Mamografia: especialistas dão dicas para a hora do exame
Pressão sobre a mama para a captação das imagens pode gerar dor, mas há algumas formas de reduzir o desconforto
A mamografia é a principal ferramenta de rastreio do câncer de mama, o tipo de tumor mais comum entre mulheres e a principal causa de morte por câncer nessa população.
Ainda assim, ela enfrenta resistência. Desconforto, dor e a ansiedade com o resultado podem afastar as pacientes do exame. Mas algumas dicas podem facilitar a realização do teste.
Por que pode doer?
De acordo com Fabiana Makdissi, líder do Centro de Referência de Tumores da Mama do A.C. Camargo Cancer Center, a dor acontece porque, no exame, a máquina exerce pressão sobre a mama.
"Essa pressão é necessária para que a mama fique mais fina e o raio-x consiga atravessar e 'enxergar' melhor. É como se tivesse uma camada muito grossa e você precisasse ver através dela: você aperta e afina essa camada para ter uma menor densidade e conseguir ver", explica.
Mamografia 3D também pressiona a mama?
Sim. "O equipamento, qualquer que seja, precisa pressionar a mama. As mulheres têm uma falsa impressão de que a mamografia digital, a tradicional, pressiona e a mamografia 3D, a tomossíntese, não pressiona. Não é assim. Todas elas funcionam através da pressão para reduzir a espessura da mama para conseguirem enxergar através dela", pontua Fabiana.
O que acontece é que os mamógrafos mais modernos têm formatos mais anatômicos, o que pode diminuir o desconforto.
"A bandeja de compressão onde a mama é depositada é levemente abaulada, com os cantos arredondados, e a pá de compressão é de um acrílico sem bordas retas, também arredondadas. Além disso, o encosto da face, o face shield, tem um formato mais anatômico para a paciente descansar o rosto", detalha Thiago Buosi, gerente do Centro de Treinamento em Radiodiagnóstico do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
Outro ponto que pode contribuir para a experiência na sala do exame é o atendimento humanizado.
Próteses de silicone podem influenciar?
Sim. Segundo Fabiana, próteses de silicone podem mudar um pouco o processo de realização do exame, pois é preciso fazer ajustes na captação das imagens.
"Você vai ter que fazer uma incidência que pega toda a mama e uma segunda em que você empurra a prótese para ver só a parte do tecido da mama", diz. Essa técnica de empurrar a prótese é chamada de manobra de Eklund.
Atenção ao período menstrual
Para diminuir o desconforto, uma dica é ficar de olho no período menstrual. De acordo com Buosi, a mama fica mais sensível nos dias que antecedem a menstruação.
Por isso, sempre que possível, o exame deve ser realizado fora desse período. De preferência, ele deve ocorrer na primeira fase do ciclo, logo após a menstruação. "Existe uma falsa concepção de que as mulheres não podem fazer a mamografia menstruadas, mas isso é mentira. O que deve ser evitado é o período pré-menstrual por conta dos hormônios que causam uma maior sensibilização", destaca Buosi.
Para mulheres que já passaram pela menopausa, Fabiana recomenda priorizar dias em que a paciente não esteja se sentindo "inchada". "(É indicada) a escolha de alimentos mais leves para que ela esteja com o intestino funcionando."
Distrações
Segundo Buosi, prestar atenção a elementos da sala que não o mamógrafo, como televisores e a decoração do ambiente, pode ajudar a tirar o foco do desconforto.
Medo do resultado
Outro ponto importante é o medo do resultado. Segundo Fabiana, o temor pode influenciar até mesmo a dor na hora da realização da mamografia.
"É importante que as pacientes entendam a relevância do exame e que se algo existir na mama, mesmo que pequenininho e sem dar sintomas, ainda assim há necessidade de ser tratado", enfatiza a médica.
"Fazendo o exame de mamografia, a mulher é capaz de identificar, tratar e curar o que for detectado", frisa.
Fabiana ressalta a importância de a paciente entender que, mesmo em caso de detecção de um tumor, ela "não caminhará sozinha".
Quando fazer a mamografia?
No Sistema Único de Saúde (SUS), todas as mulheres de 50 a 74 anos devem fazer o teste a cada dois anos, mesmo que não apresentem nenhum sinal ou sintoma da doença.
Mulheres entre 40 e 49 anos também devem ter o acesso à mamografia garantido na rede pública, mesmo na ausência de sinais ou sintomas de câncer, mas sem periodicidade pré-definida. Nesses casos, deve haver interesse da paciente e indicação do profissional de saúde.
Além disso, o exame deve ser assegurado a pacientes em qualquer faixa etária que apresentem sinais ou sintomas sugestivos de câncer de mama.
Segundo o Ministério da Saúde, só em 2022, o País registrou 19 mil mortes por câncer de mama. Naquele ano, foram contabilizados 37.096 novos casos da doença, a maioria entre mulheres de 50 a 59 anos (26,2%), 40 a 49 anos (22,6%) e 60 a 69 anos (22,3%), mas também em pacientes acima dos 75 anos (10,1%) e entre 30 e 39 anos (8,6%).