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Caixa de máscara sobe de R$ 4,50 para R$ 140, denunciam hospitais

Profissionais da saúde enfrentam dificuldade para encontrar produtos; Procon-SP notifica plataformas de vendas

18 mar 2020 - 18h02
(atualizado às 18h14)
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A Federação e o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo enviaram ofício ao Ministério da Saúde denunciando aumento abusivo de preços de materiais e medicamentos de uso dos serviços de saúde relacionados ao coronavírus. Produtos como a máscara tripla com elástico tiveram o preço da caixa com 50 unidades aumentado de R$ 4,50 em janeiro para R$ 35 no começo de março e R$ 140 na última terça-feira. Há ainda falta dos produtos. Diante do cenário, o Procon-SP notificou nesta quarta-feira, 18, plataformas de vendas online para coibir valores abusivos.

Governo recomenda higienização frequente das mãos para evitar avanço do vírus
Governo recomenda higienização frequente das mãos para evitar avanço do vírus
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

As entidades somam 55 mil serviços privados de saúde no Estado, responsáveis por 60% da assistência à saúde, como afirmam em nota. Segundo o levantamento, estão em falta crônica álcool gel a 70%, máscaras e vários medicamentos, inclusive muitos não relacionados ao coronavírus. O problema atinge principalmente serviços de saúde de pequeno e médio porte.

O sumiço levou o preço da luva descartável de procedimento (200 pares) a subir de R$ 14,70 em fevereiro para R$ 22 agora. Já o álcool gel 800 ml passou de R$ 18,90 em janeiro para R$ 22,76, mas não há previsão de entrega. Uma ampola de Omeprazol de 40 mg custava R$ 5,72 a unidade no começo de março e passou para R$ 15,20, mas está em falta no mercado. O Berotec, medicamento usado para inalação, custava R$ 2,45 há duas semanas e subiu para R$ 13,25. O cateter 22 usado para aplicação de soro passou de R$ 0,65 para R$ 2,46, mas continua em falta.

Conforme o presidente da Federação, o médico Yussif Ali Mere Jr., é necessário evitar que esses abusos prejudiquem o atendimento de qualidade à população. "Precisamos que as autoridades de saúde fiscalizem o que está ocorrendo e deem solução emergencial", alertou. As duas entidades encaminharam a denúncia ao Ministério Público de São Paulo ao Ministério da Economia.

Desde a última quinta-feira, a equipe de trabalho da recepcionista hospitalar, Priscila Oliveira, de 27 anos, foi orientada a usar máscara e usar o álcool em gel, justamente por ficarem em contato direto com os pacientes que passam pelo pronto atendimento. "A unidade de saúde nos cedeu uma quantia para que todos pudéssemos usar e se proteger de um eventual contágio, porém como trabalho em uma terceirizada, quem deve prover o equipamento de segurança é esta empresa, mas está praticamente impossível conseguir comprar mais unidades de máscara, pois as pessoas que não são do grupo de risco compraram quase todo o estoque das farmácias".

Priscila demonstra preocupação. "Nossa receio é de que a troca de máscaras deve ocorrer a cada 4 horas, mas por causa dessa alta demanda, as fábricas não estão dando conta de produzir mais".

"Desde a semana passada, não há máscaras no mercado dental, onde procuramos. Colegas me relataram, que quando encontraram, nos últimos dias, os preços eram abusivos. A maioria não usa a máscara N95, recomendada, usa a máscara cirúrgica normal, que também está em falta", afirmou Gustavo Gomes de Oliveira, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Odontologia.

Segundo Oliveira, há relatos de dentistas que tentaram comprar o produto e encontraram preços abusivos pela internet. Alguns locais, que antes vendiam por R$ 9,90 estavam vendendo por R$ 50 a mesma caixa com 50 unidades. "Em algumas plataformas virtuais, a caixa com as mesmas 50 máscaras cirúrgicas passou a custar R$ 200. Isso sem contar, a maioria dos locais que estão com produtos esgotados".

Mesmo antes da pandemia, a cirurgiã dentista Pâmela Cristina de Oliveira, de 29 anos, já tinha o hábito de estocar máscaras para pelo menos um ano. Recentemente, ela pesquisou os preços e ficou assustada. "A maioria dos meus fornecedores já não tem o produto disponível. Disseram ainda que as últimas caixas (com 50 unidades), que custavam R$ 15, chegaram com aumento de preços. O preço subiu para R$ 49", disse Pamela. Ela acrescenta que muitos estabelecimentos não dão previsão de chegada de novos artigos. "Muitas redes estão sem máscaras e sem previsão de chegar, mas já avisaram que o preço das últimas unidades já tinham subido".

O Procon-SP afirmou que irá notificar todas as plataformas de vendas online para que tirem de suas ofertas preços que sejam desproporcionais e abusivos para máscaras, álcool em gel, entre outros produtos utilizados como prevenção ao novo coronavírus.

"O preço médio será estabelecido por pesquisa efetuada pela Escola de Proteção e Defesa do Consumidor do Procon-SP, que será informado às plataformas. Aquelas que mantiverem a oferta de produtos muito acima do mercado serão multadas", afirmou, em nota, a entidade.

Como denunciar preços abusivos ao Procon

O consumidor que se deparar com algum valor de produto ou serviço relacionados ao coronavírus que considere abusivo pode fazer sua denúncia pela internet, aplicativo ou via redes sociais, marcando @proconsp, indicando o endereço ou site do estabelecimento.

Estadão
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