O que acontece com o corpo quando você para de comer açúcar?
Nos momentos iniciais da retirada do açúcar, o corpo pode reagir de forma intensa
O açúcar refinado está presente em grande parte dos alimentos industrializados e, muitas vezes, consumido em excesso no dia a dia. Mas o que realmente acontece no corpo quando ele é retirado da rotina alimentar? A nutricionista clínica funcional e especialista em nutrigenômica Vanessa Giglio explica os efeitos dessa mudança — que vão desde sintomas iniciais de abstinência até benefícios significativos para a saúde metabólica e estética.
Os primeiros dias: abstinência disfarçada
Nos momentos iniciais da retirada do açúcar, o corpo pode reagir de forma intensa. Segundo Giglio, é comum aparecerem sintomas semelhantes a uma abstinência:
Desejo exagerado por doces (craving);
Irritabilidade ou alterações de humor;
Dor de cabeça;
Fadiga e queda de energia temporária.
Esses sinais acontecem porque o organismo estava acostumado a receber picos rápidos de glicose no sangue, que de repente deixam de ocorrer.
Depois de alguns dias: o corpo se adapta
Com o passar do tempo, os benefícios começam a aparecer. Entre alguns dias e poucas semanas sem açúcar refinado, o corpo apresenta mudanças importantes:
Melhora da saciedade: como não há picos bruscos de glicose e insulina, a fome fica mais estável;
Energia equilibrada: o organismo aprende a usar melhor a gordura como combustível;
Controle de peso: a compulsão alimentar diminui e, junto com ela, o consumo de calorias vazias;
Pele mais saudável: a redução da glicação (processo que acelera o envelhecimento da pele) melhora a aparência cutânea;
Saúde metabólica: há melhora da sensibilidade à insulina, redução do risco de diabetes tipo 2, fígado gorduroso e inflamações;
Intestino mais equilibrado: "A redução de açúcar refinado favorece bactérias benéficas, reduzindo inchaço e desconforto", diz a nutricionista.
Cortar açúcar é perigoso?
De acordo com Vanessa Giglio, eliminar o açúcar adicionado - aquele presente em refrigerantes, doces, biscoitos e ultraprocessados - não oferece riscos à saúde. O corpo não precisa dele para funcionar, já que pode obter glicose de frutas, legumes, raízes e até produzi-la internamente por meio da gliconeogênese.
O alerta da especialista é apenas para não confundir corte de açúcar com eliminação total de carboidratos. “Carboidratos de qualidade, como frutas, batata, arroz integral e aveia, são importantes e devem permanecer na dieta, especialmente para crianças, gestantes, atletas e pacientes com necessidades específicas”, afirma.