Dia Mundial do AVC: mulheres estão mais vulneráveis à doença, alerta neurocirurgião
Fatores hormonais e uso de anticoncepcionais elevam o risco de acidente vascular cerebral entre mulheres, segundo especialista
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no mundo — e afeta mais mulheres do que homens. De acordo com a American Stroke Association, o AVC é a terceira maior causa de morte entre elas e representa uma em cada cinco ocorrências ao longo da vida. As mulheres também têm maior predisposição à pressão alta, uma das principais responsáveis por doenças cardiovasculares e derrames.
"As mulheres, de modo geral, devem estar atentas à sua saúde em todas as fases da vida, pois mudanças como gravidez, uso de anticoncepcionais e menopausa podem afetar o sistema cardiovascular", explica o neurocirurgião Dr. Orlando Maia, do Hospital Quali Ipanema, no Rio de Janeiro.
E, como em outubro ocorre o Dia Mundial do AVC, no dia 29, veja a seguir mais sobre ele:
Anticoncepcionais e hormônios: uma combinação que exige cuidado
O especialista alerta que o uso de pílulas anticoncepcionais deve sempre ser orientado por um médico, já que os hormônios presentes nesses medicamentos podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, especialmente em mulheres fumantes, com enxaqueca ou hipertensão arterial.
"Algumas pílulas anticoncepcionais combinadas — que contêm estrogénio e progesterona — podem aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC), principalmente em mulheres com outros fatores de risco", ressalta o médico.
Ao longo da vida, os níveis de estrogénio variam naturalmente. Esse hormônio tem papel importante na manutenção da flexibilidade dos vasos sanguíneos. No entanto, quando há acúmulo de gordura ou formação de coágulos nas artérias que irrigam o cérebro ou o coração, podem ocorrer derrames ou ataques cardíacos.
O que é o AVC e como ele ocorre
O AVC acontece quando há uma interrupção no fluxo de sangue para o cérebro, levando à morte das células nervosas na área afetada. Existem dois tipos principais:
- AVC isquêmico: causado pelo entupimento de um vaso sanguíneo devido à presença de um coágulo ou placa de gordura;
- AVC hemorrágico: provocado pela ruptura de um vaso no cérebro.
"O AVC isquêmico é o mais comum, correspondendo a cerca de 80% dos casos, enquanto os hemorrágicos representam aproximadamente 20%", explica o Dr. Maia.
Fatores de risco e impacto social
Segundo o neurocirurgião, questões socioeconômicas têm grande influência na incidência da doença. "Quanto menor o investimento e o cuidado com a saúde preventiva, maior a probabilidade de desenvolver diabetes, hipertensão e dislipidemia, que são fatores de risco diretos para o AVC", destaca.
Outros elementos que podem aumentar a probabilidade de um derrame incluem:
- envelhecimento (embora o AVC possa ocorrer em qualquer idade);
- predisposição genética (com maior incidência entre pessoas negras);
- histórico familiar de doenças cardiovasculares.
"Esses indivíduos que fazem parte do grupo de risco devem estar atentos aos sinais e realizar avaliações médicas periódicas, mantendo uma alimentação saudável e a prática regular de atividades físicas", orienta o médico.
Ele acrescenta que o risco cresce com o passar dos anos, devido às obstruções circulatórias. "E, em relação ao gênero, as mulheres apresentam um risco um pouco maior que os homens, por conta de questões hormonais e da formação de coágulos", reforça.
Principais sinais de alerta
Reconhecer os sintomas é essencial para buscar ajuda médica imediata. Os sinais mais comuns de um AVC incluem:
- Confusão mental
- Alteração da fala e da compreensão
- Alteração na visão
- Dor de cabeça súbita, sem causa aparente
- Tontura e perda de equilíbrio
- Fraqueza ou formigamento no rosto, braço ou perna
