bucais com cannabis também parte dos pacientes. 

“Tem ocorrido um movimento dentro dos consultórios, onde existe uma alta demanda de pacientes que já perguntam de que forma o ‘canabidiol’ pode auxiliar em bruxismo e dor orofacial, por exemplo. Os pacientes estão cada vez mais cientes desse tipo de terapêutica e têm uma aceitação muito positiva”, diz ele. 

Poucos cirurgiões dentistas prescrevem cannabis medicinal

Ainda sobre a necessidade de avanços da cannabis na odontologia, o país precisa evoluir na área educacional, principalmente nas cadeiras de graduação. Em workshop promovido pela Cannect no início de março, foi percebido que 95% dos participantes que eram cirurgiões dentistas nunca prescreveram cannabis medicinal aos seus pacientes por falta de conhecimento sobre o tema. 

“As faculdades de odontologia devem proporcionar ensino adequado sobre o sistema endocanabinoide desde o início do curso, especificamente relacionado ao sistema estomagnático, que compreende todos os músculos da face, dentes e periodontais. Muito mais do que prescrever fitocanabinoides, é preciso que os profissionais egressos das universidades saibam a forma correta de se modular esse sistema tão rico e importante para a saúde. Nesse sentido, a educação continuada também é primordial”, explica Martins. 

E Pessoa complementa: “Educação e ciência precisam andar de mãos dadas. As sociedades de especialidade e os conselhos precisam investir e fomentar o tema, além de estimular as produções científicas”. 

11 aplicações da cannabis medicinal na odontologia 

O leque de opções de tratamentos por canabinoides por meio odontológico tem se expandido nos últimos anos e possui papel fundamental. As aplicações vão desde a dor crônica, harmonização oroficial, cicatrização de tecidos bucais e controle de bactérias que levam a doenças na gengiva e cáries a patologias relacionadas à modulação da ansiedade, como o bruxismo. 

“Pacientes refratários ao tratamento comum, como nos casos de dor orofacial crônica, podem até diminuir o uso de outros medicamentos ou até mesmo não precisar mais utilizá-los, minimizando assim os efeitos colaterais. Já os enxaguantes bucais à base de fitocanabinoides auxiliam muito os pacientes oncológicos que não conseguem realizar um controle mecânico da placa bacteriana, necessitando desse controle químico, por exemplo”, explica Martins.  

11 principais usos:  

  • 1. Modulação da dor, pelo efeito anti-inflamatório e analgésico; 
  • 2. Modulação da ansiedade para pacientes pré-operatórios;  
  • 3. Bruxismo em vigília por fator de estresse; 
  • 4. Medo ou fobia do tratamento odontológico; 
  • 5. Efeito miorelaxante em pacientes com dor orofacial; 
  • 6. Controle da dor norsiplástica (síndrome da ardência bucal); 
  • 7. Cicatrização de úlceras bucais e tecidos periodontais; 
  • 8. Odontogênese e osteoindução (patologias rrelacionado aos fatores de crescimento em tecidos ósseos); 
  • 9. Controle da placa bacteriana;   
  • 10. Modulação do ciclo circadiano, relacionada à odontologia do sono;  
  • 11. Harmonização orofacial

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da COMPASSO, agência de conteúdo e conexão.

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