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De causa desconhecida, hemangioma é comum em crianças

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Simone Sartori
Direto de São Paulo

De causa ainda desconhecida pela medicina, hemangioma é uma lesão vascular - ou tumor vascular benigno - que se manifesta após o nascimento e pode ter crescimento acelerado após o surgimento e regressão espontânea ao longo dos primeiros anos de vida da criança. De acordo com a Associação Brasileira de Pessoas com Hemangioma e Linfangiomas (Abraphel), pesquisas indicam que 60% dos hemangiomas surgem nas regiões da cabeça e pescoço e podem ser classificados, principalmente, como hemangioma plano e tumoral.

Segundo estudos médicos, a incidência do hemangioma infantil é de 2,5% a 5% em recém-nascidos e é mais comum em bebês do sexo feminino. No entanto, não é descartada a manifestação em bebês do sexo masculino. Entre os casos mais conhecidos, está o do ex-líder russo Mikhail Gorbachev. Ele tem um hemangioma plano na cabeça que virou sua marca registrada.

No caso do hemangioma plano, as manchas vermelhas ou de cor vinho (ou "vinhosas") são localizadas na pele e mucosas. Se essas lesões, que podem ser superficiais ou profundas, não desaparecem no nascimento ou nos primeiros anos de vida da criança, a tendência é que permaneçam ao longo da vida.

De acordo com o médico Dov Charles Goldenberg, cirurgião plástico e craniomaxilofacial dos Hospitais Albert Einstein, Samaritano e A.C. Camargo, em São Paulo, as malformações vasculares são congênitas. "São deformidades decorrentes do desenvolvimento anômalo de elementos do sistema vascular, ou seja, vasos capilares, artérias, veias ou vasos linfáticos. Em geral, o crescimento é progressivo ao longo da vida", afirma.

Uma das opções de tratamento do hemangioma plano é a aplicação de laser para amenizar a mancha. Além disso, há a opção de cirurgia para correção de "deformidades ocasionadas pela dilatação progressiva dos vasos capilares", de acordo com a Abraphel, única entidade sobre hemangiomas do País, com sede em São Paulo.

O cirurgião Dov Charles Goldenberg explica ainda que cada tipo de anomalia vascular tem seu tipo específico de tratamento. "Os tratamentos se dividem em tratamento clínico com medicamentos, tratamento cirúrgico, laser e tratamentos endovasculares", diz. Segundo o médico, não há complicações importantes, mas problemas locais ou sistêmicos podem necessitar de tratamento com medicamentos ou cirurgia.

Já o hemangioma tumoral se manifesta muito rápido, no primeiro mês de vida do bebê, e tende a diminuir a partir do primeiro ano de idade da criança. O acompanhamento e tratamento para o hemangioma tumoral é necessário para evitar complicações na primeira fase da infância. Esse tipo de hemangioma tem uma incidência de 70% dos tumores vasculares da infância e se concentram, principalmente, na região da cabeça.

O tratamento pode ser realizado com corticóides e betabloqueadores, que são utilizados para conter o crescimento dos tumores e ajudar na cicatrização dos possíveis ferimentos ou sangramentos que podem ocorrer devido à lesão. Também há a opção de cirurgia para a correção de deformidades nas pálpebras, nariz e lábio, além da aplicação de laser.

Linfangioma ou Malformação linfática

Recentemente, o termo linfangioma foi cientificamente abandonado. Essa malformação congênita do sistema linfático recebe agora a denominação de malformação linfática e é caracterizada pela presença de cistos linfáticos grandes ou pequenos. A regressão das lesões não ocorre espontaneamente e a incidência é de 5,6% entre os tumores benignos da infância. Também são mais frequentes na região da cabeça (58% dos casos). A evolução dessa anomalia varia de acordo com o crescimento da criança, mas há o risco de um crescimento abrupto ocasionado por traumas, infecções e outras alterações no organismo.

O tratamento para os linfangiomas inclui terapias para desobstrução e desaparecimento do cisto linfático, favorecendo assim a retomada do fluxo normal. A cirurgia só passa a ser uma opção quando os médicos detectam a possibilidade de remoção total sem complicações para o fluxo linfático e outras sequelas relacionadas.

Estudos médicos apontam que a maioria dos hemangiomas infantis têm regressão completa e sem complicações. Porém, alguns deles precisam de indicação terapêutica devido à localização e dimensões do tumor. "As malformações vasculares podem surgir na infância e perdurar por toda a vida. Incluem-se as malformações capilares, venosas, arteriais e linfáticas, erroneamente chamadas de hemangiomas também. Daí a grande confusão que surge para os pais e muitos médicos", explica o cirurgião Dov Charles Goldenberg.

Vida normal

Segundo Goldenberg, anomalias vasculares podem ser consideradas como um conjunto de diversas doenças, com "comportamento clínico e tratamento diferenciados". Ele afirma que não é possível prevenir malformações vasculares ou linfáticas, porém, destaca a importância do diagnóstico precoce. "É importante para minimizar problemas e eventualmente indicar o tratamento".

As pessoas que apresentam as malformações podem levar uma vida normal, garante Goldenberg. "Uma atenção maior deve ser dada aos casos que acometem localizações especiais, como a face ou que aqueles que têm crescimento rápido, episódios de sangramento, dor, ulceração, infecção", diz. Para ele, o maior desafio dos pacientes e familiares é lidar com a "sensação de culpa dos pais e problemas com autoimagem".

Campanha de mapeamento

No último fim de semana, o cirurgião Dov Goldenberg, que também é responsável pelos Grupos de Anomalias Vasculares e de Urgências em Cirurgia Crâniomaxilofacial da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), comandou um workshop direcionado a médicos e profissionais da rede pública de saúde. O objetivo do evento, realizado em parceria com a Associação Brasileira de Pessoas com Hemangioma e Linfangioma (Abraphel), foi divulgar informações atuais sobre diagnóstico e tratamentos clínico e cirúrgico dos hemangiomas e demais malformações vasculares.

No domingo (15), Dia Mundial do Hemangioma, a Abraphel também promoveu em São Paulo um encontro com a realização de debates direcionados a pacientes e familiares. A data marcou o lançamento de uma campanha de mapeamento das pessoas com hemangioma e linfangioma no Brasil visando suprir a falta de dados oficiais sobre a incidência das malformações vasculares no País. Os dados podem ser informados através do preenchimento de um cadastro disponível no site da entidade (http://www.abraphel. org.br/).

Mikhail Gorbachev tem um hemangioma plano na cabeça que virou sua marca registrada.
Mikhail Gorbachev tem um hemangioma plano na cabeça que virou sua marca registrada.
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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