Mulher viraliza ao mostrar bebê chutando DIU. É comum engravidar com o contraceptivo?
Uma mãe compartilhou o exame do ultrassom que mostra seu bebê chutando o DIU viralizou nas redes sociais. Letizia Bustos, de 27 anos, moradora de Ribeirão Preto (SP), usava o método há quatro anos para evitar a gravidez e a durabilidade dele é de 10 anos.
"O vídeo foi postado com o intuito de mostrar -com bom humor- a surpresa que tivemos, mas lembrem-se que o ideal é combinar mais de um método contraceptivo e utilizar preservativo para prevenir ISTs. Quando estes casos viralizam, aparecem muitos “especialistas” no assunto", escreveu ela em suas redes sociais.
De acordo com a literatura médica, os dispositivos intrauterinos (DIUs) são métodos contraceptivos altamente eficazes. O DIU de cobre apresenta uma taxa de falha de aproximadamente 0,8% no primeiro ano de uso, enquanto o DIU hormonal (que libera levonorgestrel) tem uma taxa de falha de cerca de 0,2% no mesmo período. Esses índices de eficácia são comparáveis aos de métodos definitivos, como a esterilização feminina, que possui uma taxa de falha de 0,5% no primeiro ano.
"É importante destacar que as chances de engravidar utilizando DIU são muito baixas e nenhuma forma de contracepção é 100% eficaz. Fatores como o deslocamento ou a expulsão do dispositivo podem influenciar na sua eficácia", diz Dra. Karina Tafner, Ginecologista e Obstetra especialista em Reprodução Humana.
Segundo a médica, tanto o DIU de cobre quanto o hormonal podem se deslocar dentro do útero. "Essa condição pode reduzir ou eliminar a eficácia contraceptiva do dispositivo, aumentando o risco de gravidez indesejada", explica.
Ana Cristina Souza, ginecologista especialista em reprodução humana, diz que o DIU de cobre tem ação mecânica. "Ele torna o útero um lugar inóspito, através da liberação do cobre, que irá causar uma ação inflamatória, além de ser espermicida. Logo, caso o DIU esteja baixo, tocando o colo do útero, a sua eficácia diminui, aumentando chances de gravidez. Por isso a importância de avaliações seriadas para conferir o seu posicionamento no útero", orienta.
Tipos de Deslocamento:
Expulsão: O DIU pode ser parcialmente ou totalmente expulso do útero, especialmente nos primeiros meses após a inserção. Fatores como idade jovem, nuliparidade (não ter tido filhos) e inserção pós-parto ou pós-aborto aumentam o risco de expulsão. Estudos indicam que a taxa de expulsão varia entre 2,2% e 11,4% nos primeiros 10 anos de uso.
Migração: Embora rara, a migração do DIU pode ocorrer quando o dispositivo perfura a parede uterina e se desloca para a cavidade pélvica ou abdominal. A incidência de perfuração uterina é estimada em aproximadamente 1 a cada 1.000 inserções. Fatores de risco incluem inserção durante a lactação e inserção pós-parto
Sinais de expulsão: Sintomas como dor abdominal, sangramento anormal, sensação de que o DIU está fora do lugar ou incapacidade de sentir os fios do DIU podem indicar deslocamento ou expulsão. Nesses casos, é essencial consultar um profissional de saúde para avaliação.
"Se o DIU for expulso parcial ou totalmente, sua eficácia contraceptiva é comprometida, aumentando o risco de gravidez indesejada. Embora ele reduza o risco absoluto de gravidez ectópica, se ocorrer uma gravidez com o DIU deslocado, há uma probabilidade aumentada de que seja ectópica, o que representa um risco significativo para a saúde", diz a profissional.
A gravidez ectópica ocorre quando um óvulo fertilizado se implanta fora do útero, como nas trompas de Falópio, ovários ou colo do útero. Isso é considerado uma emergência médica que deve ser tratada rapidamente.
Riscos de engravidar com o DIU
A ocorrência de uma gestação enquanto se utiliza um DIU é rara, mas requer atenção médica imediata devido aos riscos potenciais tanto para a gestante quanto para o feto.
Segundo a literatura médica, a remoção do DIU é geralmente recomendada quando uma gravidez é confirmada, mas cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando fatores como a posição do DIU e o histórico clínico da paciente.
"A retirada do dispositivo reduz significativamente os riscos de complicações, como aborto espontâneo, infecção e parto prematuro", diz a Dra Karina.
"A retirada do DIU durante a gestação é recomendada de acordo com a sua localização. Se estiver no colo do útero, longe do saco gestacional, pode ser removido. Caso esteja próximo ao bebê, o ideal é não retirar", conta a dra Ana Cristina.
No caso de Letizia, o médico optou por não tirar e ela segue algumas orientações especiais como não carregar peso e não praticar atividades físicas pesadas.
"Quando é possível, retiram. No meu caso não teve como, pois estava muito perto do bebê. Vai sair só quando nascer", explicou.
Riscos Associados à Manutenção do DIU Durante a Gestação:
Aborto Espontâneo: A presença contínua do DIU aumenta o risco de aborto espontâneo.
Infecção: Há um aumento no risco de infecções intrauterinas, que podem comprometer a saúde materna e fetal.
Parto Prematuro: A manutenção do DIU está associada a uma maior incidência de partos prematuros.