Maíra Cardi afirma que tem muito leite por beber 3L de água por dia; especialista diz se é verdade
Mãe da pequena Eloah, que nasceu dia 26 de outubro, Maíra Cardi afirmou em seu instagram que sua alta produção de leite se deve ao consumo de cerca de três litros de água por dia. A influenciadora, que já passou por cirurgia plástica nas mamas antes da gestação, disse que mesmo após ter “cortado os ductos” durante o procedimento, consegue produzir leite “em abundância” por estar leve, tranquila emocionalmente e por beber 3 litros de água diariamente.
“Eu coloquei 400 ml de silicone e diminuí a aréola, cortei mais da metade. Tirei todos os dutos, então eu tinha certeza de que não ia dar. Fui para a maternidade e mandei fazer a fórmula da bebê. Ainda assim, quis tentar. Se desse, deu. Se não, tudo bem. Acho que esse meu desencanar ajudou muito. O que eu faço é tomar muita água pelo menos 3 litros por dia, porque o que faz leite é água”, disse Maíra em vídeo publicado nas redes sociais.
Alessandra Paula, fisioterapeuta, especialista em pós-parto e aleitamento humano e idealizadora da Clínica CRIA, reduzir a amamentação a uma questão de hidratação é perigoso e pode causar frustração em mães que enfrentam dificuldades reais.
“Baixa produção de leite não é algo que se resolve bebendo três litros de água e ficando zen”, explica.
“A hidratação é importante, claro, uma mãe desidratada pode ter prejuízo na produção, mas dizer que ‘água faz leite’ é simplificar demais um processo que é hormonal, mecânico e emocional.”
A especialista esclarece que a produção de leite depende principalmente de estímulo, ou seja, do esvaziamento frequente das mamas, da pega correta, do descanso e do equilíbrio hormonal.
“O corpo entende que precisa produzir mais leite a partir do estímulo da mamada. É a sucção do bebê que manda o sinal para o cérebro liberar hormônios e produzir mais leite. A água ajuda o corpo a funcionar bem, mas não é o que determina a quantidade de leite”, explica.
Outro ponto levantado pela especialista é o impacto de cirurgias mamárias sobre a amamentação. “Mamoplastia redutora e mastopexia são fatores de risco para a amamentação porque podem remover tecido glandular, cortar ductos e afetar nervos ligados ao reflexo de ejeção do leite. Quando uma mulher amamenta após uma cirurgia, significa que a técnica preservou essas estruturas e não que o emocional reconstruiu o que foi retirado.”
Alessandra diz que nem toda cirurgia impede a amamentação. "Mas casos assim exigem acompanhamento profissional”, reforça. Ela lembra ainda que relatos pessoais, mesmo bem-intencionados, não substituem a orientação técnica.
“Influenciadores têm direito de compartilhar suas experiências, mas é importante lembrar que experiência individual não é evidência científica. Quando uma mãe não consegue amamentar exclusivamente depois de uma cirurgia, o nome disso não é falta de vontade é consequência anatômica e fisiológica.”
Para a especialista, o aleitamento deve ser tratado como um processo complexo e individual. “Produção de leite é resultado de um corpo que responde, um bebê que mama bem e uma mãe que recebe suporte adequado”, conclui.