Comissão do Parlasur prepara protocolo contra zika, dengue e chicungunha
A Comissão de Saúde do Parlamento do Mercosul (Parlasur), organismo que nesta segunda-feira realiza uma sessão ordinária em Montevidéu, está preparando um protocolo regional para combater a propagação de algumas doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, como a zika, dengue e chicungunha.
O presidente da comissão, o brasileiro Wherles Rocha, explicou à Agência Efe que o objetivo principal deste protocolo é conjugar "os aspectos técnicos e políticos para buscar soluções para a epidemia de doenças relacionadas com o Aedes aegypti".
O documento, baseado em relatórios técnicos argentinos, que apresenta especialistas de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) -organismo vinculado ao Ministério da Saúde brasileiro- e aspectos recolhidos na reunião de ministros de Saúde do Mercosul de fevereiro, tem que ser aprovado na comissão para poder ser apresentado e debatido na sessão do Parlasur.
"Temos uma situação claramente regional (...), precisamos dar um impulso político para que não só as estruturas de saúde, mas o conjunto do Estado, possa responder da maneira adequada a este desafio", garantiu à Agência Efe o presidente do Parlasur, o argentino Jorge Taiana.
Um dos pontos que serão tratados quanto a este protocolo de atuação é a possibilidade de que em sua aplicação sejam utilizados recursos do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) para "combater o Aedes aegypti nas regiões de fronteira", afirmou Rocha.
Sobre as possibilidades do documento ser aprovado, Taiana ressaltou que "a vontade política está e há consenso grande sobre a importância" do mesmo, mas apontou que dependerá mais de "questões técnicas".
Alguns aspectos recolhidos na minuta do protocolo regional, distribuído aos parlamentares do Mercosul em uma sessão prévia à reunião da Comissão de Saúde para apresentar alguns detalhes do mesmo, são o fortalecimento dos sistemas de vigilância epidemiológica e os procedimentos em diferentes casos.
Entres os alvos do documento estão a capacitação dos serviços de saúde e o fortalecimento da vigilância em entradas terrestres, marítimas e aéreas.
"Está clara a preocupação dos diferentes países sobre o tema do Aedes aegypti, embora na realidade nos mesmos a presença seja variável", disse Taiana.
"Na Argentina o mais grave é a dengue, até agora não há casos de zika, e no Brasil, por outro lado, a preocupação é o zika e as comprovações que estão sendo feitas na relação entre o zika e (a síndrome de) Guillain-Barré e microcefalia, o que dá uma dimensão ainda mais dramática", acrescentou.
O Uruguai, que até 13 de fevereiro estava livre de dengue autóctone, registra atualmente 23 casos deste tipo e espera-se que aumente o número entre este mês e o próximo, segundo disse o ministro da Saúde uruguaio, Jorge Basso, no início de março.
O parlamento do Mercosul -bloco integrado pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela- não tem competência legislativa, por isso que, caso finalmente seja aprovado na Comissão de Saúde e votado afirmativamente o protocolo regional na sessão ordinária de hoje, seu caráter será o de uma recomendação para o bloco.
O Uruguai tem a presidência temporária do Mercosul durante o primeiro semestre de 2016 e na sessão plenária de hoje participará o chanceler do país, Rodolfo Nin Novoa, que apresentará os planos para esse período.
Taiana também falou sobre o conteúdo da reunião e estimou que alguns dos pontos que serão tratados serão as distintas situações políticas que estão ocorrendo em vários países que integram o bloco, como no Brasil, Argentina e Venezuela.