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Amamentação é prejudicada por publicidade errada de leites

9 mai 2016 - 12h17
(atualizado às 12h52)
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O número de países que contam com leis que protegem e promovem plenamente a lactação materna frente ao leite de fórmula ainda é reduzido, o que expõe as mães a informações equivocadas e tendenciosas por meio da publicidade, apontou um relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Unicef e da Rede Internacional de Grupos de Ação para a Alimentação Infantil divulgado nesta segunda-feira (9).

O relatório revelou que só 39 países (dos 194 analisados) integraram todas as normas internacionais sobre a comercialização de substitutos de leite materno.

Em um total de 135 países há disposições vigentes sobre a comercialização desses produtos, mas elas só cobrem parcialmente as práticas comerciais com as quais as empresas tentam convencer as mães dos benefícios do leite de fórmula - que não são cientificamente comprovados.

Como lembrou o relatório, o que está confirmado cientificamente é que o leite materno é o alimento ideal para as crianças por ser seguro, puro e conter os anticorpos que os ajudam a desenvolver proteção contra várias doenças.

Foto: FamVeld / iStock

"As crianças que são amamentadas obtêm melhores resultados em testes de inteligência e têm menos risco de serem obesos ou desenvolver diabetes", lembraram os especialistas. As mães também se beneficiam da lactação, já que ela diminui as possibilidades de câncer de mama ou de ovários.

Apesar de a informação sobre estes benefícios para a mãe e para o bebê serem comprovadas, duas em cada três recém-nascidos "não são alimentados exclusivamente com leite materno durante os seis meses recomendados", afirmou o estudo.

Esse dado mostra que a taxa de lactação exclusivamente materna no primeiro meio ano de vida não melhorou nas últimas décadas.

O diretor do Departamento de Nutrição para a Saúde da OMS, Francesco Branca, lamentou que os pais não estejam suficientemente protegidos pela lei das informações inexatas divulgadas pelas companhias que produzem o leite de fórmula.

"Isto pode distorcer o ponto de vista dos pais e afetar sua confiança na lactação de peito, o que acaba excluindo muitas crianças de seus vários benefícios", disse o especialista. Esta é, antes de tudo, uma batalha comercial, admitiu o responsável de nutrição do Unicef, Werner Schultink.

O mercado de substitutos de leite materno está em plena expansão, com vendas anuais mundiais que chegam a US$ 45 bilhões, e a projeção é que alcance os US$ 70 bilhões em 2019.

"A batalha para aumentar a taxa de lactação materna exclusiva será dura, mas valerá a pena. Práticas comerciais astutas que deformam os fatos deveriam ser proibidas, porque o leite materno não é igual (ao de fórmula)", ressaltou.

Apesar desta evidência, os pais e os recém-nascidos estão só parcialmente protegidos, e entre os países onde não há nenhuma lei sobre as práticas comerciais dos substitutos de leite materno, pouco mais da metade proíbe sua publicidade e promoção de maneira eficaz.

Menos da metade desses países proibiu o fornecimento de substitutos de leite materno de forma gratuita ou a preços reduzidos a estabelecimentos de saúde.

A Europa e a América, conforme a delimitação estabelecida pela OMS, estão entre as mais atrasadas na adoção de legislações completas na matéria, com três de 53 países na Europa e oito entre 35 na América.

EFE   
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