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Covid-19: O que sabemos sobre a variante Kraken, a XBB.1.5, que se espalha rapidamente nos EUA

OMS acendeu alerta para a cepa, que já foi identificada em mais de 25 países; nova versão do vírus deriva da Ômicron

5 jan 2023 - 09h50
(atualizado às 12h14)
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Vacina contra a covid-19 nos EUA
Vacina contra a covid-19 nos EUA
Foto: Reuters

A nova subvariante da Ômicron, a XBB.1.5, está se expandindo pelos Estados Unidos e já representa cerca de 40% dos casos de covid-19 no país, ante 20% na semana passada. Em regiões como Nova York, já é responsável por 75% das infecções. Os Centros de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) alertam que a subvariante "pode ser mais transmissível do que outras variantes", mas ainda não sabem se ela tem efeitos "mais graves".

Especialistas americanos apontam também que a XBB.1.5 pode ser mais difícil de neutralizar por anticorpos. Com todas essas características, ela ganhou o apelido de Kraken (monstro marinho da mitologia escandinava).

Os hospitais dos EUA têm registrado um aumento nas internações no último mês no país, embora a área noroeste do país, que tem altos números para essa subvariante, não tenha visto elevação desproporcional nas internações em comparação com outras regiões.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu na quarta-feira, 4, sobre o aumento de casos da XBB.1.5 na Europa e nos Estados Unidos. "A XBB.1.5, uma recombinação das sublinhagens BA.2, está aumentando na Europa e nos Estados Unidos, foi identificada em mais de 25 países e a OMS está monitorando de perto", disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Professor da Universidade Feevale, o virologista Fernando Spilki disse ao Estadão que a variante "mãe" da XBB.1.5, a XBB, surgiu muito provavelmente na Ásia, onde causou recrudescimento de casos no outono. Ela tem, diz ele, uma mutação que proporciona maior escape imune tanto da vacina quanto de infecções anteriores. No entanto, avalia que a expansão dos casos nos EUA tem também um componente social, com festas de final de ano e o comportamento no inverno (de as pessoas se reunirem em locais fechados).

"Vamos avaliar o risco da subvariante e agir em conformidade", acrescentou Tedros Adhanom, da OMS. Ele também alertou que nas últimas semanas houve aumento das internações e da pressão hospitalar no Hemisfério Norte, não apenas por causa da covid-19, mas também por outras doenças respiratórias, incluindo a gripe.

O aumento de casos, no entanto, é significativamente menor do que há um ano, no início do avanço da Ômicron "original", quando quase 25 milhões de diagnósticos positivos semanais foram registrados globalmente, sete vezes mais do que os níveis atuais (embora agora menos testes estão sendo realizados devido à predominância de casos leves).

O surgimento da Kraken coincide com o relaxamento da política de "covid zero" na China, o que tem feito a quantidade de infecções explodir no país asiático. A escalada de casos é explicada pelo baixo contato prévio dos chineses com a doença, as lacunas na cobertura das doses de reforço e ainda a não aplicação de vacinas de outras tecnologias, como a de RNA, presente nos produtos das farmacêuticas Pfizer e Moderna.

Especialistas afirmam, porém, que há grande subnotificação de casos na China, o que dificulta saber com clareza o ritmo de avanço da doença.

Kraken deve chegar ao Brasil e pode causar nova onda, dizem cientistas

Fernando Spilki destaca que é "quase impossível" que a nova subvariante não chegue ao País. "A gente já teve a circulação de XBB, e vamos encontrar esse esse processo mais adiante. Os efeitos são o que mais nos importa", diz.

Coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt comenta que o Brasil não tem feito nada que impeça a variante de chegar no País. Ele pondera que ela pode sim causar uma nova onda de casos, mas não há clareza sobre as dimensões que pode tomar. Nos EUA, conta, desde a chegada da Kraken, o número de internações em UTI por covid dobraram e os óbitos estão em curva ascendente, mas os casos não parecem crescer na mesma medida. "É um sinal de que as pessoas não estão se testando".

Pelo histórico da covid no País, Spilki comenta que uma nova onda no Brasil já estava no horizonte, mesmo sem o surgimento da XBB.1.5. Ele comenta que, em geral, após as festas de fim de ano, no período de verão e de retomada de atividades em fevereiro até o fim de março, ocorre um dos principais volume de casos do ano. "A XBB, em especial a XXB.1.5, pode influenciar (essa nova onda), especialmente se ela conseguir se disseminar bem em populações nas quais previamente circulavam linhagens anteriores, especialmente a BQ.1 (que causou onda de casos no Brasil em novembro)."

Frente a isso, os especialistas orientam que pessoas busquem tomar doses de reforço, além de recomendarem o uso de máscara em locais fechados e de aglomeração. Eles avaliam que é preciso avançar com a aplicação de injeções atualizadas (as bivalentes) e que grupos de risco (idosos e indivíduos com comorbidade) precisam redobrar atenção. /Com agências

Estadão
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