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Pesquisadores baianos rastreiam DNA do coronavírus em 3h

Cientistas da Universidade Federal da Bahia utilizam o equipamento Real-Time, que custa R$ 150 mil e chegou ao país em dezembro

8 fev 2020 - 16h26
(atualizado às 17h47)
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SALVADOR - Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) descobriram uma forma mais rápida de identificar a presença do coronavírus no corpo. As 48 horas de espera pelo diagnóstico foram reduzidas para 3, com o uso de um equipamento chamado Real-Time. "Estamos felizes com o resultado, torna tudo mais rápido", comemorou o virologista Gúbio Soares, coordenador do grupo de pesquisa.

O equipamento, que custa R$ 150 mil e foi importado dos Estados Unidos em dezembro do ano passado para o Laboratório de Virologia da universidade, é capaz de verificar se o material genético (RNA) da secreção respiratória contém o gene do coronavírus. Como não houve nenhum caso de infecção no Brasil, Soares conta que substâncias formadas por nucleotídeos - material que compõe o código genético - foram preparadas para reconhecer regiões genéticas do vírus.

Quando o resultado é positivo para coronavírus, é possível visualizar, pela tela do equipamento, uma aparência ondulada nas amostras. Os pesquisadores podem acompanhar todo o processo em tempo real. As amostras são colocadas dentro dos equipamentos em microtubos de 200 microlitros - apenas 15 por vez. A previsão é de que ele seja capaz de analisar, mensalmente, mais de 90 amostras. "Evitamos colocar muitos tubos porque é material biológico, para que as amostras não sejam contaminadas umas com as outras", explicou.

Vestidos com trajes especiais, médicos atendem paciente em hospital provisório montado em Wuhan, na província de Hubei, para tratamento de coronavírus 
05/02/2020
China Daily via REUTERS
Vestidos com trajes especiais, médicos atendem paciente em hospital provisório montado em Wuhan, na província de Hubei, para tratamento de coronavírus 05/02/2020 China Daily via REUTERS
Foto: Reuters

Zika vírus

O grupo, formado também pelas pesquisadoras Silvia Sardi e Rejane Hughes, já havia sido pioneiro na descoberta do zika vírus, utilizando o mesmo equipamento. O primeiro diagnóstico comprovado no País foi divulgado pelo laboratório em 28 de abril de 2015 - até então, o Ministério da Saúde acreditava se tratar de infecção por parvovírus.

Desta vez, eles também utilizaram trabalhos científicos produzidos na própria China para orientar as análises. Para ganhar tempo no diagnóstico, o principal diferencial dos pesquisadores foi decidir que o equipamento verificaria apenas o material genético do coronavírus. Os primeiros testes foram feitos na semana passada. "Nosso objetivo é processar diretamente coronavírus, com maior rapidez. Não vamos perder tempo com outros vírus", indicou Soares.

Os pesquisadores de Salvador não chegaram a considerar, por exemplo, a possível interferência de outros vírus, como o HIV e o ebola. Nesta quinta-feira, 6, cientistas de Wuhan, na China, constataram que duas drogas usadas para combater os vírus também controlavam os efeitos do novo coronavírus. Mesmo dedicado à pesquisa deste, Gubio Soares pede que não haja alarde. "Acho importante que se diga que não é uma doença tão letal, nem tão grave. Não é para ficar aflito com carnaval, nem nada", ressaltou.

Entenda como é feito o diagnóstico de coronavírus pelo Real-Time:

1) Secreções respiratórias são retiradas de um paciente suspeito e resfriadas a 4ºC.

2) Os pesquisadores extraem o material genético da secreção e adicionam, sobre ele, os nucleotídeos que identificam a presença ou não do coronavírus.

2) Três horas depois, o teste fica pronto.

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