Paracetamol: o que é, para que serve e como tomar
Medicamento está na mira do governo Trump, que pretende investigar se haveria relação entre o analgésico e casos de autismo
O paracetamol é um dos medicamentos mais utilizados no mundo para alívio da dor e controle da febre. Ele é o princípio ativo do Tylenol, medicamento de referência, mas também pode ser encontrado como genérico.
O remédio está na mira do governo de Donald Trump, que deve anunciar novos esforços para investigar se haveria relação entre o medicamento e casos de autismo. O posicionamento do presidente americano gerou alerta entre muitos pesquisadores, que ressaltaram que conduzir pesquisas desse tipo exige um processo longo.
A seguir, entenda como o medicamento funciona, para quem é indicado, quais os efeitos esperados, os cuidados que seu uso exige e se há pesquisas associando seu uso ao transtorno do espectro autista (TEA).
Para que serve?
Segundo a bula, o medicamento é indicado para a redução da febre e alívio temporário de dores leves a moderadas, tais como: dores associadas a resfriados comuns, dor de cabeça, dor no corpo, dor de dente, dor nas costas, dores musculares, dores leves associadas a artrites e cólicas menstruais.
Como age no corpo?
O paracetamol reduz a febre atuando no centro regulador da temperatura no sistema nervoso central e diminui a sensibilidade à dor.
O remédio começa a agir 15 a 30 minutos após a administração oral e seu efeito permanece por um período de 4 a 6 horas.
A absorção é mais rápida se o paciente estiver em jejum. Os alimentos podem afetar a velocidade da absorção, mas não a quantidade de medicamento absorvida.
Contraindicações
Conforme a bula, o uso é contraindicado para crianças menores de 12 anos e pessoas com alergia ao medicamento ou a qualquer componente da fórmula.
Pessoas com doenças hepáticas, alto consumo de álcool ou em uso de remédios que tenham ação no fígado também não devem usar o paracetamol, alerta Patrícia de Carvalho Mastroianni, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
"Os riscos relacionados ao paracetamol estão mais relacionados com a interação com outros medicamentos e com o seu processo de excreção porque, para ele ser eliminado, precisa ser conjugado com uma substância produzida pelo fígado. Então, para uma pessoa que tem hepatite ou que faz uso de álcool, ele é contraindicado, porque vai saturar o fígado", explica.
Também não é recomendado usar o remédio se estiver utilizando outro produto que já contenha paracetamol.
Quais os efeitos colaterais?
A bula indica as reações cutâneas graves, indicando que são raras e ocorrem em menos de 0,01% dos pacientes. Os sintomas podem incluir: vermelhidão na pele, bolhas e erupções cutâneas. Nesses casos, o paciente deve interromper o uso do medicamento e procurar ajuda médica imediatamente.
Além dessas reações, Patrícia menciona os efeitos hepáticos.
O remédio pode ser usado durante a gravidez?
A bula do paracetamol recomenda que mulheres grávidas ou amamentando consultem o médico antes de usar o medicamento, mas não apresenta uma clara contraindicação para esse grupo.
Patrícia afirma que o ideal é que gestantes não utilizem remédios, mas, dentre os ativos disponíveis, o paracetamol é considerado o analgésico mais seguro durante a gravidez.
Existem evidências que liguem o paracetamol ao autismo?
Alguns estudos associam o uso do medicamento durante a gravidez a um risco aumentado de problemas no neurodesenvolvimento da criança, entre eles o TEA. Porém os estudos não são conclusivos e não comprovam uma ação direta do paracetamol no surgimento das condições.
Patrícia lembra que correlação não significa causalidade, e destaca que mais estudos são necessários para demonstrar se há, de fato, essa relação. "No século passado, diziam que as pessoas que tinham mão amarela tinham maior predisposição a câncer de pulmão. Mas a mão amarelada estava relacionada à nicotina, e na verdade é a nicotina que tem correlação com câncer de pulmão", exemplifica.
"Hoje, ainda não é um fator para tomada de decisão, requer mais estudos para avaliar esse risco", diz a professora da Unesp.
Ela reforça que os demais remédios para analgesia e febre existentes no mercado têm efeitos colaterais já demonstrados para gestantes, por isso, não podendo evitar o uso do medicamento, o paracetamol segue indicado.